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Ensaios-->Sobre a peça de teatro " Navalha na Carne " de Plínio Marcos -- 05/06/2002 - 12:48 (Taíse Regina Leal dos Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Obra: ' A navalha na carne'- escrita em 1968, Teatro Brasileiro.
Contexto Histórico : Pós - Modernismo ( 1945 - 1985 )
AUTOR: Plínio Marcos - (1935 - 1999)

Pós - Modernismo

É o surgimento de uma nova geração de escritores, a partir de 1945, que serve como ponto de partida para traçar um quadro geral da prosa literária brasileira.
O Pós-Modernismo tem como característica, em primeiro lugar, a análise psicológica das personagens, abordando uma visão profunda dos problemas gerados pela tensão que existia entre os indivíduos e seu contexto social.
Essas abordagens de análises psicológicas, ocorrem de forma direta e objetiva, a partir de uma linguagem objetiva e forte, conduzindo o leitor à reflexão profunda do quotidiano e dos mecanismos opressores do mundo 'moderno'.

A literatura Pós-Modernista no Teatro Brasileiro

Até a década de 30, o que predominava no teatro, eram as comédias e as peças sentimentais. Na década de 40, no entanto, em vista das agitações provocadas pela 2ª Guerra Mundial, vem ao Brasil Ziembinski, que participa do grupo 'Os comediantes' e encena ' Vestido de Noiva' de Nelson Rodrigues, que marca a renovação do teatro brasileiro.
Outros grupos de renovação teatral vão surgindo, até que em 1948 funda-se o TBC - Teatro Brasileiro de Comédia- que contava com grandes diretores e atores. Mas com o tempo, esse grupo se desfez por falta de recursos financeiros e alguns atores montaram suas próprias companhias.
Mas apesar da importância do TBC, ainda a predominância era a atuação de autores estrangeiros e em 1953, com a Fundação do Teatro de Arena, com José Renato à frente, junto com Augusto Boal, houve a tentativa de criar um estilo brasileiro para um teatro que apresentasse peças referentes à nossa realidade.
Assim, muitas peças da dramaturgia brasileira foram encenadas. Peças de Ferreira Gullar, Oswald de Andrade, Ariano Suassuna, Plínio Marcos, entre outros escritores maravilhosos, consolidando a força de uma vigorosa expressão da consciência crítica nacional.
O teatro era a melhor maneira para que os escritores expressassem seus ideais. Mas claro que por muitas vezes, tinham que lutar incessantemente contra a CENSURA, que se estabeleceu nesse período entre Segunda Guerra e Ditadura Militar.




Apresentação do texto e dos personagens

Por que o título 'Navalha na Carne' ?

A obra de Plínio Marcos ecoa como se fosse uma navalha na carne das pessoas que a lêem (disse o crítico literário Anatol Rosenfeld- 'Navalha na nossa carne'), mostrando toda a pobreza e podridão que existem no submundo da sociedade.

Personagens:

Neusa Suely - prostituta, já com uma idade avançada, que vende seu corpo para dar o dinheiro a seu cafetão. Ela faz a pergunta crucial do texto: '_ Será que somos gente? ' Será que todos os personagens que Plínio exibe em seu texto, podem ser chamados de 'gente'?
A pergunta de Neusa Suely nos faz refletir se somos alguém na sociedade, ou apenas objetos manipulados por essa sociedade. Ela mesma não se considera como gente, mas sim como um objeto usado por outras pessoas. Tudo o que ela quer é chegar em casa e ter alguém para ampará-la no fim do dia. Ela é uma prostituta que sonha em mudar de vida, pois não considera o seu modo de vida como 'normal'. E o que seria um modo de vida normal?
Neusa Suely também sofre discriminação, não só por ser uma prostituta, mas também por já estar com idade acima dos 30 anos. A todo momento do texto, Wado, o cafetão, a chama de 'galinha velha', entre outros títulos ofensivos. Mas , apesar de toda a discriminação, violência (pois ele bate muito nela) e desprezo que sofre por parte de Wado, ela é submissa a ele, e quando Wado vai embora, ela fica na cama sozinha se lamentando e ainda pergunta se ele vai voltar.
Ela é uma personagem muito interessante, por mostrar a mulher que apesar de tudo o que sofre nas mãos do homem, ainda quer que ele volte. Sofre a discriminação por ser 'velha' ( ou seja, a idéia que o homem -representado por Wado- faz da mulher- representada por Neusa-, é que passou dos 30, já não serve pra mais nada), é agredida física e emocionalmente (pois ele a xinga a todo momento), e o desprezo, que no final, é a única coisa que recebe dele.

Wado - É o cafetão de Neusa Suely. Personagem sádico, violento, viciado em drogas e machão (com os mais fracos), mas que em uma cena ambígua, se revela também homosexual.
Wado é o personagem que não tem um mínimo de respeito pelo Ser Humano. É o machão que espanca a todo momento Neusa , e não a respeita nenhum minuto sequer. Está com ela apenas pelo dinheiro que ela lhe dá para sustentar seu vício. Quando acabar o dinheiro, ele procura outra.
A única vez que se mostra fraco, é na cena com Veludo, na qual ele tenta espancá-lo, mas Veludo não se deixa enfraquecer, e acaba travando uma 'luta psicológica' com Wado. Ele desafiou Wado, e quando acontece isso, Veludo consegue desmontar Wado dizendo que ele é 'macho' apenas com os mais fracos, diz que não é igual a Neusa que aceita tudo dele, e o desafia dizendo que Wado nunca bateria em um homem mais forte que ele.

Veludo- Homosexual que trabalha de faxineiro na pensão onde moram Neusa e Wado. Também é viciado em drogas, por isso, rouba o dinheiro de Neusa para comprar a droga e dar a um menino que trabalha em um bar perto da pensão onde mora. Veludo dá o dinheiro para o menino para ter relações sexuais com ele..

Análise do texto

Em ' A navalha na carne', a todo momento existe um personagem que se vende para comprar outro, em outras palavras, comprar a atenção das pessoas, atenção e carinho, que todo ser humano precisa. Wado sabe disso, sabe que Neusa Suely precisa de sua atenção, tanto quanto Veludo precisa da atenção do menino do bar o qual ama. Sabendo disso, Wado acaba se tornando aparentemente o personagem mais forte da trama.
Wado, aparentemente o personagem mais forte, é símbolo de uma sociedade machista, preconceituosa, violenta e que a todo momento ataca para não ser atacado. A todo momento, ele ataca os outros personagens mais 'fracos', para impor sua condição de mais 'forte', mas quando Neusa assiste a cena em que Wado agride Veludo que não se deixa intimidar desafiando a 'coragem' de Wado, ela percebe que pode ser mais forte e também atacar Wado. Veludo sai da cena e nesse momento ocorre uma luta psicológica entre Neusa e Wado. Um humilha o outro, mas Wado não se deixa levar pelas falas de Neusa. Ele conhece o ponto fraco dela e começa a lhe chamar de 'velha' e diz que vai deixá-la. Neusa, como num ato desesperado de se libertar daquela pressão e com medo de que ele a deixasse, pega a navalha e diz que se ele não mostrar interesse e cumprir seu papel de cafetão , vai cortá-lo com a navalha. Por um instante ela se mostra mais forte que ele, mas como Wado é muito mais 'frio' com relação aos sentimentos humanos, acaba conseguindo virar o jogo, seduzindo-a com palavras doces, e retoma o controle da situação. Ele vai embora, deixando-a sozinha comendo um pão com mortadela e perguntando se ele voltará
A trama de Plínio, mostra uma realidade social brasileira, na qual prevalece a idéia de dominador e dominado, ou seja, o mais forte acaba de uma forma ou de outra, dominando o mais fraco. O mais forte ( o Wado, no texto), se arma de artimanhas para conseguir persuadir os outros personagens, principalmente Neusa, que está totalmente confusa e emocionalmente despreparada para enfrentar uma batalha psicológica.
E a sociedade atual? Será que é tão diferente do que esta, mostrada por Plínio Marcos em 'A navalha na carne' ?


Palavras chaves:

No contexto Histórico, pós-modernista, sublinhamos algumas frases, que vamos explicar aqui.
Percebemos o quanto ' A navalha na carne' se encaixa nesse contexto pós-modernista, através de algumas características predominantes no pós-modernismo, que estão claramente retratadas na obra de Plínio Marcos.
As características que encontramos a todo momento no texto foram:
· 'a análise psicológica dos personagens, abordando uma visão profunda dos problemas gerados pela tensão que existe entre o indivíduo e seu contexto social;
· essa abordagem é feita de maneira clara, direta e objetiva; ( As falas das personagens de Plínio, são extremamente diretas), conduzindo o leitor à reflexão do quotidiano e dos mecanismos opressores do mundo moderno;'

Taíse Regina Leal dos Santos
Maria Helena Alves dos Santos
Eliane Priscila Benato
3ºsem. Letras - UNIMEP











BIBLIOGRAFIA CONSULTADA



MARCOS, Plínio. A navalha na carne. São Paulo: Senzala, 1968.


TUFANO, Douglas. Estudos de Literatura Brasileira. 4ª ed. São Paulo:
Ed.Moderna, 1988.


CULT- Dossiê Plínio Marcos, nº 27, outubro/ 99, Editora Lemos


Filme: 'Navalha na Carne'- adaptado da obra de Plínio Marcos.


















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