DESCASO
Valéria Tarelho
Noite alta. Madrugada. Retornando da 'balada', me abalo com o que vejo: são corpos franzinos que se vendem; meninas, meninos, que se perdem nas esquinas - outros tantos no sinal pedindo esmola - alimentados a cola, dormindo nas ruas feito cães sem dono. Descaso, gerando abandono. Um submundo pobre, cheirando a podre. Uma droga de mundo!
Infância, perdida para a miséria. Crianças perdendo para a vida, crescendo para a morte, vivendo perigo, brincando com a sorte. Driblam o medo - seu único brinquedo - dando um chute certeiro no primeiro que parar ao sinal vermelho. Em campo, a desperança vence mais uma sanguinolenta partida. Um time de pequenos sem tino, sem nome, família, sem rumo...sem patrocínio. Principalmente, sem culpa: da corja, da cúpula, assim traçar seu destino.
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© Valéria Tarelho
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