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Contos-->Uma História Reles IV -- 03/11/2002 - 21:15 (cumpadri) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quarta parte do conto: Uma História Reles.

No dia em que Ana fez 21 anos e na altura em que se preparavam para dar inicio aos festejos, o médico bateu à porta, Ana abriu-a e, a pedido do visitante, foram conversar para o exterior da casa, num sítio onde o moço não os ouvisse! A rapariga voltou para casa sem companhia. Boy ao observa-la: achou-a confusa. Não a sentiu triste, mas também não a sentiu, totalmente, alegre, não viu que a dor a dominasse, mas também não a viu isenta dela,... Depois de ultrapassar os instantes em que a confusão também o visitou como que por afinidade, perguntou curiosamente:
- O que foi que o médico te disse, meu amor? Não!, não contraíste a doença maldita daquela vez em que o preservativo se rompeu a um dos teus clientes?... Claro que não, isso...
- Segundo os exames feitos é pouco provável, disse o médico, mas vou ter de os repetir mais tarde... Só que...
- sim, só que?...
- Estou grávida de dois meses, foi primeira vez que aquilo se rompeu e...
Boy ficou atónito. Não sabia o que dizer, o que fazer. Nem sabia se estava triste ou alegre, mas como que mandada pelos céus uma ideia chegou-lhe. Aquele era um presente do Pai comum, era o filho que nunca poderiam ter. Agora usava um nome falso, oficialmente ninguém sabia a sua doença, poderia dar o seu nome àquela criança. Ela seria o filho deles. Boy sabia e, com certeza, Ana também que a hora dele estava prestes a chegar, a sua saúde degradava-se de dia para dia, aquela notícia chegara na hora exacta. Ana, trazendo no seu interior uma nova esperança, aceitaria melhor o chamamento que o Pai do Céu estava a fazer ao seu companheiro. Eles encararam a situação também como se de um milagre se tratasse, O bebé que viria a nascer era o filho saudável que Boy nunca poderia ter. Nessa noite comemoraram a triplicar. Comemoraram: os 21 anos de Ana, o presente em jeito de compensação que ela tinha recebido e o milagre que Deus tinha concedido a Boy.
Uma semana, sobre aquele dia inesperado e maravilhoso para eles, tinha-se passado. Ana, como era seu hábito, chegou a casa por volta das sete horas da tarde, mas, como não era habitual, a casa estava ataviada de vestes de festa. A mesa... A quase-mesa estava de braços abertos pronta para receber um jantar à luz de velas, no sofá insuflável, à espera de um corpo que lhe desse vida, estava um vestido creme feito de um tecido que era quase-seda e que era o mais lindo que Ana até então tinha apreciado, sob o sofá estavam, adormecidos, uns sapatos de cinderela e que condiziam perfeitamente com o vestido, por toda a casa havia ramos de flores expectantes, belos, coloridos e que inundavam a casa com cheiros diversos e maravilhosos. Ana ficou: deliciada, apaixonada, rendida e, sem dúvida, um pouco confusa, pois não sabia nem como seria o próximo acto da sua vida; o que teria planeado o amor dela para aquela noite? Como estava distraída, não é preciso dizer as razões dessa distracção: são evidentes, quando o vulto de Boy a atingiu ela assustou-se, depois de se refazer do susto reparou que o rapaz envergava um lindo fraque azul escuro. Se os olhos de Ana já apresentavam um admirável brilho de alegria e felicidade, com maior intensidade o passaram a fazer. O brilho, vindo dos seus olhos, ganhou tal força que o rapaz não o conseguindo aguentar teve de desviar o seu olhar dos olhos dela. Quando a rapariga conseguiu dominar um pouco a felicidade que a tinha invadido, isto é, depois de correr para Boy, abraça-lo, beijá-lo até não ter mais fôlego para o fazer e agradecer-lhe tudo aquilo através de leves murmúrios de felicidade, ainda com um intenso fulgir no olhar perguntou com voz alegre:
- Qual a razão de tudo isto? O que vamos comemorar? – Ana, nessa altura lembrou-se que tinha algo importante a comunicar ao seu interlocutor – Espera! Não respondas já! Tenho de te dizer uma coisa, quero surpreender-te também! – Soltou alguns risos de euforia e continuou. – Desde que soube estar de esperanças, no dia dos meus anos, decidi deixar a vida. Passei estes últimos dias à procura de emprego e hoje consegui. O nosso médico ajudou-me e sem reclamar qualquer contrapartida. Vou ser secretária de um amigo dele. Essa pessoa disse-me que tem lá uma senhora mais velha que nos primeiros tempos me ajudará e quando ela se reformar, o que já não demora muito, fico no seu lugar. Não é tão bom?!
Tal revelação deixou o rapaz sem palavras, instintivamente abraçou-a e beijou-a, depois disso com uma voz suave e fraca ao ouvido da sua fiel companheira disse:
- Essa é uma das melhores notícias que me podias dar.
- Das melhores? – Perguntou Ana, um pouco surpreendida, o que haveria de melhor? -
O silencio de Boy foi a melhor resposta que ele lhe podia ter dado, pois compreendeu imediatamente qual a melhor notícia que o seu amor gostaria de receber. Ambos sabiam que não deviam ter qualquer esperança em relação ao aparecimento de cura para a sida, mas a ele que sofria dessa doença incurável e já tinha aceite o seu destino era-lhe permitido possuir essa ilusão. Os dois caíram do Castelo de nuvens em que tinham vivido durante toda essa semana e embateram violentamente na realidade, mas Boy restitui-lhes, rapidamente, as asas que os fariam voltar para lá dizendo:
- O nosso tempo é demasiado curto, por tal, infinitamente valioso para o desperdiçarmos a chorar. Vamos, mas é comemorar o facto de teres arranjado emprego!
- Espera, antes disso tens de me dizer o porquê de tudo isto: a mesa composta com velas e tudo, o vestido, as flores,... Qual a razão deste ambiente de festa.
- Chega-te para ao pé da janela. - A rapariga gentil, alegre e curiosamente acedeu ao pedido. - Quero que o nosso Pai ao ver-nos através dela seja testemunha do que se vai passar. Pai, nesta hora tão importante para mim e espero que para a Ana, para nós teus filhos dedicados, usa o teu olhar misericordioso para nos ver e sê as nossas testemunhas! – O rapaz depois de se ajoelhar humilde e respeitosamente à frente da sua linda, respirou fundo, deu um jeito na voz e perguntou: – Ana queres ser minha mulher?

Continua e termina no conto: Uma História Reles Conclusão.
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