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Ensaios-->A mão e a luva de Bentinho e Capitu -- 05/01/2002 - 17:18 (Fabio Cardoso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


                                                         

Quando o assunto é literatura brasileira, as personagens de Machado de Assis figuram dentre as mais enigmáticas e representativas no que se refere à descrição do caráter psicológico, que mais tarde seria traduzido por Freud e pela psicanálise, bem como os motivos que incitam a ação realizada naquele perímetro imaginário.

Ocorre, entretanto, um equívoco corriqueiro ao analisar a obra machadiana. Alguns professores e críticos simplesmente ignoram o trabalho do escritor antes das 'Memórias Póstumas de Brás Cubas', posto que este é o divisor de águas do romance nacional. Logo - como se houvessem dois Machados -, muitos leitores médios qualificam um excritor menos requintado em 'Helena', e mais preciso em 'Quincas Borba', por exemplo. Entretanto, seria difícil dissociá-los um do outro.

Tome-se como exemplo dois livros aparentemente distantes: 'A Mão e a Luva' (1874) e 'Dom Casmurro' (1899). À primeira vista, as histórias são um bem distintas. Começando pela narrativa, pois o primeiro inicia-se com um diálogo; enquanto que no segundo a casmurrice de Bentinho apresenta uma introdução ensaística a fim de explicar-nos o título.

Mas, se por um lado as diferenças são sublinhadas e nítidas, as semelhanças também se mostram latentes, embora estejam recheadas da ironia de Machado, presente desde sua produção literária inicial. Em 'A Mão e a Luva', Estevão apresenta a mesma insegurança e dependência existencial, por assim dizer, de Bentinho em 'Dom Casmurro'. Ambos necessitam de um confidente para contar-lhes as aflições e angústias amorosas. '...Entre estes dois homens [Luís Alves e Estevão] travara-se amizade íntima, nascida para um na simpatia, para outro no costume. Eram eles os naturais confidentes um do outro....'. Ou como disse Bentinho: 'Escobar, você é meu amigo, eu sou seu amigo também; aqui no seminário você é a pessoa que mais me tem entrado no coração, e lá fora, a não ser a gente da família, não tenho propriamente um amigo.' Assim, Luís Alves e Escobar, respectivamente, mostram-se lúcidos e mais práticos em relação a vida que os cerca.

Os olhos de oblíqua e dissimulada de Capitu já estavam presentes na Guiomar, a forte moça de 'A Mão e a Luva'. Ali, Machado enfatiza as atitudes de Guiomar, seu caráter e principalmente suas decisões, como faria mais tarde ao falar da esposa de Bentinho. Nota-se, portanto, que a grande diferença entre 'A Mão e a Luva' e 'Dom Casmurro' reside na forma com a qual as histórias são contadas. Com efeito, a forma irônica e provocativa existente na narrativa de Bentinho é absolutamente distinta do rigidez estilística que permeia 'A Mão e a Luva'.

Contudo, é evidente que o Machado de 'Dom Casmurro' já estava dentro do de 'A Mão e a Luva', ou seja, ajustam-se as histórias, os personagens, o contexto. E nas próprias palavras do escritor: 'Como se aquela luva tivesse sido feita para aquela mão.'
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