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Contos-->RECORRÊNCIAS -- 11/07/2000 - 22:37 (André Leones) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Como explicar certas coisas? Minha dicotomia, por exemplo. Quando jovem, da mesma forma que eu ouvia Bach enquanto jantava como forma de sublimação da depressão e aceitação de Deus, ouvia também rock inglês antes de dormir enquanto batia punheta como forma de aceitação da depressão e sublimação de Deus.
Putas. Ásperas e essenciais como no verso de Montale(não sobre putas). Lembro-me de um filme japonês obscuro e aterrador, "Tóquio em Decadência", um grande filme. Acompanha o cotidiano bizarro de uma puta, e, a certa altura, ganha ares meio oníricos, quando ela se apaixona por um cliente. As imagens são saturadas, cruas, frequentemente crudelíssimas. Há cenas estarrecedoras, como a do freguês masoquista bebendo urina da puta e, logo em seguida, sendo currado por outra puta com um enorme caralho metálico. Noutra cena, é amarrado à vagina da protagonista um vibrador e ela é obrigada a engatinhar e engatinhar por todo um imenso apartamento até à exaustão, e além.
Não sei se estou sendo claro, e, se estou, me perdoem, pois não é bem minha intenção. Mas posso discorrer a respeito. Senão, vejamos: você acorda às seis da manhã, corpo moído pela noite pessimamente dormida, peito lancinando como se tivesse uma navalha aberta entalada na garganta. Você se reconhece em depressão, gratuitamente, e você se odeia por isso, você se esbofeteia, grita, agoniza. Na escola, você se desilude com Pascal, que, se por uma lado deixou pensamentos aberrantemente geniais, com os quais você se identifica piamente, por outro deixou quimeras matemáticas de merda,simplesmente aberrantes, que te absurdam. Orgulhoso de sua recém-conquistada ignorância sadia, você se retira para o banheiro e senta-se na privada com os "Fragmentos em Prosa",de Paulo Mendes Campos,abertos sobre o colo e um baseado aceso num canto da boca:vivente cagante fumante, eis o que é viver. Sobre a própria bosta, você, a maconha e Paulo Mendes Campos se bastam.Horas e horas, mareados. Logo, o poema e a droga estão no fim. Você também.
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