Os risos se foram.
O menino sorridente e despreocupado das fotos, albúns e antigas fitas super 8, morreu tragicamente. Uma pneumonia, uma febre aguda, um vírus desconhecido? Médicos não diagnosticaram, ninguém entendeu.
Em algum momento da minha vida ele se foi, e eu não estava lá.
Lamento por não ter previsto os acontecimentos
No peito, a dor de quem vê o atropelamento e dá as costas.
Do que desvia os olhos para não ver, do que evita para não sofrer.
Omiti socorro aquela criança, e hoje ela se foi
Uma criança que agonizava em suas caretas o futuro que não teria.
Em algum lugar no fundo de seu íntimo ela sabia, eu sabia, seu futuro não seria, não haveria
O que restou dela são lembranças.
Lembranças de um passado que não volta.
Das brincadeiras que não faziam sentido em um Mundo que não precisava fazer sentido.
Uma alegria inocente que não será recuperada,
que nem de longe será reprisada
Em um belo dia de sol aquele pequeno ser foi velado.
Na cerimônia um único vulto.
Sem expressão eu observava imóvel o caixão descer enquanto esperava as lágrimas que não vinham.
Meu Deus, como eu podia ser o único a sentir sua falta, a enxergar.
A criança morrera na inocência para renascer na abstinência de sensações.
Virei adulto.
Hoje choro em letras a morte do espírito enquanto espero a do corpo.
Quando?