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Ensaios-->PINGA -- 22/12/2002 - 23:06 (HM.Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tudo começou em um momento distinto, diferente. Tão diferente, era um caminho onde eu teimava em não passar. Intuição? Sexto sentido? – De pouco adiantou!

Verão, céu claro, o perfume das arvores floridas e não floridas, insistiam amorosamente em fazer-me companhia. Talvez, inebriando-me, fariam de minha vontade a sua. Pois ao sabor do vento, suas folhas balançavam dançando em um estranho xiquexique. Era uma das poucas vezes em que notei uma certa displicência, faltava um certo equilíbrio a natureza ali naquele momento. Os arbustos, juntamente com as flores rasteiras, iam com o mesmo vento numa dança diferente.

Os pássaros inquietos,Já não cantavam harmoniosamente, dava-me a impressão de trinados loucos, alguns realmente insanos. O Regato, antes viajava em seu leito sem muita pressa. Levava quem nele deitasse. Mas, havia uma brusca mudança. Estava imóvel. Pescadores ali próximos, pouco se davam ao que acontecia, teimavam na procura de melhor lugar para jogar o anzol, procuravam corredeira. E lá ela não estava. Parado. O rio parecia insatisfeito com tudo e ficara imóvel. Continuei minha caminhada na direção ao sol. Entre arvores frutíferas, goiabas e laranjas, deliciava-me com jabuticabas pelo caminho. Uma única coisa me animava a seguir. Um perfume diferente, doce; quase levantava-me do chão pelo nariz. Envolvido pelo estranho aroma, andava mais rápido, queria chegar de onde vinha tão doce perfume. Ao virar na primeira curva, logo abaixo do bambuzal, deitada na árida relva, sob repleta cajazeira estava Francisca. Pele negra, cabelos forçadamente lisos, corpo esbelto e um belíssimo sorriso, formavam um belo conjunto. Ancas largas me lembravam Nice, égua manga larga. Solta no pasto deixava inquietos, Azeitona e Pudim, animais da mesma raça, que vez por outra se revezavam em afoitos carinhos em Nice. Tanto que grande dificuldade se teve para saber a paternidade de Justo, potro saliente. Eu, da mesma cor que Francisca, porem suado, com os pés vermelhos, tanta terra vermelha neste caminho. A sandália havaiana soltava a tira e quando isso acontecia, pisava no chão e aí sim, justificava o vermelho do pés.
Aproximei-me de Chiquinha, ela com os olhos me fez assentar o cansaço nas costas e me coloquei ao seu lado. Pouco falou. Olhando ela para dentro da mata, vez por outra, ensaiava um carinho em minhas mãos. Vestido azul, o cinto, colocado ao lado do corpo, pouco fazia diferença. Sem o cinto, nossas caricias ficaram mais fáceis. Em derradeiro momento, que mais me pareceu aflição, Chiquinha, soltou-se da comedida timidez e, atou-se nos meus fortes grilhões de desejo. Amamo-nos como se naquele dia a floresta tivesse virado os olhos em outra direção. Respeito puro. A natureza elegantemente virou-se em direção contraria, obrigando ainda que tudo a nossa volta nos acolhessem. Nos entregamos um ao outro, como o leite precisa do balde para ser carregado, como a banana se prende ao cacho. E se desprendida, deixa escorrer a nódoa. Entregue, os dois, odor forte, - às vezes penso que a natureza virou para outro lado com razão. Satisfeito com o que acontecia, quis mais.
Fiquei triste quando no
melhor de nosso encontro, quando já com a certeza de Chiquinha presa em minha vida.
Na certeza ainda da minha roupa lavada, comida na hora certa e, uma mulher para quando eu
quisesse deixar parte da semente existente em mim, nela depositada, eu a teria, aconteceu o pior.
Com os pés, agora molhados, na boca um gosto horrível de jatobá verde, acordei.
E como promessa é divida, pelo menos aqui em meu arraial, prometi e estou cumprindo, daquela,
pelo menos daquela, eu não bebo mais.
Assim paro de dormir(?) em qualquer lugar.
Chega de pinga.
E a Chiquinha nunca esteve lá.



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