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Ensaios-->BLITZKRIEG -- 19/02/2002 - 01:20 (Wilson Coêlho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, romance do espanhol Blasco-Ibañez (1867-1928), que traz o título da tela de Dürer, fora escrito em 1916, 'inspirado' na primeira grande guerra, em especial, nos papéis desempenhados pela França e pela Alemanha.
Com o mesmo título, Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse fora filmado no cinema mudo, em 1920, com Rodolfo Valentino e, mais tarde, em 1962, com Glenn Ford, no cinema falado.
No romance em questão, Blasco-Ibañez, sem aprofundamentos psicologistas, explora o épico e o ingênuo no conflito entre os dois cunhados, Marcel Desnoeyers e Karl Hartrot, como se uma tentativa de mostrar suas diferenciadas visões de mundo que são reflexos imediatos da intransigência franco-alemã.
O estilo de Blasco-Ibañez em Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse é mordaz, pois suas pitadas de ironia trazem à tona e temperam com maestria o que há de mais proximo naquilo que aparentemente se distancia. As irmãs argentinas, Luíza e Helena, casadas respectivamente com Marcel e Karl, durante a guerra estão na mesma igreja, ajoelhadas lado a lado, orando e pedindo proteção divina a seus filhos.
E, já que nem sempre um tango argentino pega bem melhor que um blues (sic), por um lado, Luíza pedia a Deus proteção à heróica causa da civilização e da humanidade francesas, bem como, a luta de seu filho-soldado contra a invasão do bárbaros alemães (comparados aos hunos ou eftalitas, tanto pelos franceses quanto pelos ingleses – pelo menos algo em comum).
Por outro lado, Helena pedia aos céus o êxito do marido, o alemão que empregava todas as suas faculdades para provocar a derrota da França, além de suplicar pelo sucesso dos filhos que, com armas em punho, invadiam cidades, assassinavam habitantes e só deixavam atrás de si o incêndio e a morte.
Naquela época, segunda década do século XX, talvez por considerarem ilógico tudo aquilo que pudesse prejudicar seus planos de vida, muitos franceses não acreditavam na guerra. Outros, por acreditarem a Europa demasiado civilizada preferiam crer que nessa época já não havia lugar para uma guerra conforme se propagavam em boatos. Os alemães, por sua vez, levando em conta a idéia de estarem melhor preparados, pensavam que seria uma 'guerra-relâmpago' (Blitzkrieg), pois aproveitando-se de sue posição geográfica central, 'decidiram' destruir o exército francês em apenas algumas semanas.
Em Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, Blasco-Ibañez põe em xeque uma série de valores que vieram a construir na mentalidade euro-ocidental a idéia de cultura por intermédio de seus cavaleiros travestidos de Conquista (Peste para os outros), Guerra, Fome e Morte. Para os que perdem – mesmo que não tenham perdido a guerra, mas sempre se perde algo – fica a sensação de uma justiça a ser feita, pois – conforme o personagem Marcel – a 'indulgência para com os que quiseram deliberadamente o mal é um cumplicidade. O que perdoa o assassino trai a vítima. É bom que a guerra devore seus filhos, e, quando se arranca a espada, deve-se morrer pela espada'.
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Wilson Coêlho é escritor, dramaturgo, encenador do grupo Tarahumaras e professor de filosofia, graduado pela UFES.
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