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Ensaios-->A POESIA LÍRICA -- 23/08/2002 - 21:12 (Clarice Braatz Schmidt Neukirchen) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CARA, Salete de Almeida. A poesia lírica. 3° edição. São Paulo: Ática, 1989.

(RESENHA)

A POESIA LÍRICA

Uma das maneiras de se distinguir a poesia lírica dos outros gêneros é a forma como o poeta apresenta-se no poema. O gênero lírico seria o poema de primeira pessoa ou primeira voz, diferente do gênero épico onde existe um narrador e do gênero dramático, desenvolvido para teatro, onde não é o poeta que fala, mas os personagens.
No Oxford Dictionary é caracterizado como lírico “todos os poemas curtos, geralmente divididos em estrofes, que exprimem diretamente os sentimentos e pensamentos do próprio poeta”. No entanto, T. S. Eliot questiona esta conceituação, argumentando se realmente todo poema lírico deve ser curto e expressar sentimentos pessoais do poeta. Já a Encyclopedia of Poetry and Poetics busca muito mais longe um significado para o termo lírico, remetendo aos gregos, entre os quais a poesia lírica era para ser cantada ou acompanhada por música, geralmente sendo utilizados instrumentos como a flauta e a lira neste acompanhamento. Segundo Salete de Almeida Cara, a poesia lírica nasceu da necessidade de uma expressão individual, em um momento em que os gregos ficavam cada vez mais submetidos às leis da polis. Entre os vários tipos de poesia lírica grega destaca-se a “poesia mélica” que através de Safo e Alceu foi a que teve o acompanhamento musical mais completo e maior liberdade de composição.
A partir dos séculos XI e XIII começa-se a trabalhar a musicalidade da própria palavra através de esquemas de tonicidade, duração de sílabas e melopéia. “... o elemento musical deve ser intrínseco ao próprio trato com as palavras” (1989: 19).
Apesar da importância da poesia lírica, ela não foi objeto de reflexão de Aristóteles. O grande teórico da antigüidade refere-se apenas de passagem ao lirismo, quando faz referência aos ditirambos (cantos festivos expressando grandes alegrias ou grandes tristezas), onde ritmo, canto e metros são usados ao mesmo tempo, no qual aparece a própria pessoa do autor como narrador.
Segundo Salete de Almeida Cara, através da criação poética o poeta vai além de tendências estéticas e ideológicas de sua época. “O que faz a verdadeira poeticidade de um texto é que nunca ele obedece servilmente a quaisquer diretrizes racionais e teóricas, mas estabelece uma constante tensão com as mais amplas potencialidades da expressão, fazendo-as vir à tona no discurso” (1989: 26).
Para o discípulo de Herder, o alemão Novalis, “a poesia lírica seria a pura expressão do poético, do mundo da magia, embora, neste mundo mágico, entrasse o dado da construção matemática a organizar fragmentos de mundo” (1989: 32).
O poeta moderno utiliza-se da linguagem alegórica e fragmentada para dialogar com a tradição. Quanto mais são utilizadas as próprias possibilidades internas da linguagem - ritmo, sonoridade, ambigüidade de sentidos, organização inédita de imagens e associações criativas - abandonando regras e modelos, o fenômeno lírico se expande e se emancipa.
No que diz respeito ao eu-lírico, não se deve confundir o sujeito lírico com o poeta. O sujeito lírico não se refere a uma determinada pessoa, e o poema também não é apenas um “armazém de emoções”. O sujeito lírico é o próprio texto, e é apenas no texto que o poeta real transforma-se em sujeito lírico. “Mesmo naqueles textos para cuja total compreensão a biografia do autor pode ajudar, o “eu” que fala no poema não se refere apenas ao poeta que escreveu o texto” (1989: 48).
É o sujeito lírico quem efetua as escolhas de linguagem em um texto, sua existência brota da estruturação do texto. E o leitor participa das operações efetuadas pelo sujeito lírico, pois o leitor é a metade indispensável à significação do texto.
Segundo Paul Valéry, “a poesia não é mais do que a literatura reduzida ao essencial de seu princípio ativo. Foi purgada das ilusões realistas e de ídolos de todo tipo; do possível equívoco entre a linguagem da verdade e a linguagem da criação etc. E este papel quase criador, fictício da linguagem (ela, de origem prática e verdadeira), torna possível a fragilidade ou arbitrariedade do sujeito” (1989: 51).




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