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Poesias-->No centro da rosa -- 13/01/2003 - 09:34 (joão manuel vilela rasteiro) |
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1. Entre o rosto e o infinito
os cinco sentidos
a unidade íntima que acende
o estômago e os pulmões,
quietude plena
em que todos os músculos se concentram
o oposto do oposto
num charco de fantasias sequiosas
ante o vazio do centro
sem que o olhar se concentre
antes do tempo ou demasiado tarde
nas palavras polidas
que unem o obscuro à claridade.
2. É fácil multiplicar o labirinto das tentações
na palavra que eclipsa as palavras
num gemido sem boca
e nas fontes do corpo o nome da rosa
que se deixa fundir lentamente
na página incendiada.
3. O rosto e os membros
corpo e alma como uma lâmpada na pele
que nenhuma sombra atravessou
um imperceptível sono
como se fosse em água transparente
que ninguém possa contemplar
as últimas bolhas de ar
fechadas dentro de suas muralhas.
4. As mãos como pássaros inquietos
sobre travesseiras de pedra
murmurando como nos mitos
o som transparente do monólogo
a sua herança perdida
por entre todos os olhos erguidos da terra.
5. Nas partículas elementares da luz profanada
o corpo mergulha insensível
no infinito cada vez mais infinito
origem do fogo e da fábula
onde sou dois enquanto sou um só
e me encontro face a face
entre as duas metades que formam o mundo
no horizonte do mármore das palavras.
in.; "A palavra contra a boca" - inédito - 2002 |
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