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Contos-->Nossos caminhos, nossas escolhas -- 04/11/2002 - 10:31 (A. AAA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Havia antes, numa aldeia distante, perto dos Bosques das Finfrans, um aventureiro chamado Abvar, que tinha sede de viver, e de andar pelo mundo. Diziam que fora da aldeia o mundo era muito belo, porém era muito perigoso. Existiam diversos seres horrendos e bestas soltas por todas as regiões, não excluindo os bosques, e qualquer um que fosse explorar as regiões despovoadas, raramente poderiam voltar vivos. Muitos daquela aldeia já tinham partido, e não haviam retornado. Eram dados por mortos e na aldeia tinha até um feriado que servia para lembrar destes que jamais retornaram, pois em quase todas as famílias existia pelo menos um membro que tentara desbravar outras terras e encontrara um triste fim. Assim diziam os mais velhos aos mais novos da aldeia. Mas Abvar era muito destemido, e nunca deixara que fosse influenciado por qualquer um. Resolveu um dia partir, sem contar nada para ninguém. Todos da aldeia sabiam que Abvar tinha este espírito aventureiro, mas achavam que as palavras ditas a ele durante muito tempo haviam abrandado o fogo que o movia desde cedo.

Assim quando o sol começou a nascer, e seus raios douravam as copas das arvores do bosque, Abvar, com todos seus equipamentos preparados, saiu, sem despedir, calado, como sempre fazia. Era um homem de ações e poucas palavras.

Caminhou pela estrada abandonada e via que era uma estrada muito feia. Era também solitária, e sua companhia, eram apenas o triste gorjeio dos pássaros e a sombra das árvores do bosque. Quando sentia fome, comia finfrans, que eram flores de sabor inigualável. Água era abundante naquela região. Havia vários regatos que nutriam aquelas terras abençoadas. Assim permaneceu por algum tempo caminhando nesta estrada solitária. Muitos sois e muitas luas já haviam passado pelo céu, e ele se tornou um andarilho, pois não tinha rumo. Aprendeu a gostar da sua vida mas não da estrada. Para ele, era um caminho sem vida, que não lhe traria frutos, se ele não a vencesse.

Certo dia chegou a uma bifurcação que dava para uma floresta. Tinham dois caminhos, e cada um mais belo que o outro. O da esquerda, havia plantas diferentes, e a relva cobria toda a estrada, mudando sua cor de terra, para o verde. Via se ao longe, esquilos e lebres, e no ar, pássaros exóticos. As folhas farfalhavam com a leveza do vento, e o sol parecia penetrar em cada fresta que a floresta lhe permitia entrar.

O da direita havia varias flores multicores, que mais parecia um manto que cobria a terra. Conseqüentemente haviam muitas abelhas que voavam de flor em flor, a colher o néctar, e pareciam fabricar o mais puro mel daquela região. Ouvia se ao longe o barulho de cascatas, era o som das águas caindo sobre as pedras que davam voz a aquela parte da floresta. Abvar realmente não sabia qual caminho tomar, havia amado ambos desde o começo, porem o da direita era mais inacessível. Ele teria que escalar algum tempo depois um paredão de rochas pontiagudas. Preferiu então escolher o da esquerda e o tomou.

Caminhou também por vários sois e luas, e adorou o caminho desde o começo. Se sentia livre, e bendizia aos quatro cantos o quanto estava feliz. O caminho era sua própria companhia, e ele ate esqueceu o caminho da direita, pois não tinha tempo para pensar em mais nada. Era tudo muito novo para ele, tudo era novidade ate o mais ínfimo detalhe. Da aldeia nem se lembrava, realmente estava maravilhado com suas descobertas.

Um dia Abvar chegou ao fim do caminho, e lá achou uma fonte de granito, que jorrava uma água cristalina. Havia decorações sobre a fonte e a que mais chamava atenção era um peixe, o qual a água saia de sua boca. Bebeu a água, e viu que não era uma água normal. Tinha um ótimo gosto, e a cada gota que deslizava para dentro de sua boca ficava cada vez mais alegre. E resolveu morar por ali mesmo, perto da fonte. Construiu uma pequena cabana. Não precisaria de mais nada. O seu caminho ele já conhecia do inicio ao fim, ate mesmo os detalhes. E a fonte. Ele sempre a decorava com o que encontrasse que fosse bonito, e até fazia planos. Sua felicidade era tamanha, que ele mal se continha. Todos os dias ele andava sempre por sua estrada. Se intitulava seu dono. E sabia também que a estrada era sua dona, pois dali ele não iria jamais sair.

Mas seu maior erro foi não ter lembrado há muito tempo atrás do conselho dos mais velhos: “ O mundo é muito belo porém perigoso. Existe diversos seres horrendos e bestas soltas por todas as regiões... ”

E apareceu um dia uma enorme fera que entrou no seu caminho e foi destruindo tudo. Nada sobrou, e até a fonte foi feita em mil pedaços. O peixe estava despedaçado e nada, podia ser reaproveitado. Tudo havia se perdido e Abvar chorou pela primeira vez. Reconstruir tudo era impossível. Ele tinha forças, porem não tinha condições. Sua tristeza era tanta, que ele ficou parado onde sua fonte havia sido destruída. Ali ficou dias, e estava profundamente angustiado vivendo das lembranças de sua fonte e de como era bela. A sua água fazia lhe muita falta, e ele percebeu que estava viciado naquele liquido mágico. Viu – a depois com outros olhos. Não era uma água e sim um veneno que o segurou ali por todo aquele tempo. Mas era tarde demais, o veneno tinha entranhado no seu corpo, e ele nem se importava, pois gostava muito disso. Seu caminho, sua fonte, sua água. Gostava daquele veneno disfarçado, e ainda sim ficou naquele caminho por muito tempo. Seu caminho tinha se tornado feio como o primeiro que tomara desde o inicio, por causa da malévola fera. Mas ele lembrava – se de como um dia fora, e isto o segurava naquele lugar que foi algo de grande esplendor para a sua vida.

Lembrou – se então do caminho da direita, mas relutou bastante em voltar e abandonar tudo. Mas o tempo fez seu papel e ele seguiu para o caminho da direita, ainda um pouco temeroso. Havia acostumado – se tanto, que sentiria falta daquele lugar pela eternidade de sua alma. Pensava: “ A primeira experiência a gente não esquece jamais ”

E então chegou – se novamente a bifurcação e lá estava ele. O caminho da direita, e adentrou-se nele confiante. Contemplou o novo caminho como contemplara o antigo e voltou a encher se de alegria. Ela corria em suas veias, e Abvar começava a apegar se no seu novo presente. O passado ainda era recente porem o presente lhe traria esperanças de dias melhores. Lembrou – se desta vez dos que os mais velhos da aldeia lhe falaram, e desta vez foi precavido. Sabia que este caminho iria terminar como o outro, mas não sabia o que ele iria lhe revelar. Se ele fosse se apegar a este lugar como antes, ele não sabia, mas tinha plena razão de que ao menos iria tentar. E mais uma vez o caminho antigo foi lhe útil, ele daria mais valor a cada segundo neste novo lugar, pois tudo, de acordo com seus próprios pensamentos, tende sempre a ter seu inicio meio e fim, e esta estrada não seria diferente. Aprontou – se para escalar o paredão de rochas que o tinha impedido de pegar este caminho no inicio. Iria ver agora se havia feito uma boa escolha.



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