E se, um beeeeeelo dia, um dos meus textos me acaba aparecendo em "destaque"? O que é que eu vou dizer lá em casa? Será que vou pedir ajuda aos universitários? Uau, como vou poder seguir encarando de frente a esquerda usineira? E se, com essa história de patrocínio, eu acabar enchendo o cu de dinheiro?
Perdoem-me as cruas palavras, mas o momento é grave e já não está a admitir papas na língua. Viva o "plumpes Denken". Acho que, falando desse jeito, vou acabar sendo entendido até pelo mais cegueta dos poetas deslumbrados, até pelo mais surdinho dos nossos crédulos escritores. E isso num momento em que me vejo assaltado por dúvidas crudelíssimas, nel mezzo del camin di nostra usina! Ou "di usina nostra", se quiserem.
Se acho que escrevo bem? Era o que um e-mail-ghost-writer me perguntava? Sei lá, eu me esforço tanto. Mas já perdi algumas ilusões. Não acho que o Seu Waldomiro um dia ainda vai me levar em conta. Na verdade, sempre tive inveja dessa gente que priva com o Seu Waldomiro. E pagaria para saber quem é a galera que anda decidindo tudo isso pela gente. O Domingos, ao que sei, já desistiu há tempos.
Chamem o síndico! Ou o cínico, sei lá! Alguém que nos entupa os olhos de areia de uma vez por todos! Hehehehehehehehe! E tem gente que não acredita! Azeite!
Mas que coisa feia aquele poeta mais lido fez com a destacada escritora, gente! Mas, como não há coisa feia que sempre dure, cáspite, ei-lo que se redime. Viram que coisa bonita ele acabou fazendo depois? Bem, mas eu também não tenho nada a ver com isso, não é mesmo?
Que saudades daquele cabaré onde eu tocava no Porto? Nós, músicos, ficamos muito amigos das garotas que tinham por missão fazer os grã-finos gastarem dinheiro. Dinheiro que, ao fim e ao cabo, em parte vinha parar no nosso próprio bolso. No nosso e no delas. Como é que se chama mesmo esse cabaré, António Torre da Guia? Tem nome de rei: Dom Luis não sei das quantas! Ao pé daquela ponte sobre o Douro, que foi contruída pelo Eiffel? Ali, na festa do Ano Novo, cheguei a dançar a umbigada de maneira folgazã, como diz a música. Bons velhos tempos!
Já repararam que ninguém anda lendo mais porcaria nenhuma. É um pinga-pinga daqueles. Foi-se o tempo! Lembram-se? Quando alguns colegas se iludiam com um site lido por milhares e milhares de leitores? Pois é, não há como não dizê-lo, o dinheiro não traz mesmo a felicidade.
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