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Artigos-->Centenário da Imigração Japonesa para o Brasil -- 13/07/2011 - 10:04 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


CENTENÁRIO DA IMIGRAÇÃO JAPONESA PARA O BRASIL_edn1" name="_ednref1" title="">[1]_edn1" name="_ednref1" title="">



 



L. C. Vinholes



Há pouco mais de uma década, Brasil e Japão comemoraram o centenário do primeiro tratado celebrado entre os dois países, assinado em 5 de novembro de 1895, o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, viabilizando maior aproximação entre os dois povos permitindo que fossem incrementadas atividades nos mais diferentes campos do conhecimento.



 Como um dos reflexos deste importante documento, hoje, nos antípodas de nosso planeta, brasileiros e japoneses compartilham neste momento a alegria de poderem festejar o Centenário da Imigração Japonesa para o Brasil



 Como é do conhecimento de todos, foi a bordo do navio Kasado Maru, um ícone nas relações entre nossos dois países, que em 26 de abril de 1908, 781 cidadãos japoneses partiram do porto de Kobe para depois de uma longa jornada mar a fora desembarcar no porto de Santos, em 18 de junho o mesmo ano, para a primeira etapa em solo brasileiro que os levaria aos cafezais em São Paulo e, depois, a outros rincões do Brasil.



É mister que se recorde evento singular que antecedeu a assinatura do referido tratado e que permitiu fosse criada a história destes últimos cem anos.



Em julho de 1885, o Cruzador Almirante Barroso da Marinha de Guerra do Brasil, comandado pelo Almirante Custódio de Mello, no cumprimento da viagem de circunavegação em que estava emprenhado, chegou ao porto de Yokohama para uma estadia de duas semanas. Um dos guardas-marinha a bordo era o 2º tenente Príncipe Augusto Leopoldo de Saxe-Coburgo e Bragança, neto do Imperador do Brasil.



Vencendo por estrada de ferro o trajeto entre Yokohama e Edo, antigo nome de Tóquio, sua Alteza acompanhado por Custódio de Mello e mais sete oficiais tiveram audiência com o Imperador Meiji que nas suas palavras de boas vindas disse “que muito desejava estabelecer com o Brasil relações de comércio e amizade”. A sintonia entre os dois países estava selada, uma vez que a viagem do cruzador brasileiro atendia a determinação e aos anseios do Imperador D. Pedro II, desejoso de intensificar as relações com os países amigos e iniciar novos contatos com outros, inclusive o Japão.



Foi este o prelúdio da assinatura em Paris do referido tratado pelo emissário brasileiro Gabriel de Toledo Piza e o Ministro Arasuke Sone, enviado de sua Majestade o Imperador Meiji.



No decorrer dos últimos cem anos, foram muitas as visitas de ministros e chefes de estado do Brasil ao Japão e de representantes do Governo japonês e da Casa Imperial japonesa ao Brasil, inclusive a histórica visita, em 1967 por sua Alteza o Príncipe Akihito e a consorte Princesa Michiko, imperador e imperatriz do Japão de hoje.



 



Influência na economia e na cultura



 



A chegada dos imigrantes japoneses não apenas atendeu a demanda de mão-de-obra para as lavouras de café mas trouxe, também, o germe da influência que eles, com sua língua e seus costumes, teriam na cultura e nos hábitos dos brasileiros. Não se pode deixar de ressaltar a presença dos descendentes dos imigrantes japoneses que desempenham papel importante em todos os ramos do conhecimento e em todas as áreas específicas do mercado de trabalho da sociedade brasileira, inclusive no âmbito da cultura e da arte e nos hábitos do cotidiano de milhares de brasileiros. Nossos dicionários foram enriquecidos com novos verbetes antes desconhecidos entre nós e que hoje nos são familiares. Em muitos de nossos estabelecimentos de ensino, a língua japonesa é estudada com o maior interesse, o mesmo acontecendo com o estudo do idioma português no Japão, construindo-se, assim, uma ponte fundamental no facilitar entendimento e fraternidade.



 



Cultivo da terra



 



Nos primeiros anos da imigração chegaram os que tinham experiência no trato da terra e na produção do indispensável à mesa do nosso dia-a-dia. Fizeram história cultivando a terra e produzindo o que de melhor se podia esperar de tanta dedicação e esforço. Mais tarde, as famílias dos agricultores abriram espaço àqueles que dominavam conhecimentos técnicos indispensáveis à mudança que o Brasil vinha experimentando na metade do século passado. Foi depois dessa troca do perfil do imigrante japonês que a participação econômico-financeira do Japão com o Brasil teve o incremento até então desconhecido no relacionamento entre os dois países. Citemos apenas os empreendimentos bilaterais da Ishikawajima com seu estaleiro no Rio de Janeiro; da siderurgia da Usiminas em Ipatinga em Minas Gerais, usina-gêmea da Usina de Tobata construída na mesma ocasião no sul do Japão; das indústrias de automóvel, de máquinas e implementos agrícolas e tantas outras que tiveram papel importante na tarefa de modernização do parque industrial do Brasil.



Mais recentemente milhares de brasileiros “decaseguis” fizeram o caminho inverso e desembarcaram no Japão, não por mar mas pelo ar, para oferecer sua mão-de-obra a todos que na terra do Sol Nascente dela pudessem tirar proveito. Estes destemidos operários, o maior contingente estrangeiro no Japão, desempenha papel importante no relacionamento hodierno entre nossos países.



  



Incremento das relações bilaterais



 



Na segunda metade do século passado Brasil e Japão sempre "inspirados nos altos ideais da Carta das Nações Unidas e nos tradicionais laços de amizade que unem os seus Povos", se valeram de outros acordos para ampliar e intensificar suas atividades bilaterais, tendo destaque importante o Acordo de Cooperação Cultural de 23 de janeiro de 1961, e o Acordo Básico de Cooperação Técnica, de 27 de setembro de 1970, beneficiando diretamente instituições acadêmicas do Estado do Rio Grande do Sul.



 O Rio Grande do Sul e Pelotas especialmente não ficaram à margem desse processo que aproximou nossos dois povos desde junho de 1908. Nossa cidade tem orgulho de poder contar com uma colônia japonesa, não tão numerosa como gostaríamos de ter, mas dedicada e operosa como merecidamente se esperava.



 2008, o ano do Centenário da Imigração Japonesa para o Brasil foi qualificado pelos dois países como o Ano do Intercâmbio Brasil-Japão e no bojo destas comemorações estão a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Japão e a que sua Alteza o Príncipe Naruhito, herdeiro do trono que nos visitou em 1982, fará ao nosso país para, junto com os brasileiros e japoneses de todos o quadrantes, comemorar tão histórico momento.



Suzu e Pelotas



 



É privilégio de todos nós pelotenses termos hoje conosco o prefeito de nossa cidade-irmã, senhor Masuhiro Izumiya, seus ilustres companheiros nessa viagem senhor Eisaku Sinya, presidente da Câmara Legislativa, e senhor Eishun Tanaka, secretário da educação, para juntos, como uma só família, festejarmos a data deste centenário, augurando prosperidade para o futuro de nossas relações.



 Não esqueçamos que em novembro vindouro vamos lembrar e comemorar os 45 anos do início das amistosas relações entre Pelotas e Suzu, as primeiras cidades-irmãs entre o Brasil e o Japão. O tempo passa rápido e logo outros comemorarão o primeiro centenário desta importante fraternidade.



 Viva ao Brasil. Bansai! ao Japão. Viva às relações bilaterais dos nossos dois países.



 



 







_ednref1" name="_edn1" title="">[1]Nota do autor: Discurso pronunciado em 19.06.2008 na Cerimônia comemorativa ao Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, realizada no Salão Nobre da Reitoria da Universidade Federal de Pelotas com a presença da Delegação da Prefeitura de Suzu, cidade irmã de cidade gaúcha, chefiada pelo prefeito Masahiro Izumiya. Publicado em 22.06.2008 no Diário Popular, de Pelotas (RS), Ano 118, Nº 286. Seção: Opinião, p.31.





 

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