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Ensaios-->Por uma Ética Imoral -- 13/01/2002 - 13:38 (Taitson Alberto Leal dos Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Por uma Ética Imoral


“Ajuda a ti mesmo: e então todos te ajudarão. Princípio do amor ao próximo.” (Nietzsche)

Na busca à compreensão da conduta do homem, uma das interpretações mais aceitas é de que a Moral (mores) caracteriza-se pela busca do Bem, a procura do Bem para o coletivo; este Bem institui-se de acordo com um conhecimento de si, criando-se um conceito universal de Bom. Portanto, entende-se a Ética como o conjunto de “normas” que regulam as ações do homem e Moral a aceitação desta “norma” (ou desta Ética).
Todavia, com tais definições surgem os primeiros problemas: percebe-se o quão desafortunado pode ser tal conceito, uma vez que torna-se custoso conhecermos o que é Bom para todos, somente pelo conhecimento pode-se dizer o que é Bom ao coletivo; não se pode afirma-lo a partir de uma vontade - ou Necessidade - individual, visto que o Bom para mim, não é , necessariamente, o Bom ao outro. A Ética (êthos), etimologicamente se constitui num apelo inspirador às ações humanas (“se refere ao que se faz ou se é por características naturais”-Chauí), enquanto a Moral proclama uma defensa, regulando as ações do homem impedindo-o de realizar sua Vontade; ao passo que aclama por um Bem geral, o mesmo Bem a todos, instituindo o não. A moral extrai do homem a possibilidade daquilo que ele deseja, numa frenética busca pelo Bem termina por instituir o verdadeiro Mal, uma vez que o Bem do todo, por vezes, não condiz com o Bom para mim, ou seja, o todo torna-se ordenado, ao passo que os indivíduos que o integram não se realizam. Desta forma a Moral põe por terra tudo quanto seja Bom e estabelece o Bem, fundamentando-se através de conceitos humanamente construídos
Em muitos casos não conhecemos o que é o Bom ou, se o conhecemos não o experimentamos, pois muitas vezes o que é Bom a nós vai de encontro a tudo quanto a Moral nos marcou. O Bom, a nós, é inefável.
Nietzsche, seguindo esta interpretação da Ética como norma que o sujeito cria a si próprio e não ao coletivo, vai denominar o sujeito ético de nobre, enquanto que o sujeito moral é o escravo. O nobre nietzscheano é o que cria para si o que é Bom e o que é Ruim, vivendo, desta forma, eticamente, mas contra a Moral. Ao passo que o escravo é o que recebe de fora o Bom e o Mal, nada cria, aceita o que a Moral lhe impõe, Moral esta conforme a interpretação aceita atualmente. “Moral: é preciso disparar contra a moral”, diz o autor de ‘Crepúsculo dos Ídolos’.
Enquanto o homem que cria seus próprios valores, o ético, vive em sinceridade e franqueza para consigo, o homem moral vive na mágoa, não sendo franco para consigo, vivendo numa má-consciência.
O homem escravo é o homem do ressentimento, em cada ato seu que vai de encontro aos preceitos morais, vem ao seu encontro a culpa, a má-consciência, o remorso, ou seja, a doença. E é assim que desejam que nos sintamos.

Taitson A. L. dos Santos



* Texto publicado em 'A Tribuna Piracicabana' - 26/07/2001 e n O Estado de São Paulo: “estadão.com.br”: 09/11/2001. www.estadao.com.br/artigodoleitor/htm/2001/nov/09/119.htm
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