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Ensaios-->Humanismo Científico -- 09/07/2002 - 23:34 (Marissom Ricardo Roso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estas páginas, representam, o máximo que o autor conseguiu realizar, numa visão panorâmica do homem e do universo.

Até agora, temos vivido dentro de um latifúndio de mistérios, povoado de sombras, fantasmas e outras criações absurdas da nossa razão, por demais pretensiosa e ingênua no seu misticismo.

A nossa incompreensão do universo, a nossa ignorância das causas primárias da natureza e da vida impõem-se como fenômenos inacessíveis à nossa compreensão, o que não é muito de admirar dada a nossa qualidade de animais apenas evoluídos. É extraordinário que tenhamos podido dar-nos conta dessa realidade conseguindo progressos e adaptações prodigiosas pelos próprios recursos que temos inventado. Recursos não somente materiais pela técnica, mas também intelectuais pelo progresso dos nossos conhecimentos, que chegaram finalmente à fase científica, que deve ser definitiva. O progresso da tecnologia é de tal ordem, que temos podido transportar-nos à Lua, além das transformações espantosas alcançadas pelo nosso desenvolvimento industrial. Dessa maneira, temos podido modificar possibilidades da nossa existência, colocando-nos em condições de corresponder melhor às suas adaptações e conveniências. Assim, por exemplo, temos conseguido limitar agora a multiplicação da nossa espécie, fator da máxima importância para o futuro da humanidade. Estamos de posse de elementos de inestimável valor, que podemos aproveitar para garantir a nossa saúde e a nossa vida, embora não ignorando que existem ainda terríveis escolhos e dificuldades, em primeiro lugar devido a desvios e falsos caminhos criados pela colaboração abstrata da nossa razão. É a ciência que deve levar o homem a conhecer a si próprio e a encontrar o lugar que deve ocupar dentro do mundo, reconhecendo assim o erro cometido, responsável pela nossa desorientação, quanto por inúmeros dos nossos sofrimentos. Acredito que a nossa educação e os processos de ensino, desde os cursos primários aos superiores, estão gravemente errados.

Tenho a convicção de que outros ensinamentos, por exemplo, os trazidos pelos placebos, assim como pelos animais chamados sábios, são de maior relevância, excedendo de muito ao que poderá ser fornecido pelas excursões fora de nosso planeta. “O principal é conhecer o próprio homem, esse eterno desconhecido, que tem vivido camuflado por artifícios e roupagens por demais falsas e extravagantes'.

Na questão religiosa, por exemplo, é de toda evidencia que estamos numa fase extremamente retrógrada, quando considerada do ponto de vista científico.

Os papas tiveram autoridade para conduzir o pensamento humano, estabelecendo o que se podia e se devia pensar, sendo sua violação punida com penas terríveis, que chegaram às maiores crueldades, inclusive à morte em praça pública. A história da Inquisição é de uma barbaridade sem nome, aplicando castigos às heresias inventadas pelas autoridades eclesiásticas.

Aliás, não precisamos recorrer à Inquisição para ilustrar os malefícios das religiões e os sofrimentos a que elas podem conduzir. Basta considerar o conceito do pecado e as punições com que são ameaçados. É um mundo de sadismo, que freqüentemente pode prejudicar ou arruinar a vida de uma pobre criatura. A criança que comete onanismo ou o adulto que procura uma prostituta, assim como inúmeros outros atos da mais simples conduta humana podem levar ao inferno, se não houver regeneração ou o perdão por um ministro de Deus. Quereis maior sadismo ou maior abominação do que essas invenções teológicas? Muita gente vive toda a vida sob o impacto de tais monstruosidades, que acreditam fazer parte da ética e da moral. O pecado é uma invenção tétrica, sem dúvida, a mais perniciosa que o ser humano conseguiu fantasiar, talvez também a mais característica para mostrar até onde a maldade humana se pode distender.

O que ocorreu com a Inquisição, não é muito diferente do que se tem podido observar através da história, quando não somente as religiões, mas também a polícia, a economia e outras organizações sociais servem-se de processos idênticos, igualmente violentos, embora disfarçados para poderem impor os seus princípios ou vencer oposições. É essa a triste história do mundo, tão cheia de lutas e degradações em torno da criatura humana.

Por que tanta divergência nas crenças religiosas e nas convicções sociais? Por que a luta de partidos e as rivalidades políticas? Onde se encontra a verdade, a justiça, a moral?

Estamos realmente perdidos, sem saber resolver os problemas mais prementes da nossa vida? Os movimentos sociais debatem-se em contradições e os políticos dão a impressão de que a sua tarefa não é de proteger e salvar a humanidade, mas de se perderem em chicanas e rivalidades, que levam às guerras e revoluções. Nas suas mãos, a verdade e a justiça parecem monstrengos movidos por fios e cordéis.

No campo da filosofia e de outras disciplinas intelectuais, os fatos não se apresentam diferentemente, o que demonstra quanto estamos desorientados pelas nossas idéias e fantasias, falsamente manobradas pela nossa razão.

Pelo instinto, todos os seres vivos da natureza têm conseguido manter a vida e perpetua-la a custa das mais variadas adaptações, por vezes inacreditáveis.

O darwinismo é a expressão máxima dessa realidade, um dos maiores triunfos que a nossa razão tem conseguido alcançar. As conquistas da física e da química são ainda mais impressionantes, sendo elas que devem dar-nos alento, coragem, entusiasmo para prosseguirmos nessa rota, devendo levar-nos ao porto da salvação, que é, antes de tudo, a nossa liberdade e a nossa felicidade.

É conveniente lembrar que a astrologia e a alquimia precederam à astronomia e a química, tendo estado cercadas de terríveis superstições e impenetráveis mistérios. É na ciência que devemos depositar todas as nossas esperanças, pois as suas conquistas são invioláveis, permitem experimentação e verificação, que tem conduzido a resultados espantosos, modificando por completo a situação do ser humano no nosso planeta. A tecnologia é hoje uma força prodigiosa, cujo poder se está fazendo sentir em todos os setores da nossa existência. Além disso, estamos nos habituando a pensar de maneira diferente, no sentido de nos libertarmos de palavras abstratas, de concepções puramente dialéticas, de fantasias verbais e imaginárias, de criações essencialmente cerebrinas e antropomórficas.

O Universo é de uma realidade tão absurda e monstruosa, que dele nada conseguimos compreender, não passando de espectadores chucros e ridículos. As suas proporções são de tal ordem, os seus mundos e estrelas tão numerosos e de grandezas tão formidáveis, afastados por distâncias tão fabulosas, que ficamos perdidos na incompreensão, sem poder imaginar a origem dessa matéria, o seu porquê, a sua significação, completamente fora da capacidade de penetração do nosso espírito. Somos como um gato dentro de uma biblioteca, que conhece todos os seus canto e recantos, todos os móveis, tapetes e almofadas, embora sem ter qualquer idéia do que são os livros e o seu conteúdo. É exatamente a nossa situação dentro do Universo. Mesmo chegando à Lua e a planetas, permanecerá igual a nossa ignorância, ficando apenas um pouco maior a nossa habitação, à moda do gato que descobriu mais um cômodo no domicílio. Encontramo-nos assim dentro de uma prisão, de paredes inabaláveis e grades intransponíveis. É verdade que poucos percebem que estão presos, que vivem dentro de uma jaula, o que pode angustiar e levar ao desespero o pensador, o filósofo, o intelectual. A prisão é terrível, inviolável, não sendo raro esfalfar-se o pobre prisioneiro, dando murros nas paredes, lutando para arrebentar grilhões e cadeados. Nas mais das vezes, limita-se a andar de um lado para outro, como as feras na sua clausura. No entanto, tem ele feito numerosas tentativas para libertar-se: processos de magia, mitologias, religiões, superstições e muitos outros recursos do seu espírito, que não passam de simulacros e engodos para desvia-lo de tão humilhante situação. Assim, acredita ainda em parapsicologia e forças ocultas, cuja existência também não poderá passar de fenômenos naturais. Tudo isso são manhas e jogos do nosso inconsciente, que dessa maneira consegue disfarçar a nossa ignorância e desorientação. O mistério supremo é o Universo, tanto pelo seu infinitamente grande, quanto pelo seu infinitamente pequeno. A ciência já se deu conta dessa realidade, embora se tenha tornado evidente que o próprio Einstein, atirando-se contra as grades da prisão, não conseguiu abrir qualquer brecha para o exterior. Se é essa a situação, se estamos diante de um mistério impenetrável, que não comporta compreensão nem solução, então o que nos resta fazer é adaptar-nos às condições do nosso mundo, às exigências da nossa existência, humildemente, conscientemente, de acordo com a nossa estrutura animal e o papel que devemos representar nesse grande espetáculo.

A tarefa que nos resta, portanto, é de nos adaptarmos à nossa prisão, conhecermos os seus cantos e recantos, vivermos dentro dela com conforto e dignidade, como faz o gato dentro da biblioteca. Mas, por enquanto, o nosso comportamento é por demais falso e precário, por vezes monstruoso e abominável. Agimos quase como verdadeiros cretinos e imbecis, pois os diplomatas, os estadistas, os políticos, os homens do governo, quase sempre seres humanos admiráveis, parece não passarem de uma corja de jericos quando se reúnem em conselhos e comissões. Então, não sabem evitar disputas e guerras nacionais e internacionais, sendo levados por motivos fúteis e desumanos à chacina e ao morticínio. Não é triste e horripilante tanta burrice coletiva, motivando conseqüências tão graves?

Um ponto para o qual quero chamar a atenção, é o de precisarmos atentar mais para a natureza, para as suas exigências e necessidades, não somente do ponto de vista humano, mas também em relação aos animais. Dessa maneira, perceberemos melhor a significação dos nossos atos, das nossas tendências, julgando-os por meio de critérios mais biológicos, que poderão decidir inúmeras questões da nossa própria vida e da nossa psicologia. Nesse particular, a liberdade dos animais é uma realidade tão poderosa que precisa ser posta em relação com a própria vida, devendo o ser humano obedecer a imperativos equivalentes que; todavia, têm tomado aspecto e significação diferentes, de valor mais social. Querer limitar ou suprimir essa liberdade pode constituir um erro gravíssimo, uma exigência falsa e absurda, sobretudo por estar em desacordo com o que comanda a natureza. É o que parece haver ocorrido com a revolução russa, que veio para libertar o ser humano, mas acabou suprimindo a sua liberdade, chegando às monstruosidades do governo Stálin. Aliás, parece que a revolução soviética preocupou-se principalmente com a implantação da igualdade entre os seres humanos, um verdadeiro absurdo biológico, deixando de lado a fraternidade e excluindo a liberdade, talvez sendo esta, de todos os atributos humanos e mesmo animais, o mais autêntico e importante.

É justificado aproximar a revolução soviética da francesa, partida esta dos Enciclopedistas, tendo portanto alto nível de cultura? “Liberdade, Igualdade, Fraternidade' foi o lema que arrastou a grande massa da população, tendo o apoio e o entusiasmo de grades espíritos. No entanto, acabou o movimento em terrível sangüeira e enormes barbaridades, havendo sido guilhotinados até homens de gênio, como Lavoisier. No entanto, houve, mesmo assim, imenso avanço na difusão de idéias liberais, que passaram a influenciar todos os países do mundo. Diante desses fatos, impõe-se a pergunta: é admissível que a humanidade deva prosseguir perpetuamente por caminhos tão errados e absurdos? O que se verifica na natureza é uma harmonia de prodigiosa finalidade, mas finalidade que é uma conseqüência, não uma motivação primária, apriorística, uma força prévia que conduz àquele resultado. As aves voam porque tem asas, que surgiram para que elas pudessem voar. Foi a função que criou o órgão, como sabemos pela existência de exaustivas provas cientificas. A conquista e a delimitação de território são realidades de enorme significação para a existência e a sobrevivência de grande número de animais. Em tudo isso é o instinto que comanda, que cria e resolve os problemas, sempre à custa de prodigiosas adaptações.

A ciência já demonstrou que o homem provém dos animais, sendo que o próprio Papa foi levado a essa convicção. Essa realidade é tão certa, tão real tão bem demonstrada, que se torna absurdo querer negá-la ou deixá-la de lado, apelando para inverossímeis fantasias. Além disso, é preciso considerar que, para se chegar a tal conclusão, não foi nada fácil, pois surgiram enormes dificuldades, estando o trânsito quase impedido por gigantescas moles de material abstrato, criadas pelas religiões e as filosofias. Não foi senão muito mais tarde, pela investigação científica, que se descobriu pelo darwinismo a nossa origem, a nossa ligação com a série animal. Mas existiu anteriormente, atrás de tudo isso, um erro primordial, o de querermos ser importantes, tão importantes a ponto de nos julgarmos obra divina e imortal. Enorme pretensão sem qualquer base biológica, mas que nos tem causado terríveis e incalculáveis prejuízos. Não foi senão depois, muito mais tarde, que tudo devia levar-nos a perceber a insignificância do nosso papel dentro do Universo.

Filósofo Daquimós

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