eu te espreito na esquina, mulher,
não sou tua sombra,
nem teu amante desesperado.
quero apenas saber de quantas
mentiras és formada
e de quantos beijos comprados
precisas pra continuar viva.
ó, vida!
fácil é dizer
ou seria morte
que imita a vida
quando tu imitas nos gemidos
a felicidade que os tostões
querem forjar?
continuo na esquina, mulher,
vejo-te voltando com volumes
na bolsa e outros no coração.
penso e sofro pelos dias
em que, inocente,
desejava beijar tua boca de carne
morri contigo!
|