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Artigos-->Pessoas chantiboas -- 27/05/2011 - 17:09 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Quando eu era pequeno (não, esse não é o começo daquela música do Lulu Santos, embora seja o registro de um pouco da minha vida) gostava de comer o chantilly da Kibon, famoso Chantibon. Tudo ficava mais gostoso com aquele creme leve por cima. Morangos principalmente. Nunca mais comi um chantilly com aquele gosto, mas não sou capaz de afirmar que ele era de fato mais saboroso que os atuais. Essas sensações da infância enganam muito e provam que a memória é bem volátil. Pode ser que o Chantibon fosse gostoso porque caro e, portanto, raro lá em casa. Morangos também apareciam só de vez em quando. Eram outros tempos.

            Não se preocupe, leitor: este espaço não virou blog e não vou abusar da sua capacidade de suportar confissões que só interessam a mim e, no máximo, a minha mãe.  O papo do chantilly tem um motivo. A coisa do “creminho gostoso” foi aqui levantada,  pois descobri que há pessoas que não têm o mínimo de chantilly em sua receita pessoal.  Como morangos, pessoas sem Chantibon tornam-se sem graça. Não que não dê para engolir um morango docinho sem aditivos. É que morangos docinhos são cada vez mais raros. Daí a necessidade de chantilly.

            Antes que você, assumindo uma postura de defensor da perfeição da natureza, diga que chantilly, pela lógica da analogia, é algo artificial que não faz parte da natureza do morango, pergunto se a simpatia é algo natural no ser humano.  E respondo eu mesmo, já que a interatividade ainda não atingiu as páginas do jornal impresso: a simpatia não é uma condição para transformar um ser em humano.  Refiro-me à simpatia conforme é entendida pelo brasileiro, e aparece no Aurélião como “sentimento caloroso e espontâneo que alguém experimenta em relação a outrem”. Se essa simpatia fosse natural, a maioria das pessoas seria capaz de emanar esse calor, essa vibração positiva que se expande até o outro, como um abraço que não precisa nem ser concretizado para ser sentido.  Poucos são assim.  Esses que são capazes de simpatia são os morangos com Chantibon em nossas vidas.

            Numa mesa de bar, num almoço entre conhecidos, na fila do supermercado, o que vemos são morangos de todos os tipos: verdes, podres, mofados, passados, poucos docinhos e quase nenhum com gota sequer de creminho.  A gente, fazer o quê?, vai engolindo os morangos assim mesmo, meio com cara de CDB.  Com o tempo, o pouco contato com o Chantibon, leva ao esquecimento de que ele um dia existiu e lá estamos nós também: morangos azedos agarrados em volantes de carros nos congestionamentos da vida.

            Meu desejo para este domingo, que espero seja de sol para me fazer parecer adivinho, é que você, leitor, encontre muito Chantibon em sua existência, de preferência distribuído entre diversos morangos e na quantidade certa. É, tem isto também: simpatia, como Chantibon, só é gostosa se não passar da conta. Como dizia meu pai: tudo de mais é excesso. Bom? Então, boa!


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