Drágeas, ampolas,
Sarrafos e bengalas.;
Castiçais mórbidos,
Feridas inflamadas.
Um “não sei o que dizer”,
Vidros rasgam a madrugada.;
Pérolas, vírgulas, num só ser,
Camas amargas, roupa amarrotada.
O vício, a negação.;
O sonho, o perdão.;
A morte, o vulcão.;
A vida, ressurreição.
Rezas e prantos,
Viajou, sou eu.
Em todos os cantos
Teu nome, meu.
Pêlos, amores, avante,
Corpos, suores, malandro,
Coriza, moleca, amante,
Gato noturno cantando.
Véu, criatura cinzenta.;
Névoa, febre matinal.;
Peste, olhos, arrebenta,
Cacos vivos de cristal.
O mar, o naufrágio.;
A urna, o sufrágio.;
O voto, o presságio,
Uma nova nação.
Brilhou a parede,
Pálida luz.
Espasmo, cacete,
Morte na cruz.
O vil, o pão.;
A mágoa, assovio.
Um gentil não,
Obediência gentil.
Colore, colore,
Batuca o bilboquê.;
Beija, sacode,
Latido, por quê?
Chupa sangue,
Morde e queima.
Generoso arranque,
Estúpido teima.
E isso é poesia?
Não.
Samba da Ilusão.
Creio e não sou poeta,
Apenas um brincalhão,
Um pássaro na madrugada,
A estrelar a além-razão.
|