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Artigos-->Biodiversidade: o futuro da vida na Terra -- 14/02/2002 - 09:48 (Edvalson Bezerra Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Biodiversidade: o futuro da vida na Terra



Edvalson Bezerra Silva (Mocoin)



A concepção de biodiversidade ganhou destaque a partir da década de 1980 com a discussão sobre o risco de extinção de espécies animais e vegetais e a necessidade de preservação do maior número delas, como condição de sobrevivência do homem. Valorizou-se, assim, uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e a estabilidade dos ecossistemas. Além disso, constitui fonte potencial de uso econômico, por ser base das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras, florestais e supridora insubstituível de matéria-prima para a estratégica indústria da biotecnologia. A diversidade biológica abrange a variedade genética dentro de cada espécie ou população, a variedade de espécies da flora, da fauna e de microrganismos, a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas, além da variedade de comunidades, habitats e ecossistemas. Enfim, a totalidade dos recursos vivos ou biológicos e dos recursos genéticos e seus componentes.

Mesmo num pequeno jardim pode-se encontrar um exemplo prático de biodiversidade, como observou o estudante Eric Santos Silva, da oitava série do ensino fundamental. Ele conseguiu identificar formas de vida bem diferentes que sobrevivem graças à interdependência que mantêm entre si: "A biodiversidade está inteiramente ligada com a natureza e nós podemos ver isso nos jardins da nossa casa, da nossa escola ou até mesmo no jardim público. Lá acontece um ciclo de vida: as minhocas se alimentam das folhas que se desprendem das árvores e produzem um adubo natural, que fertiliza o solo, juntamente com outros microrganismos, fazendo com que a planta cresça forte e sadia. Na planta, desenvolvem-se também microrganismos e outras espécies de plantas parasitas".

Como percebeu o estudante, as espécies se relacionam de várias formas. A minhoca produz o húmus com uma espécie de cola que favorece a estrutura do solo, retém água e é fonte de matéria orgânica. Os microrganismos do solo se encarregam da decomposição das folhas, transformando-as em matéria orgânica e alimento para as minhocas. Por sua vez, a minhoca entra também na dieta alimentar de certas aves, anfíbios e outros animais. As aves ajudam na disseminação de sementes e, conseqüentemente, de novas plantas.

A Terra como um jardim Pode-se observar a biodiversidade de um ângulo superior. Imagine-se o planeta Terra como se fosse um jardim. As estimativas sobre o número de espécies que habitam este imenso jardim oscilam entre cinco e trinta milhões, concentradas nos países tropicais. Desse total, pouco mais de 1,5 milhão é conhecido. Estima-se que a diversidade global só das espécies de plantas superiores está em torno de trezentas mil. Dessas, cerca de 250 mil foram estudadas ou identificadas. Mais ou menos trinta mil são de espécies comestíveis e sete mil são cultivadas ou coletadas pelo homem para a sua alimentação. Percebe-se, pois, que se conhece muito pouco do que existe neste jardim.

De maneira geral, considera-se que, na América Latina, os países mais ricos em diversidade biológica são Brasil, Colômbia, Venezuela, México, Equador e Peru. Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, maravilhado com a riqueza natural da terra descoberta, cita palmeiras e palmitos, castanheiras, inhame (mandioca) e papagaios verdes e pardos, de vários tamanhos. Nos demais continentes destacam-se a África (Zaire e Madagascar), a Ásia (China, Índia, Malásia e Indonésia) e a Oceania (Austrália). O Brasil é o país onde se encontra a maior parte das florestas intactas do planeta. Somente de plantas superiores, o país conta com aproximadamente 22% do total de espécies existentes na Terra. Desse número, cerca de 7% são endêmicas, ou seja, só ocorrem no Brasil.

As florestas brasileiras abrigam também 55 espécies de primatas (24% do total mundial); três mil espécies de peixes de água doce, o que significa o triplo da variedade de peixes de qualquer outro país; 3.010 espécies de vertebrados terrestres; 310 espécies de vertebrados em risco de extinção; 468 espécies de répteis, o que corresponde ao quarto lugar mundial, sendo 172 endêmicas; 1.622 espécies de pássaros, sendo 191 endêmicas; de 10 a 15 milhões de insetos, a maioria ainda por ser descrita, e número incalculável de microrganismos terrestres e marinhos.

Jardim inexplorado Mesmo com tantas espécies a serem estudadas, este vasto jardim encontra-se constantemente ameaçado. Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), cerca de um quarto das espécies existentes corre o risco de extinção até a metade do século XXI. Entre os animais ameaçados, 11% são espécies de aves e 25% de mamíferos. No Brasil, país detentor da maior biodiversidade mundial, cerca de trezentas espécies animais e vegetais estão em perigo de extinção. O Brasil perde apenas para a Indonésia em número de aves ameaçadas e para a Indonésia, China e Índia em número de espécies de mamíferos ameaçados de desaparecer do jardim.

Algumas ameaças estão presentes desde o surgimento da vida na Terra e ocorreram naturalmente. Constituem exemplos os processos de desertificação, as glaciações e as alterações na atmosfera provocadas por atividades vulcânicas ou meteóricas. Calcula-se que 95% das espécies que já existiram na Terra estejam extintas. O desaparecimento dos dinossauros constitui o exemplo mais conhecido. O processo de destruição acontecia ao ritmo de, aproximadamente, uma espécie a cada treze meses. Hoje, estima-se que desapareçam cinco mil espécies por ano, ou mais de treze por dia. No presente, as causas são mais estimuladas pela ação do homem, como se verá adiante. As que mais contribuem para o desaparecimento de espécies são a poluição (das águas, dos solos e do ar), o desmatamento e a contaminação do meio ambiente pela radioatividade e por agrotóxicos.

Desequilíbrio no jardim. Conforme já se disse, nesse imenso jardim, as espécies dependem uma das outras para sobreviver. Uma das conseqüências da extinção de espécies é o desequilíbrio das cadeias alimentares. Com a redução do número de animais carnívoros, por exemplo, há proliferação de herbívoros, o que pode causar a extinção de vegetais. Quando desaparece uma espécie, quebra-se o ciclo natural da vida. A extinção de cada planta representa a perda de outras trinta espécies de animais e insetos que dela dependem. O jardim global já está, portanto, cheio de falhas. Cada espécie que desaparece leva consigo um depósito de substâncias insubstituíveis.

Entre as espécies ameaçadas no planeta estão o elefante, o rinoceronte negro e o gorila das montanhas da África, o cervo da Tailândia, o panda gigante da China, o pingüim grande da Islândia e do Canadá, o cavalo selvagem da Europa central, o pelicano branco e o bisão (boi selvagem) da França e a baleia azul, além de espécies vegetais, como as orquídeas de Chiapas, no México, e algumas bromélias do continente americano e da África. No Brasil, citam-se as seguintes espécies: mico-leão-dourado, arara-azul, peixe-boi, lobo-guará, jacaré-do-papo-vermelho, tartaruga-cabeçuda, boto-cachimbo e sabiá-pimenta.

Animais domesticados no jardim Entre os animais domésticos, algumas raças também correm o risco de desaparecer. Quando Pedro Álvares Cabral aportou no Brasil, em abril de 1500, aqui não havia "boi, cavalo, porco, nem galinha", conforme escreveu Pero Vaz de Caminha na sua "Carta de achamento do Brasil", enviada ao rei de Portugal. Os animais domésticos foram introduzidos no Brasil pelos colonizadores portugueses e espanhóis. Entre outros, citam-se o cavalo lavradeiro ou atual cavalo selvagem de Roraima, o bovino curraleiro, ou pé-duro, a cabra moxotó, e o porco casco-de-mula. Hoje, todas estas espécies, e muitas outras, constituem exemplo desse iminente perigo de erosão genética. Esses animais, geralmente de pequeno porte, foram relegados a segundo plano pelos criadores, que preferiram raças mais produtivas. No caso dos bovinos, as raças indianas substituíram as então existentes.

A adaptação desses animais, cada um em determinado ecossistema brasileiro, ao longo de vários séculos, tornou-os fortes, resistentes a doenças e, portanto, dotados de rusticidade. Os cientistas consideram muito importantes essas qualidades e, no futuro, poderão transferi-las às raças produtivas. O projeto denominado Banco Brasileiro de Germoplasma Animal (BBGA), desenvolvido pela Embrapa-Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, Distrito Federal, dedica-se à preservação de raças de animais domésticos em perigo de extinção.

A domesticação de animais tornou viável a pecuária e a criação de outras espécies, que fazem parte da dieta alimentar brasileira. Alguns animais, como a capivara, o maior roedor do mundo, e o jacaré, que foram perseguidos há séculos por caçadores, estão sendo estudados para criação em cativeiro, com o objetivo de aumentar a oferta de proteína. Esses animais fornecem também vários subprodutos, como a pele, que possui alto valor de mercado. Essa exploração racional pode afastar definitivamente o risco de extinção de outros animais, como a paca, cujos estudos já foram iniciados.

A agricultura no jardim O homem aprendeu a cultivar a terra há cerca de dez mil anos. Nos cinqüenta mil anos anteriores, ele viveu da caça e da coleta de alimentos. O milho, uma das primeiras lavouras a ser cultivada, passou por sucessivos cruzamentos, em cerca de sete mil anos, para atingir o seu tamanho atual, pelo menos dez vezes maior que o seu ancestral silvestre, colhido por tribos primitivas. Depois que surgiu a agricultura, em menos de oito mil anos, metade da população da Terra havia aderido a esse novo modo de sobrevivência. Há pouco mais de duzentos anos, o contingente de caçadores e coletores reduziu-se a menos de 10% da população total do planeta. Essa mesma população cresceu num ritmo vertiginoso nos oito primeiros milênios de atividade agrícola. Os dez milhões de habitantes do planeta aumentaram cerca de trinta vezes. Hoje esse número já ultrapassa seis bilhões de pessoas.

A agricultura, ou o domínio da arte de cultivar a terra, talvez tenha sido a mais abrangente revolução da história da humanidade para atender à demanda do seu crescimento. A seleção genética voltada para a alta produtividade tornou-se irreversível. Em 1866, o monge austríaco Gregor Mendel, cruzando ervilhas durante sua clausura, descobriu que as características genéticas das plantas poderiam ser repassadas para suas sucessoras, com o domínio matematicamente previsível das características que se queria nessa nova planta. O surgimento da biotecnologia, a despeito das muitas controvérsias que suscita, aumenta a possibilidade de criação de sementes mais produtivas e que necessitem cada vez menos de defensivos, o que pode significar um inimigo a menos para a natureza.

Resistência selvagem A agricultura representa, sem dúvida, ganho inquestionável, mas é altamente vulnerável por causa da destruição dos ecossistemas mundiais, onde residem as variedades silvestres das plantas. Das trezentas mil espécies de plantas existentes na Terra, somente trezentas são usadas pelo homem em sua alimentação. No entanto, cerca de 90% do cardápio humano atual se apóia em reduzido grupo de umas vinte espécies. A agricultura brasileira baseia-se em espécies exóticas: a cana-de-açúcar veio da Nova Guiné; o café da Etiópia; o arroz das Filipinas; o trigo da Ásia Menor; soja e laranja vieram da China. A silvicultura brasileira depende de eucaliptos da Austrália e pinheiros da América Central. A pecuária, como já foi dito, utiliza basicamente capins africanos, bovinos da Índia e eqüinos (cavalos) da Ásia central. A piscicultura depende de carpas da China e tilápias da África oriental. A apicultura está baseada em variedades de abelhas provenientes da Europa e da África. Tudo isto ocorreu em conseqüência do desconhecimento da multiforme diversidade biológica local e da insistência do colonizador em não modificar seus hábitos alimentares.

O Brasil é centro de origem de diversas espécies importantes para a economia mundial, como mandioca, abacaxi, amendoim, pupunha, seringueira, caju, cupuaçu, maracujá, guaraná, castanha-do-pará e carnaúba, além de inúmeras espécies forrageiras, medicinais, corantes, condimentares, florestais, frutíferas, oleaginosas e madeireiras. Algumas plantas exóticas possuem parentes silvestres no Brasil, como o arroz e o milho. Esses parentes, que também correm o risco de desaparecer, são considerados de grande importância para aumentar a base genética de espécies amplamente cultivadas.

A preocupação com o desaparecimento de espécies, principalmente aquelas ligadas diretamente a atividades produtivas, tornou-se prioridade científica e estratégica em todo o mundo. Em 1946, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) deu o primeiro alerta à comunidade científica mundial. Chamou a atenção para a crescente erosão genética das principais plantas cultivadas, ocasionada pelo plantio de novas variedades, substituindo rapidamente as plantas tradicionais, dotadas de base genética muito mais ampla. A expansão da fronteira agrícola e a urbanização resultantes da explosão demográfica destruíram aceleradamente as reservas naturais. Populações inteiras de espécies silvestres pertencentes às famílias das plantas utilizadas na alimentação humana correram o risco de ser extintas, antes mesmo de serem estudadas.

Essa perda de genes levou os cientistas a promoverem a Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, na Suécia, em 1972. Concluiu-se que tal processo comprometia a segurança alimentar da humanidade e que era necessária a adoção de medidas urgentes para resgatar e conservar as espécies nativas, introduzidas e melhoradas, formando-se bancos que ampliassem e garantissem a base genética das principais plantas utilizadas na alimentação humana. Assim, foi criado em 1974 o Comitê Internacional de Recursos Genéticos de Plantas, o International Board for Plant Genetic Resources (IBPGR). O Brasil, de forma mais modesta, porém pioneira como um país isolado, criou o Centro Nacional de Recursos Genéticos, (Cenargen), atualmente Embrapa-Recursos Genéticos e Biotecnologia.

O novo centro de pesquisa atua em todo o Brasil, coletando e conservando germoplasma de plantas, animais e de microrganismos. Essa conservação é feita in situ, isto é, no próprio habitat (agricultores tradicionais, reservas indígenas, reservas genéticas e áreas protegidas) e ex situ, ou fora do habitat natural. As sementes, no caso de plantas, são conservadas em câmaras frias, a uma temperatura de 20 graus celsius negativos, bem como in vitro, em tubos de ensaios. No caso de animais, são coletados sêmen e embriões e conservados em nitrogênio líquido, a uma temperatura de 196 graus celsius abaixo de zero.

Biomas e remédios Talvez nunca se chegue a conhecer todos os elementos que compõem a biodiversidade brasileira, tal a sua extensão e complexidade. Essa imensa riqueza está distribuída em biomas como a floresta amazônica, a maior floresta tropical do planeta, com 3,7 milhões de quilômetros quadrados; o cerrado, com cerca de dois milhões de quilômetros quadrados; a mata atlântica, que se estende do Nordeste até o Sul, abrangendo área de cerca de um milhão de quilômetros quadrados; a caatinga, com área aproximada de um milhão de hectares, incluindo vastas extensões semi-áridas; o pantanal mato-grossense, a mais significativa área úmida do planeta, com cerca de 140.000 quilômetros quadrados em território brasileiro, além dos biomas costeiros e marinhos, com cerca de 3,5 milhões de quilômetros quadrados.

A utilização de plantas para curar doenças não representa nenhuma novidade. Existem registros de que os chineses já utilizavam ervas medicinais desde 3700 a.C. e acreditavam existir uma planta para cada doença. Quando os primeiros exploradores chegaram ao Brasil, os índios já dominavam o conhecimento capaz de tratar adequadamente diversas doenças. Também, conservavam inúmeras variedades de plantas importantes para melhorar geneticamente outras, utilizadas em sua alimentação, como é o caso do milho. A erva-cidreira, planta muito conhecida, utilizada como calmante, digestivo, analgésico e regulador menstrual, é citada na Odisséia, de Homero.

Há muito tempo, a ciência passou a olhar a medicina caseira com outros olhos. No Brasil já se desenvolve um movimento científico em torno de cerca de trezentas plantas nativas e exóticas, conhecidas genericamente como medicinais, usadas pela população no tratamento de problemas de saúde. Elas contêm no seu interior compostos químicos chamados de "ingredientes ativos" e podem produzir, segundo dosagem e forma de preparo, ações terapêuticas ou tóxicas. Começa uma perigosa corrida de curandeiros e mercadores às florestas, principalmente às brasileiras, para atender à demanda dos laboratórios que fabricam remédios fitoterápicos naturais, homeopáticos e alternativos. Ainda mais perigosa é a incursão de enviados de laboratórios alopáticos estrangeiros. Ávidos por lucros proporcionados por novas moléculas medicamentosas, antecipam sua febril exploração da floresta pela obtenção do conhecimento indígena quanto ao uso de determinadas plantas. Tal conhecimento milenar é repassado, ingenuamente, sem nenhum custo e, a partir de tão preciosa informação, os laboratórios estrangeiros identificam o ingrediente ativo, sintetizam-no ou exploram as espécies que lhe dão origem e vendem tais medicamentos aos próprios brasileiros, a preços inacreditavelmente altos. Tanto a ação de nacionais quanto de estrangeiros podem causar expressiva erosão genética ou, mesmo, extinção de espécies importantes.

A proteção da biodiversidade tornou-se também parte de projetos estratégicos de saúde pública. O Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos já listou pelo menos duas mil plantas tropicais com potencial para combater tumores. Outras, desconhecidas, ou não estudadas devidamente, guardam substâncias capazes de salvar milhares de vidas. Muitas dessas espécies estão desaparecendo, vítimas da extração predatória e por outras razões que já foram mencionadas anteriormente. Muitas plantas facilmente cultiváveis podem prevenir graves doenças e economizar bilhões de dólares, gastos anualmente em caros tratamentos hospitalares. Adicionalmente, os remédios naturais apresentam a vantagem de, em geral, produzirem menos efeitos colaterais.

O príncipe e o líder espiritual Percebe-se claramente que uma das maiores riquezas da humanidade é a biodiversidade ainda existente. Plantas, animais e microrganismos que fazem parte desse imenso jardim chamado Terra alimentam, curam doenças e desempenham papel vital para o futuro do homem, que também é parte integrante da biodiversidade. Todos têm a obrigação e o dever de usar as riquezas da diversidade biológica de maneira sustentável. Isso significa satisfazer necessidades básicas atuais, sem que se esqueça de que cada membro da raça humana é simples arrendatário das futuras gerações, que por sua vez herdarão também a mesma responsabilidade. A seguir, a opinião de dois importantes líderes mundiais sobre o assunto:



"Afinal, este é o único planeta que temos para habitar. Ainda não se descobriu nenhum outro planeta que sustente a vida. Até que ele seja descoberto, e que se desenvolvam os meios para colonizá-lo, seria sensato, na minha opinião, proteger nosso único sistema de sustentação da vida. Somos, ou deveríamos ser, mais do que nada, os guardiães desse oásis único num universo aparentemente estéril e inóspito".

Príncipe Charles, da Inglaterra



"Nossos ancestrais consideravam a Terra rica e generosa, o que ela é. Muitas pessoas no passado também consideravam a natureza inexaurível, o que hoje sabemos que só pode ser se cuidarmos dela. Não é difícil perdoar a destruição do passado, que resultou da ignorância. Hoje, porém, temos acesso a mais informação e é essencial que reexaminemos eticamente o que herdamos, nossas responsabilidades e o nosso legado para as gerações vindouras. As maravilhas da ciência e da tecnologia são equivalentes, se não superadas, a muitas tragédias atuais, inclusive a fome humana em muitas partes do mundo e a extinção de outras formas de vida.

A exploração do espaço sideral acontece ao mesmo tempo em que os oceanos e as nascentes da Terra ficam cada vez mais poluídos. Muitos habitats, plantas, animais, insetos e mesmo microrganismos que consideramos raros podem nem vir a ser conhecidos pelas futuras gerações. Temos a capacidade e a responsabilidade. Devemos agir antes que seja tarde demais."



Tenzin Gyatso, décimo-quarto dalai lama, do Tibet 1



Nota do autor: Texto publicado no CD-ROM Pesquisas Especiais Barsa Society, da Barsa Planeta Internacional em janeiro de 2001.

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