VOCÊ JÁ DISSE ALGO ORIGINAL HOJE?
Todo refrigerante serve para beber. Todo papel higiênico tem a mesmo função, não é mesmo? O que cria a diferença entre uma marca de produto e outra é a forma de apresentá-las ao consumidor. O que chamamos orgulhosamente de "conteúdo" de nossos textos, aulas ou conversas pode não ser assim tão original. Aparentemente, tudo já foi dito em nossa civilização ocidental. Vejam os temas do "triàngulo amoroso" ou do amor de "Julieta e Romeu" que povoam até hoje novelas e filmes. O próprio Shakespeare já se baseou nas narrativas de outros autores (só que com maior talento). Nossas mensagens estão recheadas de recursos, digamos assim, que não são de nossa autoria. Muitos não falam em beleza sem repetir os versos de Vinícius: "as feias que me perdoem...". Outros, quando tratam de novas palavras, não esquecem de mencionar o famoso "imexível", criação de um ministro. Outros, ainda, se valem de frases ou idéias de escritores, de comunicadores, de humoristas, de John Lennon, de Woody Allen, da Bíblia, etc. Há alguma novidade nos discursos de políticos? E nos programas da SBT?
Quando nos posicionamos diante da realidade, mesmo sem saber estamos nos enquadrando em algum sistema filosófico. Quem sabe você não percebeu ainda que é um estóico, um positivista ou um bergsoniano. É isto mesmo. Num sentido amplo, podemos dizer que quem fala por nós é a própria sociedade, que nos fornece os valores e ideologias que formam nosso repertório. Desse modo, dificilmente o que dizemos será original, estamos nos apropriando de temas ou idéias do universo de "discursos" no qual estamos imersos. Dito de outro modo: nada se cria, tudo se copia.
E então, o que nos resta? Se não somos gênios, capazes de criar idéias novas, procuremos ser originais na forma de expressá-las. Se isto faz diferença na venda de papel higiênico, por que não o fará em nossos comunicados?
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