E por medo de nunca mais tornar a ve-la
deixei que a onda voltasse ao mar
sem tocar meus pes.
Deixei-a partir sem nada dizer,
na esperanca de que ela demorasse ali
ainda um pouco mais.
Senti o impeto de correr em direcao a ela
e nela refrescar meu corpo que ardia sob o sol, mas nada fiz.
Permaneci imovel, estatica, vendo-a partir como
se fugisse de mim.
E quando meus olhos ja nao mais puderam
distingui-la na imensidao do mar, convenci-me de que ela havia ido embora.
E entao chorei.
Chorei porque estava so uma vez mais.
Chorei por que aquela, um dia, fora capaz de
fazer-me compreender o sentido real da existencia do mar.
Chorei por que a mare levara consigo a companheira das minhas horas de solidao.
Porem chorar nada adiantou, a nao ser para fazer crescer em mim a certeza de que um dia foramos a essencia do poema escrito por um sentimento invisivel ao olhos da compreensao humana.
Entao ergui minha cabeca, e deixei que o calor da brisa secasse minhas lagrimas.
E assim tomei meu rumo e puz me a andar a beira da praia, acreditando que em algum momento de minha longa caminhada o mar pudesse trazer-me de volta aquela que um dia deixara em meu peito um sabor de saudade...