Era um dia de Domingo, aquele dia chato que sucede ao Sábado, anunciando que depois vem Segunda-feira, o primeiro de uma série de outros dias monótonos.
Era um dia chato, pois ainda não tínhamos amigos que valessem a pena e saíamos para passear com o Opala 1974, um carro de luxo para a época.
Na BR-116 ensaiávamos a volta para o Rio Grande do Sul. Só para buscar uma forma de tortura. Andávamos um pouco e retornávamos para Curitiba.
Um sol meio amarelo, meio vermelho, anunciava a queda da temperatura para os próximos dias.
A rádio Guaíba trazia informações sobre o campeonato gaúcho de futebol. Venceria o Grêmio desta vez? Apenas mais uma incógnita entre tantas outras perguntas.
Como será que estariam os nossos amigos em São Gabriel? E os parentes em Bento Gonçalves?
Indagações respondidas pelo vento gélido que nos empurrava de volta a pequena casa da Vila Hauer, esperando pela Segunda-feira do triste colégio militar.
No peito a saudade ansiosa e a vontade de chutar tudo para o alto, voltar às origens...
Por muito tempo a cena se repetiu.
Agora é o inverno de Rondônia, chuva e calor.
Não tem meio sol, apenas calor, radiação...e saudade.
O velho pampa me convida para matear com os gaudérios velhos, fazer rima para uma prenda...
Inverno novo, velhos tempos de inverno...