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Ensaios-->POR QUÊ? -- 26/08/2002 - 00:45 (Helinton Pires Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Às vezes gostaria de saber por quê. Por quê essa autopiedade, esse desgosto de ser o que o destino, este impiedoso, me fez ser. Por quê naquele hospital, naquele dia, nasceria essa criança de olhar inocente e choro estridente. Mal sabia ela. Futuro adulto será ela. Conflitos nascerão nela. Por quê tão longe estamos alguns de nós do que gostaríamos de ser?

A inconformidade do imutável. Somos o que somos, este nariz, esta boca, este corpo, estes pensamentos. Malditos pensamentos. Mas tudo isso é pouco, quero mais para mim. A dor de estar preso a alguém que você não quer ser lhe tira a Vida da vida. Com que ânimo acordar, com que olhar encarar o Mundo, o mesmo do qual às vezes você gostaria de não fazer parte ou fazê-lo como outro alguém.

Queria ser como os outros, rir das desgraças da vida e fingir estar sempre bem, disse o poeta. Tão longe estou eu disso. Difícil essa coisa de nos conformarmos com nós mesmos. Afortunados os que diante do espelho conseguem avistar alguém a quem amam. Eu vejo um pobre coitado, incapaz de me olhar nos olhos. Uma pessoa com medo, medo da rejeição. O mesmo Mundo que o convidara a dele fazer parte, falando da grande aventura que poderia ser a Vida, contando sobre suas maravilhas e o quanto estaria perdendo se o ignorasse, dá as costas. Você não é apto o suficiente, não é alto o suficiente, não é inteligente o bastante para escrever algo decente.

Deus, de onde vem este gosto amargo de uma existência tão esdrúxula, dispensável. Quero ser outro. Dêem-me a chance de escolher. Deixem-me gostar de mim mesmo. Desatem-me deste corpo que não é meu, não pode ser meu. Irônico este tal de destino, que brinca com nossas vidas como se fôssemos marionetes no seu teatro, representando essa tragicomédia que só termina quando a vida se esvai pelo corpo. De que adianta estar aqui, aonde cada dia é a luta para superação da auto-estima mínima que me faz continuar meus passos.

Estou cansado. Cansado de lutar comigo, com pensamentos que insistem em me jogar na cara o quão ridícula minha existência o é. Essa vontade do anonimato. Esse andar esquivo. Essa cabeça baixa que anda por entre tantos. Um olhar incapaz de procurar outros, claro, estes poderiam julgar, sentenciar, menosprezar. Difícil o contato. Onde estão as sílabas aprendidas na infância já distante? As que formavam palavras, frases, diálogos... Ah o diálogo, instrumento que aproxima pessoas, por vezes tão complicado de manusear.

Que frio é esse que derepente invade a festa? Onde estão os sons, as conversas? Por quê no meio de tanta gente este frio? Que ambiente estranhamente inóspito é esse? Preciso de pessoas. Preciso compartilhar, mas que interesse teriam em alguém tão insosso, sem graça, feio.

Ridículo esse que se afasta do círculo. Por quê tão quieto? Por quê tão tímido? Não deve ter nada a dizer mesmo.

Sela-se o ciclo da autocensura que levanta muros. A inadequação presumida que vive na cabeça, cria raiva. Não preciso deles, diria zangado enquanto o coração aperta com a previsão da eterna companhia, a solidão.
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