Já não devo escrever, o alfabeto não lembro.
Pintar já não posso, pois as cores não tenho.
Já, compor, não consigo. Perdi teu retrato!
Também perdi a noção, abateu-me o cansaço.
Que música triste!
Observe o refrão.
Será um fado, um bolero?
É sempre bemol o bordão.
Inspiração partida, sem graça, sem métrica. E rimas?
Já não posso rimar, construir um soneto,
Definir um início, um meio, um fim, amarrar um enredo.
Levaste a criação contigo, assim desprotegeste-me.
Tornei-me feto sem umbigo, roubaste-me a lei.
Mataste um artista. E a certeza que eu tinha... Não sei.
Alisson Castro.
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