Algumas pessoas se ofendem com meu verbo, não porque tenha ele o poder do corte, mas porque vêem nele um motivo além da própria poesia.
Algumas pessoas se ofendem com minha poesia, simplesmente porque elas têm uma extrema necessidade de se ferir, e então se ferem com qualquer coisa: com um olhar, com um gesto, com gotas de chuva, com carros em movimento, com algo que possa parar, com sinais, com ausências, com presenças, e com pequenos abandonos.
São pessoas que precisam de falsos motivos para justificar a própria infelicidade. Por isso acabam se ferindo com vitórias ou derrotas, com muita luz, ou falta dela, próprias ou alheias.
E acostumam tanto a se ferir, que acabam se ferindo até mesmo com poesia.
Essas mesmas palavras que escrevo, arrumadas da mesma forma, terão outro sentido, se lidas por outros olhos.
É a vida.
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