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Cronicas-->O ANO 2000 -- 18/06/2000 - 12:42 (José Renato Cação Cambraia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

De todas as expectativas que eu tinha para o ano 2000, a que mais me frustrou foi o fato dos carros não levantarem vóo na virada do ano. Desde moleque, eu imaginava que no ano 2000 os carros voariam, e as ruas seriam dispostas por níveis. Quanto mais baixa a altura da rua virtual, menor a velocidade dos veículos. Já estava tudo planejado! Mas não, continuamos presos aqui embaixo, gastando um combustível que sabemos que vai acabar, queimando borracha dos pneus, gastando uma grana sem fim com seguros e manutenção, batendo uns nos outros. Onde eles vão guardar toda essa sucata quando o petróleo chegar no fim? Nem todos os carros poderão ser usados como galinheiros. "Vendo - galinheiro VW 95, ar condicionado e trio elétrico, bancos de couro. Ótimo estado - R$250,00, sem as galinhas".
Eu achava também que os produtos de supermercado iriam aparecer com novidades fantásticas, como aparelhos de barbear que garantem a pele lisinha por um ano inteiro, comidas realmente instantàneas, como o frango assado na cerveja acompanhado por nhoque ao sugo, que viria numa cápsula do tamanho daqueles detergentes de máquina de lavar louça; bastaria pingar uma gota d´água e plim!, lá estava o prato fumegante e cheiroso. E os robós, que fariam todo o trabalho doméstico. Melhor ainda, micro-robós, milhares, do tamanho de formigas, que limpam a casa à noite, levando a poeira e a sujeira para o lixo, sem o barulho do aspirador.
A educação, dentro das minhas expectativas, daria um passo fenomenal. Ninguém precisaria ir mais às escolas e faculdades. Bastaria comprar os chips educacionais, que seriam implantados no cérebro à medida que a pessoa fosse escolhendo a sua profissão:
- Bom dia!
- Bom dia, senhor, em que posso ajudá-lo?
- Preciso de um chip de motorista profissional, mecànica automotiva e resistência dos materiais.
- O senhor não quer aproveitar nossa promoção? Compre quatro chips e leve grátis esse aqui, de neurocirurgia.
- Tudo bem, então! Vou levar também aquele ali, de Física Quàntica.
- É para presente?
- Só o de motorista, que é para minha mulher.
O sistema bancário então, seria uma maravilha. Filas seriam coisa do passado longínquo (ou de bancos pertencentes ao estado), e "ir ao banco" seria uma frase desconhecida. Graças ao chip Brainline 2000, estaríamos 24 horas por dia conectados mentalmente à Supernet (Internet já era), e para fazer uma transferência, seria muito mais fácil:
- Arnaldo, meu velho, até que enfim te encontrei!
- E aí, Bráulio? Tava me procurando?
- E aquela grana, você não me pagou!
- Hum, é mesmo. Peraí! - Arnaldo se concentra, fenchando os olhos - Que número é a conta mesmo?
- 971214785 dígito 3
- Pronto!
- Valeu hein, Arnaldo! Até mais!
- Falou!
Fora isso, ainda teríamos as viagens. Passaríamos as férias e Luas de Mel não em Cancún, mas em Andrómeda. Com as novas espaçonaves, que voam a velocidades relativísticas (próximas à da luz), poderíamos ir a qualquer ponto do Universo facilmente. Produtos sofisticadíssimos seriam contrabandeados daquele planetinha pobre naquele sistema solar perto da fronteira da Via Láctea:
- Troquei meu micro.
- Ah, é? Por qual?
- Um Pentium12, 50.000Mhz com 800Gb de RAM.
- Legal, tá lá na sua casa?
- Não, acabei de pegar, tá aqui no meu bolso...
Nossos novos amigos, os aliens, começariam a se mudar para cá, buscando novos ares, novas vizinhanças. Rapidamente teríamos que nos habituar com braços a mais, trombas e peles azuis nos nossos vizinhos. Claro que nem sempre seria uma boa:
- Querida, vamos dar boas vindas aos nossos novos vizinhos.
- Ah, o novo gerente do Banco Intergaláctico?
- Sim, vamos levar esta cesta de café da manhã, eles devem estar cansados da viagem.
- É, eu odeio o Teleporte!
Bzzzzz - tocam a campainha. Sai uma criança alienígena, azul e com uma pequena tromba.
- Oi, seu pai ou sua mãe está?
A criança volta pra dentro e grita ao pai - Paiê, o almoço chegou!
- Nossa, que rápido! Acabei de desligar o mentalfone!
Uma garra mecànica sai rapidamente de dentro da casa, captura o casal e os leva para dentro, jogando-os num microondas gigante. Nem tiveram tempo de entregar a cesta e já estavam quentinhos, sendo servidos.
- Tá na mesa! - Gritou a mãe alienígena.
É, talvez seja melhor as coisas ficarem como estão. Apesar disso, ainda tenho minhas expectativas, pois o Século XXI só começa no ano que vem, em 2001, e espero ansiosamente um telefonema ou e-mail da Volkswagen para eu comparecer até a Copa e adaptar minha Saveiro com o novo gerador de campo antigravitacional, transformando-a no verdadeiro carro do futuro.
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