O sociólogo Pedro Demo, autor de vários livros na área de educação e sociologia, escreveu mais um texto abordando a questão da melhoria - ou não - da qualidade de vida do povo brasileiro.
Estudioso contumaz da realidade brasileira e latino-americana, ficou surpreso em verificar as estatísticas, números crus apontados pelos diversos institutos oficiais e não oficiais e constatar que apesar da assimilação de tecnologia e incorporação de capitais o Brasil continua devagar.
Pedro tece extenso comentário através do livro 'Cidadania Pequena', onde um desfile de números e conclusões bastante ponderadas apontam para as controvérsias do desenvolvimento brasileiro, capaz de adquirir tecnologia, incapaz de diminuir as mazelas, traduzidas nos bolsões de pobreza nos centros urbanos e rurais, com o agravamento da acumulação de riquezas.
O Brasil tem internet em favelas, cientistas brilhantes , políticos medíocres e ainda busca uma forma de se apresentar com dignidade perante os países mais fortes, notadamente o famoso Grupo dos Sete.
Pedro Demo é bastante objetivo, mas não pessimista. Faz parte da plêiade de estudiosos que espera que o país melhore - apesar de você, como diria Chico Buarque - com o decorrer do tempo.
O Brasil ainda tem coronéis, cabrestos e cabras sem direito. Numa metamorfose constante, os coronéis descritos com brilhantismo por Gilberto Freire, José Lins do Rego e Jorge Amado entre outros, continuam a manipular as verbas, as desgraças e o atraso do povo.
A cidadania vai sendo conquistada aos poucos, mais por interesse das grandes empresas em cativar os clientes e oferecer atendimentos através de entupidos 0800, do que pela real vontade de mudar o país e adotar padrões éticos que estimulem um desenvolvimento melhor das coletividades.
Calma leitor, este texto tem um pouco de simbiose. A cidadania não é como licença, que se pede para tomar lugar ou passar por alguma coisa. Tem que ser conquistada.
A sociedade brasileira precisa se articular melhor para conquistar seus direitos, exigir o cumprimento das leis, lutar pelo equilíbrio econômico e exigir reforma agrária, prisão para os políticos corruptos, e todos os corruptos do sistema de modo geral, para quem sabe atingir um grau de satisfação pessoal e coletiva nos próximos anos. De qualquer forma, vale a pena ler. A editora é Editora Autores Associados.
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