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Ensaios-->O Homem que não existe -- 30/07/2001 - 18:09 (Daniel Calasans) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Era uma vez um homem. Não de gênero, mas de essência.
Ele não existia em paz. Não havia nexo temporal, não havia nada. Ele não existia num universo paralelo e desconhecido.
Este homem não alimentava paixões nem carregava frustrações. Ele não existia.
A “não-existência” é um conceito sublime que transpira equilíbrio. A ausência do existir é uma idéia que encerra-se em si mesma num ciclo paradoxal, mas coeso. Engajado neste ciclo ele ia não existindo muito tranqüilamente alheio à sua própria consciência, inexistente por natureza.
E nas veredas de sua inexistência, sem saber, gozava da mais pura harmonia.
Eis que de repente este homem passou a existir. Não se sabe se já em forma de embrião ou até antes disso. O fato é que ele passou a existir. Nunca lhe foi dado uma escolha, se ele queria existir ou não. Toda aquela harmonia e equilíbrio se foram. Existindo, sua consciência pesou-lhe pela primeira vez. O conceito de tempo de modo ultrajante tornou-se inerente à sua realidade. A idéia de universo conhecido passa a apresentar-se dia-a-dia assustadoramente real. A gravidade é outro fato contra o qual nada pode ele fazer. Além disso o ato de existir proporcionou-lhe compulsóriamente um corpo para prender seu ser. Corpo este orgânico, diga-se de passagem. E a cada instante a sensação de existência vai traspassando seus poros. Amor, ódio, sentimentos que existem e doem. Coisas que antes não existiam e agora vêm à tona. E a todo este emaranhado de percepções multiplicados aos diversos cenários desta nova realidade chamam Vida.
No mundo dos existentes a Morte é eminente. No mundo dos que não existem a Vida é eminente. Uma vez que o homem que não existe passou a viver uma vida que não existia antes, e essa vida nada mais é do que o estado anterior à morte, então pra que existir? Para morrer? Se ele pudesse talvez evitasse vir a existir.
Existem muitas perguntas para poucas respostas. Esta história já deveria ter terminado há muitas linhas. O homem que não existe morreu no dia em que ele passou a existir.
Vivemos num mundo de falecidos oriundos do universo não existente. Tudo o que há é cadáver por princípio. Como tal, hoje, o homem que não existe jaz em sua sepultura. Este arrogante planeta chamado Terra. Túmulo de sua vida.
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