Usina de Letras
Usina de Letras
90 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62236 )

Cartas ( 21334)

Contos (13264)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50634)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4769)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140808)

Redação (3307)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6191)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Ensaios-->Psicanalisando Freud. -- 10/06/2002 - 13:25 (Marissom Ricardo Roso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
'Não creiais em coisa alguma pelo fato de vos mostrarem o testemunho escrito de algum sábio antigo;
Não creiais em coisa alguma com base na autoridade de mestres e sacerdotes;
Aquilo, porém, que se enquadrar na vossa razão e, depois de minucioso estudo for confirmado pela vossa experiência, conduzindo ao vosso próprio bem e ao de todas as outras coisas vivas;
A isso aceitai como verdade;
Por isso pautai vossa conduta!'
(Bhuda)

Ao aceitar-mos o desafio da dedicada estudante de Psicologia Marcele, vamos tecer uma “crítica” ao criador da Psicanálise, Sigismund Freud.

Antes de tudo, verifiquei que Freud é um espírito de cultura bastante retrógrada, dominado por tendências místicas e numerosas superstições. Vejo nisso, uma conseqüência da sua falta de cultura biológica, talvez, agravada pela hereditariedade judaica, como membro da raça eleita. Apesar de seu declarado ateísmo, da sua oposição a religião, sente-se quanto viveu ele impregnado de misticismo, pois, mesmo classificando a religião de uma ilusão, acrescentou que era uma ilusão, mas não um erro. Isso é bastante razoável porque uma ilusão pode ter mais significação que muitas realidades. A vida de Freud é uma prova desse fato, assim como também a de ter ele medo de assombrações, sem nelas acreditar. Na realidade, o inconsciente tem os seus direitos, podendo manobrar muito das nossas idéias e sentimentos.Viveu dominado por superstições, das quais não conseguiu libertar-se. Esforçou-se para dar uma explicação psicanalítica do que é paranormal e, possuído de uma grande nostalgia do oculto, chegou a dizer que essa explicação trar-lhe-ia grande satisfação, pois, assim, poderia convencer a si próprio e, também a outros que tivessem dúvidas. Tem-se a impressão de que Freud procurou reabilitar-se aos seus próprios olhos, estabelecendo a origem psicológica de suas tendências supersticiosas.

Apesar de haver admitido que as superstições não passam de temores e desejos recalcados, jamais pode delas libertar-se.

Os números estavam, para ele, carregados de implicações maliciosas. O número 17 já havia sido na sua infância símbolo da constância. Em 1899, recebe um novo número de telefone que terminava em 62, que adquiriu para ele uma virtude mágica. Numa viagem à Grécia, encontra esse número por toda parte, até no seu bilhete de estrada de ferro. Em Atenas, sente-se feliz quando no hotel lhe dão, no primeiro andar, o quarto número 31, que é a metade de 62. Os números 28 e 23 era para ele indicadores de presságios sinistros.

Os fenômenos telepáticos muito o preocuparam e, como todos os supersticiosos caracterizados pela fé telepática, multiplicava as verificações dessas pretensas ocorrências, embora levando em conta somente pequeno número de seus fatores, esquecendo-se dos que não estavam de acordo com suas idéias. Mesmo quando o seu saber científico revoltava-se, não podia o ateu Freud, libertar-se do misticismo. Há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia – era a réplica que opunha aos seus contraditores. Isso arrastou-o a executar até sacrifícios propiciatórios! Em 1905, Freud quebra, dando-lhe uma chinelada, uma pequena e preciosa Vênus de mármore para salvar sua filha que corria perigo de vida. Quando, certa vez, perdeu os seus óculos, admitiu ser isso um sacrifício involuntário para evitar um desastre de estrada de ferro.

“A decriptagem do inconsciente não se confunde com o ocultismo, mas as suas fronteiras penetram no oculto. Há aí um mecanismo de substituição do sobrenatural, que é negado, pelo oculto que é aceito”. São expressões que mostram quanto Freud era dúbio em suas tendências inconscientes, que procurava explorar de maneira analítica sempre deixando lugar para defender as suas concepções. Isso explica igualmente o seu ortodoxismo, a inviolabilidade da doutrina, sem dúvida produto de um homem que se julgava um Deus onisciente. Por isso rompeu com os seus discípulos de maior valor, também não admitindo precursores que pudessem ter contribuído para a criação de sua teoria. No entanto, esses colaboradores não podiam deixar de existir: Ribot já falara de memória inconsciente e em grande número de autores do passado é fácil encontrar contribuições de caráter psicanalítico. Assim, por exemplo, são freqüentes na obra de Nietzche e até impressionantes na de Pierre Janet. Provavelmente, por isso, Freud foi deselegante e grosseiro com este extraordinário sábio francês, dos mais profundos e atilados que tem tido até hoje a psicologia. Quem já leu Janet, pode constatar que sua obra é “cheia de ensinamentos, em geral muito mais próximos da realidade do que muitas das concepções freudianas”.

Quero referir-me especialmente ao instinto da morte, criado por Freud, cuja essência torna-se de fácil interpretação, desde que sejam considerados alguns elementos fornecidos por Ernst Jonas, seu maior biógrafo, no terceiro volume de “A Vida e a Obra de Sigismund Freud”. Este autor admite que Freud foi conduzido à criação do instinto da morte pelos padecimentos que sofreu, que devem ter deixado marcas profundas no seu inconsciente. Também por isso, viu sempre no amor um componente do ódio, portanto muito de acordo com os seus sofrimentos e a sua enfermidade. Ele esteve atacado de câncer no maxilar durante dezenas de anos, foi operado muitas vezes, sendo obrigado a usar uma prótese bucal extremamente incômoda, mas que lhe permitiu prosseguir em sua vida prática de psicanalista, atendendo alguns clientes por dia até o final de sua vida.

Inicialmente, influenciado por Breuer conheceu o hipnotismo. Posteriormente, transferiu-se à Salpetriére, onde sob a orientação de Charcot fez um primeiro curso de hipnose.

Notava, porém, o mestre vienense que, sempre, após as sessões de hipnotismo, suas pacientes esqueciam novamente todos aqueles fatos que haviam relembrado sob indução. Isso o deixou um tanto desorientado. Incapaz de hipnotizar profundamente todas as suas doentes – o que acontece com qualquer hipnologista – e de saber aproveitar o sono hipnótico daquelas que o aceitavam, Freud julgou estar no caminho errado. Abandonou a prática do hipnotismo e, partiu daí, para inventar a psicanálise.

Estava errado o discípulo de Charcot. Não, porém, na avaliação do processo que não soube empregar. Errou Freud quando escolheu a Charcot para seu primeiro mestre (mais tarde freqüentou também Nancy com Liébeault e Bernheim). Charcot foi realmente um grande neurologista. Mas, nada realizou de útil em hipnose.

Errou Freud ao interpretar os resultados, supostamente fracassados de suas experiências. Por não ter tido orientação, passou a julgar inconsistente a hipnose porque nem todos os pacientes atingiam a etapa mais profunda. Em primeiro lugar, nem todas as pessoas são realmente hipnotizáveis até a etapa sonambúlica; em segundo, com a orientação que recebeu e o primarismo da metodologia da indução daquele tempo, já era um sucesso levar alguém ao sonambulismo. Freud subestimou suas possibilidades.

Vivesse hoje, conhecesse os fundamentos neurofisiológicos da hipnose, tivesse tido um bom mestre em hipnologia, estamos certos de que não teria pensado em psicanálise.

Dono de uma inteligência genial e de uma indescritível capacidade fantasista, Freud enveredou pelo terreno da mais pura ficção quando dividiu o cérebro em escaninhos estanques (ou semi-estanques), o consciente, o pré-consciente, o subconsciente, o inconsciente. Emaranhou-se depois em “ids”, “egos”, “superegos”, “repressões”, “rejeições”, “censuras”, etc., tudo isso temperado com uma boa dose de sexo...

E mais: quando se quer saber dos seguidores da doutrina do professor de Viena em que departamentos do cérebro podemos alojar o “consciente”, o “subconsciente” e os outros “conscientes”, somos informados de que tais “conscientes” não tem nenhuma localização material no cérebro. São concepções puramente “espaciais” (!)

Finalmente a doutrina psicanalista estabelece em definitivo que não é possível haver neuroses em adultos que não as tenham tido na primeira infância, o que está absolutamente errado e comprovado por inúmeras experiências em homens sadios e até animais. Neuroses experimentais foram provocadas, por via hipnótica, entre outros, por Luria, do Instituto de Psicologia Experimental de Moscou, por Erickson, Eisenbud, Wolberg e Van Pelt.

Verifica-se, por este breve resumo, que todo o edifício da psicanálise foi levantado sobre alguns erros de observação de Freud e baseado numa concepção dualista, metafísica e abstrata, sem qualquer apoio físico, material, palpável, fisiológico. A única verdade que subsiste no freudismo é justamente aquela que não derivou de Freud, que não foi descoberta por ele, aquela verdade de cuja observação ele próprio partiu: o fato antigo gravado no cérebro. Fato que Freud chamou de “vivência” que nós hoje sabemos ser os reflexos condicionados.

Todas essas considerações mostram quanto Freud, fora de sua genialidade, foi um ser humano comum. Nem ele, nem ninguém pode ser infalível na criação de hipóteses, sobretudo no terreno da psicologia e de outras ciências humanas. A ortodoxia de Freud revela um ser humano com todas as suas fraquezas e pretensões, o que vale como um sinal de alerta para a interpretação de sua doutrina. Apesar disso, a obra de Freud é das maiores e mais valiosas que tem sido criadas pelo espírito humano, devido ao movimento que tem dado lugar, permitindo um melhor conhecimento do ser humano e das motivações que comandam a sua existência.

*Este ensaio não me pertence, foi feito por um amigo escritor, um tanto tímido,porém brilhante, que assina pelo pseudônimo de 'Daquimós'.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui