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cronicas-->O FIM DO MUNDO -- 18/06/2000 - 12:41 (José Renato Cação Cambraia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Todos nós aprendemos desde criança que os portugueses foram os primeiros seres humanos não acostumados com o banho diário que pisaram na nossa maravilhosa terra. Todos sabemos também que o capitão da esquadra lusitana que avistou o litoral baiano era o navegador Pedro Álvares Cabral, que, na verdade, não descobriu o Brasil, e sim descobriu que as suspeitas de que havia mais terras pra baixo daquilo que Colombo achou eram verdadeiras. Para isso, o rei D. Manuel I disse: "Cabral, meu velho, dê uma checada ali pra ver se é verdade". Aí o resto todo mundo já está careca de saber. O que eu vou contar agora são os fatos que antecederam a partida de Cabral, que estão descritos num diário de bordo encontrado no fundo de um cofre de uma doçaria portuguesa de propriedade de Augusto Roncada, um descendente do grande navegador lusitano Filipe D´Algibeira Roncada, o qual fornece informações surpreendentes sobre os acontecimentos daquela época.
Cerca de um ano antes de Cabral partir para as índias, uma grande cadeia portuguesa de lojas de bolinhos de bacalhau, a MacJoca´s, anunciou sua promoção de fim de ano, onde iria patrocinar um navegador para descobrir um continente no Hemisfério Sul, com todas as despesas pagas. Para ganhar a promoção, o concorrente deveria proclamar, sem titubear, os ingredientes do famoso bolinho de bacalhau, cantando uma conhecida melodia: "dois quilos de batata, bacalhau desfiado, cebola picadinha, tempero especial, um pouco de pimenta e um quilo de farinha". Navegadores de todas as regiões, do Porto a Lisboa - havia até um alentejano - compareceram, mas quem se sagrou campeão foi mesmo um filho de Aveiro, Filipe D´Algibeira Roncada, recém-saído da Faculdade de Descobridores de Continentes da Universidade de Coimbra. Filipe vibrou muito e, no dia seguinte, colocou uma boina com uma pena no topo e foi conhecer sua esquadra. Era uma pequena esquadra de dois navios, novinhos em folha e com o símbolo do MacJoca´s nas velas. O navegador Filipe Roncada assinou então os papéis (que tiravam a responsabilidade da MacJoca´s no caso de a tripulação ter um encontro desagradável com Leviatã no meio do Oceano) e uma semana depois, em janeiro de 1498, partiu de Lisboa para o que achava que seria sua glória eterna. Comentou com seu primeiro oficial, o espanhol Aragonés, "meu fiel amigo, já vislumbro meu nome sendo perguntado nas questões de provas de História da nova terra, a qual hei de batizar de Filipàndia, daqui há 500 anos - quem descobriu a Filipàndia? - e a resposta a estar na ponta da língua dos gajos de todo o País - Filipe D´Algibeira Roncada".
A viagem prosseguia sem contratempos, Filipe estava sempre radiante e bem humorado, principalmente porque um dos navios levava consigo uma carga valiosíssima, sem a qual Filipe não conseguiria sequer sobreviver em alto mar - quatrocentos quilos de pastéis de Santa Clara, um doce delicioso à base de ovos, farinha e açúcar, produzido artesanalmente pelas freiras do Convento de Santa Clara, em Coimbra. O plano de Filipe era de, além de se tornar personagem de livro de História, ficar rico abrindo uma rede mundial de doçarias portuguesas, tendo como carro-chefe a inigualável sobremesa. Aliás, chegou a sequestrar uma freira do convento, para que ela seguisse a viagem e cedesse o know-how necessário para a abertura das filiais na sonhada Filipàndia.
O navegador imaginava então uma terra imensa, incomensurável, cheia de riquezas naturais, madeira à vontade, ouro e prata aos borbotões, rios que facilitassem a comunicação, clima e solo ideais para os mais diversos plantios, uma capacidade de produção infinita! "Será uma terra das maravilhas, ó Aragonés! Nunca haverá de faltaire nada a ninguém! Principalmente meus pastéis de Santa Clara, que estarão em toda a parte!". Disse isso e desceu no depósito para comer mais um. Aragonés, que não ligava muito para doces, comeu um bolinho de bacalhau.
Três meses depois da partida, numa manhã de fevereiro, Aragonés entrou na cabine do capitão exultante de alegria, acordando-o com gritos de "Terra à frente, terra à frente!". Filipe então correu para a proa e, apoiando-se no guarda-corpo, vislumbrou a mata virgem densa, os morros, a praia linda e o mar cristalino do lugar onde hoje chamamos de Ilha de Fernando de Noronha. Circundaram então a ilha, desceram, exploraram a região, comeram bananas, encheram os reservatórios de água e depois subiram a bordo. Filipe, decepcionado, não conseguiu conter as lágrimas. Lá se iam seus sonhos, sua cadeia de doçarias, a nau zero km de passeio - "Ö Aragonés, é muito p´quena esta terra! Só vai cabeire uma filial!". Aragonés ainda tentou animar o amigo e patrão - "vamos à frente mais um pouquito só, aí encontraremos o seu Paraíso, meu capitão!", mas Filipe estava muito desiludido e respondeu "meu bom Aragonés, não há de haveire nada além destas ilhotas, somente as bestas guardiãs dos portais do fim do mundo" (Filipe era um pouco avesso às novas idéias sobre a esfericidade da Terra). Assim, a esquadra retomou seu caminho de volta às terras de Camões, onde Filipe D´Algibeira Roncada continuou sua vida, abrindo uma doçaria em Aveiro, chamada Pastelaria Roncada. Pouco tempo depois, ao saber da descoberta de Cabral, Filipe foi visto pela última vez entrando nu no mar da praia de Figueira da Foz, gritando "é minha, é minha".
Estes fatos elucidam o mistério que até hoje desafiava os historiadores - a presença de uma ruína numa praia de Fernando de Noronha, onde uma placa diz "Brevemente inauguração". Quem quiser saber mais sobre o diário de Filipe, pode dar uma olhada no site www.verdadeirodescobrimentodobrasil.com.br.
Hoje, 500 anos depois, vejo que perdemos a chance de sermos um país altamente produtivo, cheio de dólares, de comida, de carros BMW, aviões e bombas nucleares, dando as cartas, governando o mundo, inventando a Microsoft, porque simplesmente não fomos colonizados comendo, desde o princípio, aquele maravilhoso doce português.



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