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Ensaios-->ASSASSÍNIO DE UM POETA -- 19/02/2002 - 01:25 (Wilson Coêlho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

'... si es verdad que soy poeta por la gracia de Diós
- o del Demonio -, también lo es que soy poeta
por la gracia de la técnica y del esfuerzo,
y de darme cuenta en absoluto de lo que es
un poema.' García Lorca

Fuzilado aos 19 de agosto de 1936, num olival de Fuente Grande, Granada, por responsabilidade do regime franquista no início da Guerra Civil Espanhola, o poeta e dramaturgo Federico García Lorca (1898-1936), apesar de terem tentarem silenciá-lo para sempre, tornou-se poderoso o bastante para – através de seu trabalho legado à humanidade – inscrever-se no rol dos que acreditam e colocam a vida a serviço da vida.
García Lorca nasceu aos 5 de junho de 1898, em Fuente Vaqueros, distrito de Granada, região considerada na época com a mais tradicional, conservadora e atrasada da Espanha. Estudou letras, filosofia, aprendeu música e escreveu seus primeiros poemas em Granada. Depois, em 1929, foi para Madrid desenvolver e mostrar e trocar conhecimentos por intermédio do teatro e da literatura. Em 1920 estreou sua primeira peça EL MALEFICIO DE LA MARIPOSA e, no ano seguinte, publicou sua primeira obra em versos LIBRO DE POEMAS.
Desde sua chegada à capital – onde travou relacionamento com a 'nata' da intelectualidade considerada progressista, como Salvador Dali e Luís Buñuel – até a sua morte que somam 17 anos, escreveu as seguintes obras: CANCIONES, PRIMER ROMANCE GITANO, ROMANCERO GITANO, EL POETA EM NUEVA YORK, inspirado em sua viagem aos EUA nos anos 30, POEMA DEL CANTE JONDO – explorando o folclore de Andaluzia e LLANTO POR IGNÁCIO SÁNCHEZ MEJÍAS – elegia em virtude da morte de seu amigo toureiro, na arena, que também era poeta e dramaturgo.
Na dramaturgia, deixou várias peças, além de BODAS DE SANGRE, YERMA, LA ZAPATERA PRODIGIOSA e LA CASA DE BERNARDA ALBA que são apenas as mais conhecidas.
Além da vasta e fecunda produção lorquiana na poesia e no teatro, era também considerado um excelente desenhista e músico amador. Na Fundação Rodriguez Acosta, em Granada, estão expostos 300 de seus desenhos.
Buscou sempre a originalidade retornando ao primitivismo como se fora a necessidade de beber a água 'pura' no manancial das origens, embora sua poesia e seu teatro estivessem sempre infectados por ares de morte, presente em quase toda a sua criação, como que profetizando seu próprio e trágico destino – mesmo que ainda tão jovem.
Acreditava ser o teatro – onde se realizou com mais vigor – um dos meios mais poderosos e eficientes para a verdadeira expressão artística. Era um homem completo no teatro, ou seja, desempenhava as funções de dramaturgo, diretor, ator, cenógrafo, figurinista, sonoplasta, etc. Percorreu toda a Espanha levando o teatro ao povo que – há muito tinha sido desprezado e afastado pelas classes dominantes. Suas peças são carregadas de mensagens políticas e sociais, denunciando a sociedade de aparências – o kitsch com seus falsos valores –, desmoralizando os 'privilegiados' e todo o comportamento de uma mentalidade contaminada por dogmas que tendiam (?) promover e apoiar uma série de injustiças contra o povo.
Sua preocupação com o teatro também se dava em relação aos temas, a maneira como deveria chegar ao povo e como levá-lo ao seu verdadeiro destinatário de forma revolucionária e não simplesmente como mais um engodo para a distração e reprodução de débeis mentais.
Seu objetivo era romper com o teatro alienante que – transformado em mero sabonete de vitrine – tinha como propósito único agradar e satisfazer suas platéias burguesas. Não se pode afirmar que Lorca tivesse sido um militante de esquerda, mas seu posicionamento frente às injustiças cometidas ao povo que tanto amava, como os ciganos alijados da sociedade, os toureiros e toda a gente deserdada; sua luta contra os reacionários religiosos que – em nome de Deus e da moral – exploravam e massacravam toda uma nação; seu desprezo diante os fidalgos e caudilhos e todo o seu viver serviram de ameaça para a classe dominante e, assim, na madrugada de 19 de agosto de 1936, foi morto com um tiro de fuzil de maneira cruel e nada poética. Seu dito amigo e companheiro, o pintor Salvador Dali, ao saber de sua morte apenas exclamou: ' – Olé!' (é assim que em espanhol as pessoas se expressam quando um toureiro efetua um passo particularmente brilhante frente ao animal ensangüentado).
Futuramente, esse mesmo pintor aceitou o prêmio Grã Cruz de Isabel, a Católica, das mãos do próprio generalíssimo e sanguinário Francisco Franco Bahamonde.
Inútil a tentativa de se fazer silenciar o verdadeiro poeta quando ele mesmo sabe que continuarão vivas as idéias que não pertencem apenas a um homem, mas a toda uma classe que luta. A ordem de Franco, quando exigiu o extermínio de Federico García Lorca, perdeu-se no ar e o poeta representado por toda a sua obra se liberta do amarelado dos livros e fala a todos nós o que os tiranos nos fazem desde a sua época.
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Wilson Coêlho é escritor, dramaturgo e graduado em Filosofia.
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