Este é mais um poema
Falando de pobreza.
O primeiro do ano 2000.
Chego no portão as 20:00
Onde uma criança aproxima:
- Dá uma coisinha
Pra eu comer seu moço!
Aparentava seis anos
E lembrei-me do tempo
Que eu engraxava sapatos
E que também pedia nos apartamentos,
Era desse mesmo jeito,
A cara faminta era a mesma.
De lá para cá nada mudou
Só eu cresci.
O progresso chegou
Mas a criança que para no portão,
Nunca parou de passar fome.
Tem uma turma
Lá no Planalto,
Que ficam inventando leis
Para proteger a criança.
É dever do Estado proteger a criança!
"Toda criança tem direito à educação".
São os poderes que deram a elas
E que poderes!
Coisas bonitas para enfeitar papel!
Enquanto isso a criança
No meu portão pede comida.
Bebe com ganància o leite do copo
E leva o arroz para o resto dos irmãos.
- Deus lhe pague seu moço!
- Lá na frente olha para trás
E descambou pro lado da Palha.
De: Airam Ribeiro - Itanhém-Ba-12/01/2000, Itanhém Bahia.