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Ensaios-->O tempo e as rochas -- 12/11/2002 - 14:46 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Acho que foi num mês de julho em que ela foi vista pela primeira vez. De longe. Estava próxima de uma fogueira. Resto de fogueira.
Uns meses depois, setembro, ficou atraente. Ou mais ou menos isso. Numa festa.
O tempo aprimorou as formas, ganhou sorriso, trouxe até alegria.
Em outubro parecia o retrato da felicidade. Sorriu muito em outubro, até inveja causou.
Depois veio mais alegria, janeiro. E ficou triste em setembro. Passou a conter o sorriso. Voltou a sorrir novamente em março. Os meses foram mudando, as faces, o sorriso passou a ser apenas um disfarce para conflitos internos.
Como uma grande mancha as erupções internas arrastaram para dentro da alma os movimentos sísmicos sem controle. O magma criou um refluxo de almas dentro de uma alma.
Novas primaveras se ofereceram, sem a mancha que incomodava seu caminho, removida providencialmente por ventos elísios, com promessas de sol, sol, sol.
Mas a falta de cuidados e a exposição demasiada ao sol criaram novas manchas na pele, algum tipo de câncer que os médicos não removem.
As manchas começaram a crescer, tomar conta do corpo e da alma, transformando toda a possibilidade de vida num atormentado movimento de chamas e sofrimentos.
Foi então que se avolumou um grande número de rochas magmáticas na borda da cratera e o céu foi varado por pedras flamejantes, pequenas ou grandes bombas que se espalharam pelo litoral, pelos campos e planícies.
Queimou tudo por onde pode passar, trazendo pânico aos viventes, choro, lágrimas e ranger de dentes.
Os dentes rangeram tanto que se gastaram. As lágrimas foram tantas que causaram inundação. O choro foi confundido com um trovão, mas um dia os viventes voltaram a viver.
Se acostumaram a viver nas cinzas, sem o brilho do sol, que apenas espiava suas vidas opacas, levando de vez em quando um raio ou outro para amenizar as passagens do tempo.
Ela ficou sentada numa pedra. Ferida pelo tempo, ferida pelas feridas. O sorriso virou apenas uma leve mancha no rosto, fruto das esperanças perdidas, como outras tantas promessas que a vida não conseguiu cumprir, com tantas outras pessoas daquela comunidade.
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