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Artigos-->MARIALOGIA DA LIBERTAÇÃO -- 19/02/2002 - 01:30 (Wilson Coêlho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Há quem faça distinção entre a arte sacra e a arte profana, mas – aqui – referindo-nos ao pintor francês Gilbert Chaudanne, radicado em Vitória-ES, não existe espaço para as especulações que se aplicam à noção de finalidades e às causas finais. Se o expressionismo pode ser entendido como uma tendência a deformar ou a exagerar a realidade por meios que expressam o sentimento e a percepção de maneira intensa e direta, bem como, a manifestação artística em que o conteúdo emocional e as relações subjetivas sejam capazes de exercer forte domínio sobre o convencionalismo e a razão (sic), a pintura de Gilbert Chaudanne é a poesia que se dá no encontro da verdade e do belo, não como um resultado em si, mas numa relação fenomenológica, onde o sujeito e o objeto se determinam diante do outro. O conteúdo sagrado das Madonas Chaudanneanas se dá na medida em que o homem se desumaniza, ou seja, numa trajetória de profanação criadora o artista vomita – sem rodeios – aquilo que vem diretamente das tripas, como se fora a possibilidade de expressar o divino revelado no strip-tease da alma, ao sabor da música dançada nos olhos do próprio espectador e espectro ativo no olhar, traço a traço, cor a cor. D accord? Je ne suis pas! Tampouco se trata de uma leitura psicologizada e apressada da idéia de sublimação, mas – por detrás do véu da Madona-Mãe – surgem reivindicadoras Mírians, Anas, Glórias e Clarices, para não falar na Passagem de Marina e tantas outras Narias da Ave-Maria-das-Ruas, onde desfilam putas, santas e donzelas – ocidentais e orientais ou dos quatro-cantos-do-mundo. Todas elas estão em busca do crisol que é a tentação dos espíritos honestos. Mas a Madona chaudanneana tem muitas caras e muitas coroas e se apresenta, às vezes, disfarçada de Artaud, Jim Morrison, Camus, Rimbaud, Descartes, Pascal e tantos outros nascidos espirituais que também no desaconchego das estrebarias e rodeados de animais, não perderam as estribeiras, porque – se o tempo do divino passa pelo tempo dos humanos – o trânsito de um para o outro passa através da Mulher e do Homem, levando em conta que o divino está para além dos sexos e de outras qualificações entre o masculino-feminino que são modos de ser das humanas humanidades. Isto posto, o expressionismo de Gilbert Chaudanne é uma espécie de Marialogia da Libertação, onde o divino se liberta sem a mancha original que dramartiriza e aliena a existência. É dizer que a imediatez (sem mediação) da sacra-revelação na obra de Chaudanne possxui a carne humana através da Madona que – apesar de icônico poder – nunca aparece como a coisa-em-si, mas é um em-si-para-o-outro, para se dar e se entregar sem cair no puro discurso mitológico e, tampouco, se pretender a qualquer discurso. É a Madona que se faz forte justamente por ter abandonado todos os aparatos artificiais, as grandiloqüências, as exuberâncias, os luxos, mas – sim - forte pela sua pequenez rvelada na insignificância e concretizada na marginalidade – o logos dessa Maria que não é a mãe de Deus, mas que é a liberdade que vem por debaixo da história quase anônima da mulher do povo que descobre o nexo escondido por detrás da racionalidade idiotizada. Essa Madona não se resume na realização idealizada da mulher, pois ela brota do abismo de toda poesia humana, porque ela não vem para iludir, porém para desconcertar em sua apariçãoe presença silenciosas.

Nessa fé marial, a pintura de Gilbert Chaudanne traz até nós a transparência dessa Madona que é a Senhora de todos nós. Agora e na hora de nosso gozo... Amém!

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Wilson Coêlho é escritor, dramaturgo, encenador do Grupo Tarahumaras de Teatro de Vitória e membro do grupo de estudos filosóficos "Os Amigos da Razão Burra".







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