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Ensaios-->A revisão dos valores humanos: algumas considerações -- 29/11/2002 - 17:18 (Marcos Alan Fagner dos Santos Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Durante tempos e tempos fico a me perguntar se realmente temos liberdade dentro do campo político. Esta indagação não provém simplesmente pelo fato da servidão em si que nos submetemos a cada momento a um grupo historicamente determinado que se torna hegemônico, mas sim pela constatação da nossa inoperância, inclusive nos dias de hoje, de decidir realmente sobre as decisões políticas ao nosso redor.
Argumenta-se nestes tempos de democracia – que alguns preferem rotulá-la como “burguesa” – que este sistema político é o que melhor se enquadra para uma tomada coletiva de decisões que beneficiem o bem coletivo. No entanto o que se percebe é uma “democracia defeituosa”, usando os termos do escritor francês contemporâneo Ignacio Ramonet, que se resume simplesmente ao voto para nossos representantes. Ora, não ponho em pauta o conceito de democracia em si, mas sim o argumento que se utilizam dela no sentido de sermos livres em nossas decisões, o que não é verdade.
Para pensarmos democracia, há de se levar em consideração que os representantes que elegemos tem suas individualidades que na maioria das vezes não retrata a vontade coletiva. As histórias de cada qual que nos representam são distintas e em grande parte das vezes converge para o desejo egoísta de busca pelo poder determinado pelo período histórico corrente. Esta busca pelo poder busca tão somente suprir as carências individuais deste sujeito dentro da sociedade que deveria se distinguir pela vontade do bem-estar coletivo.
Sabendo que o que estraga o valor universal da democracia nos dias de hoje é o impulso do ego no sentido de suprir as carências que o período histórico nos promete dar (principalmente na era do consumismo de hoje), é necessário mais do que nunca a revisão dos valores vigentes. Ou seja, o que se deve por em pauta para uma maior liberdade no campo político seria sobre nossos valores no período histórico. Uma crítica radical e efetiva sobre nossa maneira de ser e ver o mundo deve ser feita individualmente para que as gerações futuras possam viver uma liberdade política pautada pelo consenso coletivo.
Não querendo impor, mas tão somente nos indagar por novos valores, devemos nos vigiar desde hoje no sentido de resgatar valores muitas vezes propostos pelas religiões e mesmo por sublimes filósofos como Jean-Jacques Rousseau – pois, parafraseando-o, o homem nasce bom, a sociedade que o corrompe. Estes novos valores devem se pautar pelo respeito ao próximo e à humanidade em si. É levar a cabo a frase dita pelo filósofo persa do século XIX, Bahá’u’lláh: “Que não se vanglorie quem ama seu próprio país, mas sim, quem ama o mundo inteiro. A Terra é um só país e os seres humanos seus cidadãos”. Isto sendo no sentido de sermos cidadãos de uma terra com valores mais elevados. A partir do momento que todos os seres se colocarem como realmente iguais ao próximo e sabendo destacar não somente os defeitos, mas antes de tudo suas qualidades, só assim poderemos ter uma liberdade no campo político já que o respeito seria coletivo até mesmo do governante que saberia que ele é somente um dentro de um todo coletivo.
Assim, a destruição do desejo fútil do ego deve passar por cada um de nós, afinal nunca sabemos quando que poderemos também sermos o governante de certa localidade ou instituição corporativa. O fato de um grupo de pessoas dar o exemplo de benevolência para com o próximo e tentar mudar através de novos valores, desencadeia uma vontade de reconstrução de identidade coletiva, como foi na península arábica com a aplicação dos preceitos islâmicos no século VII. Vale lembrar que o que rompeu a harmonia daquele povo séculos depois foi o desejo instintivo do ego, a vontade conquistar mais e mais povos.
Em suma, procurando corrigir os erros vistos ao longo da história que deram vazão ao egoísmo, orgulho, cobiça, devemos tentar nos mudar a cada dia sempre tendo em vista a reconstrução de um bem-estar comum coletivo. Esta reconstrução do ser em seu estado natural de benevolência pode influenciar mais e mais tudo que lhe rodeia, e a longo prazo podemos colher os frutos de uma humanidade mais fraterna e “submissa” tão somente a si mesma.



Referências bibliográficas:
BAHÁ’U’LLÁH. Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh (2ª edição). Mogi Mirim : Editora Bahá’i, 2001.
HOURANI, Albert. Uma História dos Povos Árabes. São Paulo : Cia. Das Letras, 1994.
LA BOETIE, Etienne. Discurso da servidão voluntária. São Paulo : Brasiliense, 1982.
RAMONET, Ignacio. Geopolítica do Caos. Rio de Janeiro : Vozes, 1998.
ROUSSEAU, J. J. Coleção Os Pensadores (4ª edição). São Paulo : Nova Cultural, 1984.
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