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Ensaios-->Esoterismo e Religiosidade -- 14/11/2001 - 10:32 (ANGEL DRAVEN) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Caminho Iniciático de Santiago de Compostela

Esoterismo e Religiosidade

O Esoterismo é uma forma de pensar que entende a realidade como uma mensagem a interpretar. Mas esta interpretação depende de “chaves” de leitura que somente alguns poucos podem chegar a possuir? O conhecimento destas “chaves” só seria possível mediante um processo chamado “iniciação” ? Dizem que estas chaves ou formas de pensar são pré-cristãs.
A igreja sempre condenou o gnosticismo, negando-lhe a capacidade de interpretar o cristianismo, chamando-o de “ignorância adornada com o segredo e a aparência misteriosa”.
É preciso distinguir entre verdadeiros buscadores, esotéricos e meros aficionados em ambientes e/ou publicações do “tipo esotérica” por meios das quais se difundem estas idéias. Os esotéricos dizem pertencem a Ordens secretas ou se ocupam com as chamadas “ciências ocultas” independentemente. Os livros e ambientes esotéricos criam adeptos a este tipo de elucubrações, que mais tarde podem ser aliciados por seitas esotéricas, que os atraem mediante a promessa de “iniciação”.

A chamada “iniciação” consistiria em alcançar as prováveis chaves primeiras e secretas de interpretação da realidade, conhecimento que permaneceria oculto da maioria dos homens. Se ascenderia assim a “tradição iniciática” ou transmissão do saber oculto desde a mais remota antigüidade. Isto se dá também, em diversas vivências, completadas por ritos, segunda as diversas seitas ou ordens. E assim, os iniciados crêem “saber” algo que desconhece a grande maioria da humanidade.
No esoterismo, a “salvação” provem do conhecimento secreto que se consegue com as próprias forças e inteligência. Nas religiões, que se oferecem a todos, a salvação provem dos avatares, ou do próprio Deus, mediante sacramentos ou práticas religiosas. A pretensão esotérica de interpretar as verdades da fé a luz de uma “sabedoria oculta” é inaceitável para as religiões.
Os ritos esotéricos têm como fim conseguir forças ou conhecimentos para que a pessoa incremente seu poder ou a harmonia física ou psicológica. Os ritos ou sacramentos das religiões suplicam a Deus as graças necessárias.
Uma linha considera a outra como sendo “ignorância dogmática”. Ambas dificultam o conhecimento da verdade, e quem as assume cegamente, não só ignora, mas também crê saber algo, que na verdade desconhece.
Uma análise detida e desapaixonada tanto das doutrinas esotéricas quanto das religiões, mostram uma multiplicidade de erros em todos os campos do conhecimento humano, científico e filosófico.

A Origem do Caminho de Santiago

Na primeira metade do século IX, se sucederam uma seqüência de fatos que culminaram com o descobrimento do sepulcro do apóstolo Santiago Zebedeo o Maior. Este acontecimento foi divulgado, na época, pelo bispo Teodomiro de Iria Flavia e pelo rei de Asturias, Alfonso II. Rapidamente, muitos peregrinos seguiam o trajeto da antiga calçada romana Burdeos-Astorga, construída por motivos estratégicos e comerciais. Muitos terminavam sua peregrinação aos pés do apóstolo, em Compostela, onde oravam e comungavam, enquanto que outros seguiam até Padrón ou Finisterre.
A Galícia é rica em monumentos pré-históricos. Esta riqueza arqueológica pode ou não estar relacionada com a origem histórica das peregrinações a Santiago. Na literatura científica não se encontra dado algum que valide a existência de um “caminho sagrado” anterior ao século IX ou mesmo pré-cristão. Muito provavelmente porque não havia historiadores nessa época.
Os vários monumentos românicos e góticos ao longo do caminho, contêm inúmeros símbolos e sinais determinados, devido ao modo como se construía nos séculos de IX a XV. Isto é bem conhecido e deles se ocupam vários tratados de simbologia medieval. Mas nenhum sabe seu real significado. Quase sempre são referências a passagens bíblicas, aspectos determinados de Ordens e da vida medieval. São vários os símbolos até hoje ou hoje utilizados em tratados esotéricos.
Os construtores das catedrais formavam parte de Ordens ou associações nas quais se transmitiam uns aos outros conhecimentos úteis para as construções. Pode ser que transmitiam também idéias heréticas, ou “mágicas”, ou gnósticas. Muitos acreditam que isto tudo é uma invenção do esoterismo do século XVIII. Sabe-se que todas estas Ordens e associações eram profundamente envolvidas tanto com as religiões e quanto com o esoterismo medieval.
A Ordem do Tempo de Jerusalém, cujos membros eram chamados Templários, foi erigida pelo papa Honório II em 1.127, e suprimida por Clemente V em 1.312. Esta foi uma das ordens militares dentre as várias que existiram na Idade Média. Após 185 anos de existência, os Templários eram numerosos e haviam acumulado muita riqueza e poder, chegando a emprestar dinheiro e exércitos a vários reis. Em seus últimos anos, entraram em conflito com o rei Felipe o Belo da França, que desejava apoderar-se das grandes possessões destes monges-cavaleiros.
Junto a Inquisição, foi promovido um processo contra eles, acusando-os de diversos delitos e heresias. Qualquer um sucumbia perante os artifícios da Inquisição. Estas acusações, hoje são consideradas inescrupulosas, movidas pelo desejo dos reis de acabar com o poder da Ordem Templária.
Embora a igreja negue, os estudiosos dizem que os monges-soldados representaram em suas construções, não só um simbolismo autêntico, mas também interpretações ocultistas, como por exemplo seus ritos de magia e o costume de serem enterrados de boca para baixo.
Os Templários dividiam a responsabilidade da rota de Santiago com outras ordens, como a dos monges de Cluny.
Muita literatura trata destes temas e é importante distinguir diferentes planos. Um deles é o enfoque histórico e artístico, e próprio da simbologia com fundamentos científicos e arqueológicos. É importante estar bem informado para evitar equívocos.
Outra consideração é a literária. Uma boa formação cultural pode ser suficiente para distinguir no verdadeiro contexto literário intelectual e imaginativo o valor de algumas obras, sem confundir expressão literária com afirmações históricas.
Um terceiro plano se refere, mais diretamente, ao conteúdo interpretativo. No que se refere a simbologia medieval, é preciso ter em conta a dificuldade de reunir os conhecimentos que se requerem para ser verdadeiramente entendido. Existem obras que permitem se aproximar da simbologia medieval, tão abundante no Caminho de Santiago.
Muitos símbolos medievais, que parecem a uma primeira vista “misteriosos” ou de simbolismo Iniciático, deixam de ser a luz das obras de S.Agostinho, S.Ambrósio, ou dos filósofos gregos, de grande influência medieval.
O que resta, então?
No século XVIII floresceram algumas ordens secretas como os rosacruzes e os templários, que diziam-se muitos mais antigas e sucessoras de uma “tradição iniciática”. Estas ordens, muitas vezes buscaram na interpretação de catedrais e igrejas, mistérios arcanos e mensagens que diziam-se capazes de interpretar. Algumas, mediante ritos misteriosos, pretendem captar a harmonia destes lugares e suas “forças ocultas”, telúricas ou celestes.
A ciência não explica nada a este respeito, nem a religião concorda com estas práticas, que alega que estes lugares são apenas construções onde se pratica o culto a Deus.
Mas é verdade que muitos templos atuais se acham sobre antigos lugares de culto pré-cristão. Ao longo do caminho de Santiago, a maioria deles, inclusive. Todas as encomendas Templárias, por exemplo.
A igreja explica que o motivo não é mágico, mas sim para substituir o culto pagão pelo cristianismo. Ou a superstição pela religiosidade. No entanto, até hoje, persistem ao longo do caminho, lendas e costumes estranhos, com rituais específicos, posturas, ritos gnósticos, amuletos, frases misteriosas, experiências mentais e antigas tradições.
Atualmente, o Caminho de Santiago é um patrimônio não só da fé cristã, mas também de todas as crenças místicas. A fé que movia e impulsionava os primeiros peregrinos da idade média é a mesma fé que nos chama hoje. Talvez até os motivos sejam os mesmos. Apenas a ideologia é diferente, ou não. Segundo as tradições esotéricas, o Caminho de Santiago é um dos modos de Iniciação esotérica. Nele, o peregrino deve prestar atenção aos sinais e símbolos que, bem entendidos, transformam o peregrino em iniciado ou gnóstico (aquele que conhece). Este conhecimento vem pela interpretação dos elementos que integram a peregrinação, a busca de uma “tradição iniciática”. Isto transmuta o simples peregrino num iniciado.
A peregrinação a Santiago tem, desde sempre, uma conotação clara: seu sentido Iniciático. A busca sincera da Verdade comporta uma atitude de humildade intelectual.
Mais do que uma “aventura intelectual”, ou prática e doutrinas mágicas, supersticiosas e irracionais, a peregrinação é um catalisador. Mais do que idéias cheias de contradições e erros, o Caminho de Santiago é uma rota direta e reta. Mais do que dogmas e superstições, o peregrino a Compostela descobre certezas e verdades absolutas. Ao invés de terminar em Compostela, a grande peregrinação apenas se inicia, em Finisterre.
O verdadeiro peregrino deve também recorrer a fontes históricas e filosóficas. Deve procurar conhecer sempre e mais, com aguçado senso crítico. Não deve apenas acreditar que o caminho é uma busca ancestral e hipotética da deusa terra, que permitirá ao iniciado submergir com esse conhecimento ou gnose nessa serpente ou dragão telúrico. Isto pode, simplesmente não significar nada. O Peregrino ou buscador deve ter uma atitude objetiva e um grande respeito pela Verdade. Seja ela qual for.
Isto é mais do que um convite a iniciação, ou a um caminho Iniciático.
O verdadeiro peregrino é a imagem de um Paladino, que manifesta sua fé e humildade, com a coragem de um Monge-Guerreiro.
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