Eram Bufar e Não- sei- porque
Onde um estava, o outro também
Essa é a história que ouvi de um velho
E resolvi contar para ninguém
Saíram da cidade grande, Não- sei- porque
De um lado, Bufar de outro lado
Foram morar juntos no mato
Pois, por sorte ou azar, ficaram endinheirados
Lá naquele lugar aprazível
construíram o templo do saber
Ao sabor da curiosidade e interesse
procuravam o ser, porque já tinham o ter
Liam de tudo um pouco
anatomia, geografia, biologia, física e literatura
encontravam tempo ainda para criar
mudas novas de rosas azuis e claras verduras
A cabeça deles era uma imensa enciclopédia
Nela cabia o tamanho dos rios, o nome verdadeiro da borboleta
O"eu sei que nada sei"do filósofo
O invisível aos olhos e o mecanismo da espoleta
Mas um dia, Bufar e Não-sei- porque
foram além, ou aquém, do interpretar a escrita:pensaram uma técnica capaz
de dar ao inorgânico vida
a partir daí, por um decreto divino
uma lei foi instaurada:
de tudo o que for feito pelo homem
uma boa parte será inacabada
|