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Artigos-->Quando se perde a poesia -- 27/05/2011 - 17:01 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Uma poeta, acho que foi a Adélia, confessou que, às vezes, tinha a sensação de perder a poesia. Nesses dias, ela olhava para o mundo e via apenas o mundo. O filho do Oswald de Andrade, por sua vez, entendeu cedo que a poesia é a descoberta das coisas que nunca se viu. Quando o poeta olha o mundo e vê apenas o mundo, não é capaz de descobrir o nunca visto e a poesia não se faz mesmo. O único caminho, então,  é escrever sobre a poesia. A metalinguagem é o truque para enfrentar os dias áridos de ausência da poesia. Pause.

            Não sou poeta e não estou falando de poemas. Então, releia o que eu escrevi e troque as palavras “poesia” por “literatura” e “poeta” por “escritor”. Ou então, se preferir, entenda que poesia não tem, necessariamente, nada a ver com poema. “Poiesis”: é sobre isso que eu escrevofalo, era disso que a poeta falava, era isso que o filho do Oswald intuía ser poesia. Dia destes, vou deixar claro o que penso sobre os fazedores de poema e diferenciá-los dos poetas. O resumo é simples: fazedor de poema não conhece poiesis, poeta vive de poiesis. E a poiesis é um processo melindroso pacas, que depende de um corpo proprioceptivo muito falho. Play

            Sigamos a vereda da metalinguagem. Esses dias estranhos talvez sejam dias de ler. Não que os outros dias não o sejam. Tal como o entendo, o ato de ler é do homem. Gente é para ler, para escrever e, segundo Maiakóvski e Caetano, para brilhar. Acontece que nos dias em que o mundo é só mundo, o melhor que um escritor pode fazer é ler, ciente de que leitura e escrita são apenas etapas do mesmo processo que se chama escritura.

            Mário Vargas Llosa é o refúgio de agora. O livro do Cleido Vasconcelos, “A tartaruga no meio da noite”, também. O que o escritor parece fazer, nessa hora de leitura de salvação, é roubar a alma da escritura de outro e tentar ver os mundos, de dentro e de fora, através dela. Como, por ora, o mundo é ó mundo para mim, preciso que bons escritores me mostrem outros jeitos de olhar as coisas. Mergulhado no mundo do Varguitas e do Cleido, começo a ser capaz de ver mais em menos, diferente em iguais, inédito nos repetidos.

            Às vezes, uma conversa com alguém que tenha alma de artista também ajuda a desbloquear o tubo da poesia. Essas pessoas existem aos montes, mas ou ainda não se sabem ou estão ocupadas com suas faturas e fraturas; não estão disponíveis, embora estejam ao nosso lado. Considerando que o Llosa mora muito longe de Rib City e que o Cleido tem que administrar a sensibilidade de trigêmeos, além da sua própria, acho mais fácil que um escritor que perdeu a poesia tente reavê-la nos livros. Pedro Camacho ou a tartaruga que atravessa a rua, no papel, estão de plantão, à espera do poeta perdido, 24 horas por dia, domingos inclusive.

            Sinto que os dias de leitura de salvação se esticarão por mais uma semana...


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