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Artigos-->Adolescentes para sempre -- 27/05/2011 - 17:07 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A teoria é esdrúxula e carece de comprovação científica. Como não me preocupo em convencê-lo de que estou certo e tenho vontade nenhuma de pesquisar referências bibliográficas, peço que leia o que segue apenas como o registro de minha singela opinião, como sugere a vinheta que está ali em cima, no cabeçalho do jornal.  A teoria: a adolescência não acaba nunca.

            Sei que a psicologia afirma que a vida do ser humano é dividida em infâncias, adolescência, adultescência  e, segundo Mario Prata, envelhescência, depois velhice.   Eu discordo, só para variar. Discordo e faço questão de defender essa ideia frente a todos os meus alunos do ensino médio e primeiros anos de faculdade.  O homem é adolescente para sempre. A evolução é: nascimento, infância, adolescência e cova. 

            Pense. Quais eram as suas principais encanações de adolescente? Achava que o mundo não o entendia? Que a vida era complicada? Que os relacionamentos eram duros de enfrentar? Que as escolhas profissionais só davam dor de cabeça?  Pois é. No que me diz respeito, continuo sentindo tudo isso, e  ainda tenho a impressão de que estou fora do lugar, de que meu cabelo não está legal,  de que errei na roupa, de que acertei na roupa mas errei o lugar da festa, de que as pessoas estão olhando para mim, de que eu sou mais burro do que deveria, de que não vou dar conta da pressão, de que Deus vai me castigar, de que vou gaguejar em público, de que minha cueca está aparecendo, de que...

            Talvez essa seja uma estratégia minha para evitar virar adulto de vez. É possível, mas sei que essa perspectiva me dá algumas  vantagens em relação aos que se acham definitivamente maduros. Assim como os adolescentes, ainda conservo a faísca da insatisfação. Sempre acho que tudo pode ser diferente, melhor, mais.  É até pueril, mas mantém a vida em movimento.

            Outra vantagem de achar que a adolescência é para sempre:  a relação com a turma de 14 fica mais leve e verdadeira. Afinal, sob essa ótica, a  única diferença que há entre mim e meus alunos é que eu sou adolescente há mais tempo que eles, que são calouros.  Essa “experiência” me permite orientá-los tanto quanto me impede de fazer terrorismo de adulto com eles, do tipo: “Me respeita que eu sou adulto!”.   Curioso é que o respeito acaba sendo maior ainda quando eles percebem que você, sendo adolescente também, consegue entender as dores que invadem seus peitos juvenis. É a velha diferença entre medo e respeito.

            Você não pediu, mas eu vou explicar um detalhe da minha teoria. Ser adolescente eterno não implica fazer as burradas que se faz quando a vivência é pouca. Se assim fosse, não seria a adolescência eterna, mas a idiotice eterna.  O que se espera é que, com o passar dos anos, os adolescentes há mais tempo não cometam os mesmos erros. Mas estamos liberados para cometer erros de última geração, com airbag duplo e roda de liga-leve.  Mais uma vantagem da adolescência vitalícia.


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