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Ensaios-->A PEDAGOGIA MODERNA E OS EDUCADORES -- 19/02/2002 - 01:47 (Wilson Coêlho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A PEDAGOGIA MODERNA E OS EDUCADORES

Wilson Coêlho

Se a própria filosofia moderna divide a subjetividade em “eu” psicológico, pessoa (consciência moral) e sujeito do conhecimento, daí, estão criadas para a pedagogia todas as bases das situações conflitivas. Primeiramente, o eu psicológico é entendido como as vivências do indivíduo nos seus estados corporais e mentais relativos a si mesmo e no mundo que proporcionam ao indivíduo o sentimento de identidade, na medida em que estes estados são unificados. Depois, a pessoa – ou consciência moral – é considerada como espontaneidade livre e racional capaz de deliberar e julgar no que diz respeito aos direitos e deveres como base de suas valorações e assunção de suas responsabilidades. Ainda, por sujeito do conhecimento, entende-se a consciência como atividade sensível e intelectual capaz de analisar, sintetizar e representar, trabalhando com os objetos em nível conceitual e formulando significações, juízos, idéias e teorias. Tanto o conhecimento quanto a pessoa são considerados diferentes do eu psicológico que singulariza o indivíduo, pois estes são concebidos como instâncias capazes de aspirar a universalidade nos seus julgamentos sobre o bem e o mal, assim como, sobre o verdadeiro e o falso.
É dizer que estas definições redundam em si mesmas, ou seja, se sustentam apenas em um nível conceitual, levando em conta que – do ponto de vista da realização histórica – o “eu psicológico” torna-se uma farsa, pois já não se trata do “eu” do indivíduo como tal. A vivência do indivíduo, assim como, seu sentimento de identidade são, nesse caso, um estado do “fora de si”. Isto posto, existe apenas um individualismo (culto ao indivíduo) que é a própria negação do indivíduo e, a identidade (idêntico ao outro) não diz respeito a um “eu” que se reconhece na alteridade, mas – sim – a existência de um ideal de outro a que o suposto eu deve se adequar. Quanto a pessoa ou consciência moral, se nos parece quase impossível conciliar uma espontaneidade livre com o racional, considerando uma espécie de não-existência da subjetividade quando a capacidade de deliberar ou julgar algo dos interesses do sujeito, chamados direitos e deveres, as bases de suas valorações, bem como, as responsabilidades que ele assume são pré-determinadas em função dos interesses da mentalidade dominante de uma certa sociedade. E ao se admitir o sujeito do conhecimento como subjetividade supõe-se – conforme a tentativa da moderna sociedade burguesa – a possibilidade da existência do conhecimento sem o sujeito e vice-versa, ou seja, tanto a figura do sujeito quanto aquilo que atesta o conhecimento da sociedade são determinadas pelas bases de uma subjetividade produzida nos moldes da produção capitalista.
Assim, sendo a pedagogia entendida como processo de condução, acompanhamento e a vigilância de uma sociedade em prol de sua moral estabelecida, fica então patente que a pedagogia é determinada pela mentalidade que domina esta mesma sociedade. Daí, a possibilidade da existência de “pedagogias” cria para os educadores uma série de situações conflitivas, onde a prática do educador sensível às questões da mentalidade dominada se dá justamente no momento em que ele retoma – como uma realização histórica e cultural – tudo aquilo que realmente define o processo de construção do sujeito, não a partir de uma subjetividade metafísica e idealista, mas na perspectiva de uma ontologia capaz de levar em conta suas contradições, suas necessidades e seus anseios.
Enfim, a pedagogia não se trata de uma coisa em si, mas – sim – de uma ferramenta, um instrumento para se forjar a educação, entendendo a educação como um fator social pelo qual uma sociedade transmite o seu patrimônio histórico, cultural e ideológico. Mas – numa sociedade dividida em classes – existem as contradições e o educador deve estar sempre atento aos significados e valores que, nesta realidade, são também contraditórios.
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Wilson Coêlho é escritor, dramaturgo e graduado em Filosofia pela UFES.
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