Resposta para Patrícia Köhler.
Olá, Patrícia.
Em primeiro lugar, agradeço os seus elogios quanto ao meu poema "Fiat" e aos meus demais textos, "tão sensíveis e bem construídos", como você disse. Acho muito bom e gostoso receber essas opiniões, pois me ajudam a balizar o que escrevo e, acima de tudo, me incentivam muito! Por isso, muito obrigado mais uma vez!
Você me pede a minha opinião sobre os seus textos da Usina, e os dou com muito prazer.
Na sua crônica "O Poder de um avião de papel", você analisa, com muita propriedade, o atentado de 11 de setembro, e vai ao âmago da questão, com muita clareza, e afirma que "no 3o mundo todo dia é dia 11 de setembro." A sua analogia com o avião de papel é muito criativa. E você chega à pergunta crucial:
"Quem sabe depois dos atentados, os EUA reflitam sobre a condição violenta que eles mesmos criam todos os dias?" Eu também tinha essa esperança e escrevi um artigo que está na Usina sobre esse assunto. Mas, isso não parece ter acontecido, infelizmente, para o mundo. Bush já conseguiu a autorização dos deputados para o ataque ao Iraque, apesar de todos os aliados demonstrarem opinião contrária, exceto a Inglaterra, e, inclusive, de uma gigantesca manifestação no Central Park, com 40 mil pessoas, da qual participaram diversos atores e atrizes famosos.
Gostei muito, também, dos seus poemas, que apresentam um estilo bem característico, enxuto, comunicativo e agradável à leitura, e com muita verve e senso de humor.
Em "Sem rodeios", você desabafa, ao final: "Pode ser ou tá difícil?" Bravo!
Em "Poesia Insone", um enfoque da questão que "atormenta" a poeta, perder horas de sono, que "dá uma série de problemas", ou "vôo longe, vou profundo", e você mata a charada, "pois esclareço no escuro/ o que no claro me confundo".
O jogo de palavras e de sentido em "Emoção Represada", é um verdadeiro achado: "Amor no varejo/é meio arriscado/ Pois mesmo um cortejo/ é melhor no atacado", usando metáforas para "cortejo" e "atacado".
A constatação de "Língua Presa" não deixa margem à dúvidas: "o pior trava-língua/ é dizer "eu te amo".
Em "O amor nos tempos da @rroba", há um duplo sentido também em "mail", com "meio": "Sexo on line/ o pior mail/ de chegar ao .G" Uma beleza!
Uma dura constatação em "Tédio via satélite": TV de madrugada/ é uma coisa intragável/ Um canal vendendo fé/ outro fralda descartável/
E, mais a frente: "Mas para a grande maioria/ que só tem13 canais/ É melhor contar carneiros/ do que esses outros animais". (risos)
Essa síntese que você consegue em "Enclausurados", é fantástica, uma crítica ácida ao sistema, com uma leveza surpreendente: "Outro dia fui assaltada,/ pela quarta vez./ Entreguei tudo, sem reagir. E/ corri pro analista./ Afinal, vão-se os/ anéis e ficam os medos./
Já em "À nossa música", você presta um delicioso tributo: "Num domingo de manhã/ Ouvir o doce Djavan". E, ao final: "Desvendo o mundo em poucas horas/ com a nossa pródiga trilha sonora." Aí você faz uma analogia com o cinema, mesclando o clima sonoro com o visual.
Por falar em Djavan, abrindo um parêntese, quem interpreta o Djavan com uma categoria fora do comum é o trio Amaranto, composto pelas irmãs Flávia, Lúcia e Marina; o site delas é o www.amaranto.com.br
Bom, desejo tudo de bom para você também, sucesso também, e que você consiga publicar logo os livros que você tanto quer e vença como redatora.
Um forte abraço,
Abilio
Mensagem referente ao texto Fiat - Poesias.
Oi, Abílio
Nossa, você escreve bem à beça!! Meus mais sinceros parabéns...
Tenho alguns (pouquíssimos) poemas à disposição no usina. Tenho mais uns 40 para colocar lá, mas nosso tempo, que á coisa cada vez mais cara e escassa, ainda não me permitiu. Que vida mais louca, não?
Fico muito feliz e orgulhosa de ver tantos talentos pelo Brasil afora. Se você quiser ler estes meus poeminhas, procure por Patrícia Köhler. Olha, meu estilo é bem despojado e pueril, às vezes quase beira frivolidade. Mas estou longe de achar o que escrevo descartável. Se um dia dispuser de tempo, adoraria receber sua opinião. É sempre bom poder ouvir/ler comentários mais abalizados...
Tudo de bom pra você, e obrigada por nos presentear com textos tão sensíveis e bem construídos! Sucesso!
Um grande abraço,
Patrícia
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