TRÂNSITO.
Ana Zélia
Carros apressados. Pessoas agitadas, rostos fechados...
O tempo passou a ser mais importante que a vida.
A solidariedade fenece, quando a vítima é o outro...
O delito ainda é culposo. Sua base é a NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA,
IMPERÍCIA.
Para a Lei. No trânsito não há dolo.
Os legisladores por certo não foram vítimas dos
“loucos” que usam a máquina.
Carros apressados.
Homens afobados. O tempo encurta e eles precisam vencê-lo.
Cabeças assassinas.
Um corpo estirado no asfalto, palco ideal.
Passam por cima, se vão.
O carro segue nada sofre.
O condutor fica impune.
A máquina é uma arma poderosa,
após os 80 kms. Sua vida corre perigo, não mais se domina.
O homem criou pistas especiais para as corridas,
Mas os complexados que não satisfeitos usam as estradas
Sem respeito algum, pelo irmão que tenta atravessá-la.
É uma criança, um idoso, seu filho, pai ou mãe. É a pressa.
Faz tempo os jornais noticiaram um fato real.
Um médico passa com seu carro apressado.
Uma pequena vítima jaz no chão estirado.
A multidão pede socorro.
_ Alguém ajude! Ele não para, segue adiante.
No hospital chega um ser inerte. Ele atende. É sua filha.
Se tivesse sido atendida antes, estaria apesar de tudo, viva.
A pressa foi mais forte que a morte.
Máquinas tão belas.
Mãos assassinas!
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Nota da autora- 19.07.1977 às 19 horas,
um louco do volante mata meu pai estupidamente,
o quebra todo, o deixa estirado no asfalto e
foge acelerando mais e mais seu veículo. Só Deus por testemunha,
o assassino deve dormir o sono dos anjos, nem se lembra que tirou a vida
de um trabalhador, meu pai era peixeiro e retornava do trabalho.
Tinha 67 anos, aposentado pela previdência, mas precisava sair de casa
às 22 horas e retornar às 4 da madrugada, dormia uns segundos
e ou ia pra feira ou colocava o tabuleiro repleto de peixes e percorria
a cidade, bairros isolados para sustentar a família.
Quanto vale uma vida? Até hoje continua tudo igual.
Os loucos nas ruas acelerando quando percebe que o transeunte
É uma criança ou um idoso. Meu Deus!
Manaus, 05.06.2011 (Ana Zélia
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