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Ensaios-->Vygotsky, um interacionista: breve resumo de suas idéias -- 23/07/2001 - 18:06 (Julio César Amorim de Oliveira Mulatinho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
INTRODUÇÃO:

Ao contrário das teorias inatistas, que não levam em conta a ação do meio, e das teorias ambientalistas, que não aceitam os fatores maturacionais, os interacionistas defendem que o organismo e o meio exercem ação recíproca, ou seja, um influencia o outro, o que acarreta mudanças sobre o indivíduo.
Os interacionistas vêem a aquisição de conhecimento como um processo construído pelo indivíduo durante toda sua vida, não estando pronto ao nascer nem sendo adquirido passivamente graças às pressões do meio.
Neste texto vamos nos concentrar nas idéias de um dos artífices do interacionismo: Vygotsky.

VYGOTSKY:

O russo Lev Seminovitch Vygotsky (1896 – 1934), no interior da Rússia pós-revolucionária nos anos 20, era um professor de ginásio que se fazia a seguinte pergunta: como o homem cria cultura? Ele buscou na psicologia a resposta e acabou por elaborar uma teoria do desenvolvimento intelectual, sustentando que todo conhecimento é construído socialmente, no âmbito das relações humanas.
Vygotsky entende que o desenvolvimento é fruto de uma grande influência das experiências do indivíduo, mas cada um dá um significado particular a essas vivências. O jeito de cada um aprender o mundo é individual. Para ele, desenvolvimento e aprendizado estão intimamente ligados: nós só nos desenvolvemos se (e quando) aprendemos. Além disso, o desenvolvimento não depende apenas da maturação, como acreditavam os inatistas. O ser humano tem o potencial de andar ereto, articular sons, conquistar modos de pensar baseado em conceitos. Mas isso resulta dos aprendizados que tiver ao longo da vida dentro de seu grupo cultural: apesar de ter condições biológicas de falar, uma criança só falará se estiver em contato com uma comunidade de falantes.
Para Vygotsky, a vivência em sociedade é essencial para a transformação do homem de ser biológico em ser humano. É pela aprendizagem nas relações com os outros que construímos os conhecimentos que permitem nosso desenvolvimento mental. Segundo o psicólogo, a criança nasce dotada apenas de funções psicológicas elementares, como os reflexos e a atenção involuntária, presentes em todos os animais mais desenvolvidos. Com o aprendizado cultural, no entanto, parte dessas funções básicas transforma-se em funções psicológicas superiores, como a consciência, o planejamento e a deliberação, características exclusivas do homem. Essa evolução acontece pela elaboração das informações recebidas do meio. Com um detalhe importantíssimo: as informações nunca são absorvidas diretamente do meio. São sempre intermediadas, explícita ou implicitamente, pelas pessoas que rodeiam a criança, carregando significados sociais e históricos. Isso não significa que o indivíduo seja como um espelho, apenas refletindo o que aprende. As informações intermediadas são reelaboradas numa espécie de linguagem interna. É isso que caracterizará a individualidade. Por isso a linguagem é duplamente importante para Vygotsky. Além de ser o principal instrumento de intermediação do conhecimento entre os seres humanos, ela tem relação direta com o próprio desenvolvimento psicológico. Nenhum conhecimento é construído pela pessoa sozinha, mas sim em parceria com as outras, que são os mediadores.
A idéia de um maior desenvolvimento quanto maior for o aprendizado suscitou erros de interpretação. Muitas escolas passaram a difundir um ensino enciclopédico, imaginando que quanto mais conteúdo passassem para os alunos mais eles se desenvolveriam. Para ser assimiladas, no entanto, as informações têm de fazer sentido. Isso se dá quando elas incidem no que o psicólogo chamou de zona de desenvolvimento proximal, a distância entre aquilo que a criança sabe fazer sozinha (o desenvolvimento real) e o que é capaz de realizar com ajuda de alguém mais experiente (o desenvolvimento potencial). Dessa forma, o que é zona de desenvolvimento proximal hoje vira nível de desenvolvimento real amanhã. O bom ensino, portanto, é o que incide na zona de desenvolvimento proximal, afinal ensainar o que a criança já sabe é pouco desafiador e ir além do que ela pode aprender é ineficaz. O ideal é partir do que ela domina para ampliar seu conhecimento.

Alguns conceitos importantes:

DESENVOLVIMENTO REAL – É determinado por aquilo que a criança é capaz de fazer sozinha porque já tem um conhecimento consolidado.

ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL – É a distância entre o desenvolvimento real e o potencial, que está próximo mas ainda não foi atingido.

MEDIADOR – É quem ajuda a criança a concretizar um desenvolvimento que ela ainda não atinge sozinha. Na escola, o professor e os colegas mais experientes são os princiapais mediadores.

DESENVOLVIMENTO POTENCIAL – É determinado por aquilo que a criança ainda não domina, mas é capaz de realizar com auxílio de alguém mais experiente. Por exemplo, uma multiplicação simples, quando ela já sabe somar.

Vejamos agora como as idéias de Vygotsky pode ser aplicada na sala de aula. É necessário que se tenha em mente, antes, que Vygotsky não escreveu nenhuma receita, não há nenhuma “fórmula Vygotsky”, ao contrário, por exemplo, de Piaget, o que há são interpretações dos resultados de seus estudos:

Alfabetização
Não se pauta por fases (como pré-silábica ou silábica, que orientam o construtivismo). O objetivo é ampliar o universo de expressões da criança para facilitar a incorporação da escrita. A ênfase é na elaboração da fala, da escrita e da leitura como instrumentos simbólicos que reprecutem no desenvolvimento mental.

O erro
Faz parte do processo de aprendizado, mas o professor deve apontá-lo sempre para que a criança o corrija. Não se pode esperar que o aluno descurbra sozinho que errou. O construtivismo também faz correções, mas sempre considerando o desenvolvimento da criança.

Cópia
A criança deve contar com um ponto de partida para realizar suas próprias descobertas. Nesse sentido, o oferecimento de modelos de texto, por exemplo, é uma estratégia válida - desde que resulte numa atividade criativa, não numa cópia mecânica. O construtivismo rígido exclui o trabalho com cópias.

Papel do professor
Ele é o condutor do processo, atuando na zona de desenvolvimento proximal. Sua intervenção é direta, pois deve ajudar a criança a avançar. Os alunos acham muitas coisas, mas não podem ficar no achismo. O professor sabe mais e deve sistematizar os conhecimentos.

CONCLUSÕES:

Tendo a aceitar melhor a teoria de Vygotsky que a de Piaget, já que acredito que o meio molda o sujeito. Todo o seu desenvolvimento será pautado pelo que o meio traz para ele, pelo que o meio pede e pela forma como os estímulos do meio são interpretados. Ou seja, como disse Vygotsky, o desenvolvimento depende da aprendizagem e não o contrário.
Gosto também do conceito de desenvolvimento proximal, a diferença entre o desenvolvimento potencial (aquele que a criança não consegue alcançar sozinha, mas consegue sob orientação de alguém mais experiente) e o desenvolvimento real (aquele que ela consegue alcançar sozinha). É importante que o educador trabalhe nessa zona proximal porque se ensinar o que a criança já sabe, não haverá o menor desafio para ela, e se trabalhar muito além do que a criança pode alcançar, esta se desinteressará, podendo sentir-se até mesmo inferiorizada.
Além disso, o professor não é mera figura decorativa do processo. Sua participação é direta, sempre atuando na zona de desenvolvimento proximal. Quanto melhor preparado for este professor – e aí entra o Governo, que deve capacitá-lo com todas as ferramentas -, melhor será sua interferência no processo e melhores alunos poderá formar.
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