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Cordel-->Cheguei, trabalhei, namorei, casei... e por aqui fiquei. -- 04/09/2003 - 20:53 (Airam Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Literatura de cordel

Cheguei, trabalhei, namorei, casei...
e por aqui fiquei.


Ano de setenta e dois
Eu saí de Brasília
Com os olhos cheios d’água
Deixei minha família
Não havendo clamor
Cheguei no interior
Procurando minha trilha.

Foi o ano que formei
Para contabilidade
No Colégio Sobradinho
Que é o nome da cidade
Um senhor foi lá me chamar
E me trouxe para cá
Que vim sem muita vontade.

O homem tinha saliva
E também muita prosa
Eu saí lá de Brasília
Deixando pra trás a Rosa
Nunca mais a encontrei
Se ela é feliz eu não sei
Sei que a vida é enganosa!

Foi no mês de dezembro
Que cheguei nesta cidade
Morando na casa grande
Pensei na felicidade
Trouxe-me pra ser gerente
Mas eu vi em minha frente
Uma tamanha falsidade.

Disse-me lá em Brasília
Que eu ia ser viajante
Pra ser um comprador
Tinha que viajar bastante
Eu ia conhecer o Brasil
A conversa mamãe ouviu
Mas eu fui ignorante.

E por confiar demais
Eu saí prece mundão
Quando cheguei aqui
Colocou-me no balcão
Fez-me de tabaréu
Deu-me logo o papel
Para eu enrolar sabão.

Às vezes de madrugada
Eu tinha de levantar
Para sacos de cimento
Na cacunda colocar
No carro dum sem vergonha
Que com a cara de pamonha
Nesta hora ia me acordar.

Almoçava depois das duas
A janta depois das dez
Eu dava um duro danado
Pra ganhar poucos mil réis
Não sabia quanto ganhava
Só com cinco anos acertava
Como faz os coronéis!

A primeira namorada
Por estas bandas de cá
Uma professora de francês
Que se chama Guiomar
Irmã de Zecabacinha!
Êta professorinha...
Mas não deu pra nós casar!

O tempo foi-se passando
E eu muito namorador
Mas um dia esbarrei
Na casa de um senhor
De nome Chico do caixão
E na casa deste sogrão
Eu conheci meu amor.

Uma menina bonita
Que sempre na rua passava
Com um cachorrinho branco
Que sempre lhe acompanhava
Foi através da prima Nélia
Que eu conheci a Jocélia
Que comigo casava.

Que mulher amorosa
Aqui eu fui arranjar
Dia oito de janeiro
Foi a data deu casar
Setenta e oito foi o ano
E nós tivemos o plano
De nunca nos separar.

Na rua Belo Horizonte
Desta cidade Itanhém
O casalzinho de pombos
Amavam como ninguém
A casinha era amarela
As coisas eram singelas
Mas com amor também.

Os anos foram passando
Até que oitenta chegou
Apareceu nossa Isis
Que criamos com amor
Eu era um pai coruja
Deste que não enferruja
E dedicava com amor.

Nasceu no ano de oitenta
Dia seis de fevereiro
Veio para alegrar
A família Braga Ribeiro
Sou um pai coruja e rico
Que até me identifico
Com um rico sem dinheiro.

Depois veio Anne
Minha querida baixinha
Em vinte e seis de abril
Para a alegria minha
Ano de oitenta e um
Garanto que pai nenhum
Tem uma mais bonitinha.

O terceiro veio homem
Um bitelo dum menino
Tem o nome de Hugo
Por ser do sexo masculino
Outubro foi o mês
Dia vinte foi a vez
De este cabra ir saindo.

Ano foi oitenta e três
Não podia esquecer
Depois dele veio Caio
O último a aparecer
Em vinte e dois de julho
Falo com muito orgulho
Que é bonito pra valer.

Cinco anos depois
O ano oitenta e oito
Que apareceu para nós
Este menino afoito
Caio Braga Santana
Uma criança bacana
Que come muito biscoito.

Antes de Hugo veio
Mas ele não quis nascer
Um filho de dois meses
Sem formação de bebê
Das trompas pro intestino
Estava gerando esse menino
Por isso veio a morrer.

Todos os partos da esposa
Eu estava com o coração
Sofrendo e ajudando ela
Em cada vinda da contração
Quando apontava o filho
Nos olhos vinha o brilho
E no peito a grande emoção.

E o tempo foi-se passando
Por estas bandas daqui
Até que chegou a hora
De um por um sair
Depois de crescer a asa
Foi deixando sua casa
E para o mundo partir.

Primeiro foi Isis
Que dia! Que despedida!
Parecia que uma banda
Da casa tinha caída
Depois Anne saiu
Mais um ano Hugo partiu
Deixando a sua guarida.

Eu reformei a casa
Que ficou um casarão
Nela só resta um filho
Que já é um rapagão
Mas eu já estou sentindo
Ele também saindo
E seguir o mesmo estradão.

É a vida! É a lei
É à busca do progresso!
A porta ficará aberta
A espera do regresso
A vida é um cinema
E cada um escreve um tema
Sem pensar no ingresso.

E eu escrevo meu tema
Com a caneta da saudade
Que cada dia que passa
Aumenta a minha idade
Mas continuo escrevendo
Porque já estou vendo
À volta da felicidade.

Quando chegar vendo tudo
E perto deles vou ficar
Pois o pai cria os filhos
Para um dia lhes olhar
Eu já tenho meu estilo
Não precisarei de asilo
Para lá ir morar.

Deixarei aqui uma casinha
Como uma recordação
Para o dia que precisar
Voltar nesta região,
Rever alguns amigos
Porque não fiz inimigo
Neste pedaço de chão.

Airam Ribeiro
02/09/03


















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