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Artigos-->EXPOSIÇÃO PAUL CÉZANNE - REENCONTRO COM O NEGRO CIPRIANO -- 02/09/2011 - 15:35 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


REENCONTRO COM O NEGRO CIPRIÃO



Exposição Paul Cézanne



 



L. C. Vinholes



Dezembro de 2010



 Desde os primeiros momentos que pisei em solo japonês em 7 de agosto de 1957, durante os 14 anos que vivi no Japão, criei o costume de visitar as galerias existentes em todos os bairros de Tokyo. Era maravilhoso poder apreciar a variedade de estilos e escolas que as exposições individuais ou coletivas permitiam. As individuais não eram só as dos artistas japoneses, mas, também, de artistas estrangeiros de renome que tinham exposições organizadas por instituições do Japão de parceira com museus e coleções particulares do exterior. Chamavam minha atenção os aspectos gráficos dos convites e dos catálogos, uns mais simples outros mais sofisticados, mas todos eles de refinado gosto, confeccionados com material de primeira. Nas mostras tinha oportunidade de fazer novas amizades, conversar com os artistas, trocar informações e idéias com os apreciadores de suas obras, conhecer melhor o público consumidor de cultura. As mostras tinham apoio dos grandes jornais do país, seus patrocinadores e financiadores, que se responsabilizavam também por divulgá-las e atrair o público.



Uma das mostras que me chamou a atenção foi a de retrospectiva de Paul Cézanne (1839-1906) realizada de 30 de março a 19 de maio de 1974, no início da minha segunda estada no Japão, estada esta antecedida por um período de muito pouco contato com o mundo das artes plásticas e gráficas.



A arquitetura moderna, refinada e funcional, do Museu Nacional de Arte Ocidental (MNAO), no parque Ueno, em Tokyo; o Museu Municipal de Kyoto e o Centro Cultural de Fukuoka acolheram 138 obras do grande artista, incluindo 61 óleos, 27 aquarelas, 40 desenhos e 10 gravuras, muitas delas que, só depois de longas negociações, cruzaram oceanos para estarem reunidas na capital japonesa e serem, posteriormente levadas a Kyoto e Fukuoka. Viabilizaram a mostra o entendimento e a boa vontade de diretores e curadores de museus e galerias de Basel, Boston, Cardift, Cleveland, Columbus, Galsgow, Liverpool, Londres, Los Angeles, Nova York, Oslo, Ottawa, Paris, Philadelphia, Rochester, Saint-Louis, Shefield, Washington, Viena, Weppertal, mas também de Tokyo e do Museu de Arte de São Paulo (MASP).



A mostra foi organizada pelo jornal Yomiuri Shinbun, sob os auspícios do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão, do Ministério dos Assuntos Culturais da França e da Embaixada da França no Japão, com a indispensável colaboração da Air-France.



No início de julho daquele ano fui a Kyoto para matar minha curiosidade e conhecer 2 obras do pintor uma vez que, por razões técnicas, 8 delas foram exibidas apenas na mostra na antiga capital: “Retrato dos filhos do artista”, óleo sobre tela de c.1880, e ”Os filhos do artista, retrato em pé”, pastel, de c.1885, o primeiro pertencente à coleção particular da senhora R. A. Peto, em Londres,  e  o segundo à fundação da família Alex Hillman, em Nova York.



Do Comitê de Honra, emprestando apoio e dando prestígio à mostra, figuraram os nomes do Ministro dos Assuntos Culturais da França Alain Peyrefitte, dos embaixadores, acreditados no Japão, da França, Suíça, Inglaterra, Estados Unidos da América do Norte, Canadá, Áustria, Alemanha, Noruega e do Brasil, na pessoa do dinâmico e saudoso diplomata Paulo Leão de Moura, além, dos diretores dos museus da França e do presidente da Fundação Wildenstein.



Não pode ser esquecida a figura dinâmica e pragmática do professor Chisaburo Yamada, diretor do MNAO que, com sua maneira fidalga e acolhedora, cativava a todos os visitantes. Dele recebi o passe que graciosamente facultou minha livre entrada ao museu.



O catálogo com verbetes em japonês e francês, fornecendo títulos, técnica, datas, medidas e os roteiros percorridos pelas obras expostos até aquela data foi ricamente ilustrado com reproduções em preto e branco e a cores. Não faltaram artigos e ensaios em japonês analisando o homem e o artista que foi Cèzanne, bem como as fases e a estética que fundamentava suas escolhas: “Paul Cézanne”, por John Rewald; “Cézanne debt to the past”, por Denys Sutto; “Zur Aquarellmalerei Cézannes”, por Fritz Novotny; e “Sur le dessin de Cézanne”, por Adrien Chappuis.



Nesta exposição duas obras chamaram minha atenção não só pelo que elas são mas, também, pelo fato de serem minhas conhecidas e pelo reencontro que com elas tive do outro lado do mundo. “O negro Ciprião”, de c.1867, com 107x83cm, cuja foto é a primeira ilustrando o catálogo, e “Paul Alex lê um manuscrito a Zola”, de c.1870, ambas pertencentes ao Museu de Arte de São Paulo (MASP), idealizado por Assis Chateaubriand, empresário e jornalista, e Pietro Maria Bardi, jornalista e crítico de arte italiano residente no Brasil. Hoje sediado no monumental prédio da Avenida Paulista, obra da arquiteta Lina Bo Bardi, na década de 1950 o MASP ficava na Rua 7 de abril, no mesmo prédio do Diário de São Paulo, da cadeia dos Associados. Nas minhas idas ao jornal para entregar a matéria para a coluna Música, por mim assinada, visitava o museu e foi ali que, pela primeira vez, encontrei o negro Ciprião e surpreendi a Zola e seu visitante Paul Alex.



O catálogo informa ainda que, antes de chegar a São Paulo, “O negro Ciprião” pertenceu a Ambroise Vollard, Paris; Claude Monet, Giverny; Michel Monet, Giverny; Rosenberg & Co., Paris, London e Nova York; e que o encontro de Paul Alex e Zola foi de Emile Zola, Médan; M. Helen, Le Vésinet; Rosenberg & Co., Paris; e Windenstein & Co., Paris, London e Nova York.



  


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