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Ensaios-->O Fim do Socialismo: Realidade ou Negação? -- 29/12/2002 - 11:40 (Vanessa Mazza Furquim) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

É necessário ter um certo bom senso antes de se arriscar a dizer com todas as letras que o socialismo acabou com a queda do Muro de Berlim, ou com o desfalecimento do sistema soviético. Se analisarmos os contextos históricos e observarmos os próprios acontecimentos de nossa atualidade, perceberemos que o sistema socialista não está assim “erradicado” do mundo, como muitos no Ocidente talvez gostariam.
Infelizmente muitos se esquecem de que hoje em dia o próprio sistema capitalista se tornou mais humano ao ser influenciado pela planificação da economia, herdada dos soviéticos, possibilitando um comércio mais controlado e uma sociedade mais igualitária e justa. Apesar disto não estar totalmente difundido no mundo subdesenvolvido, as melhoras na sociedade são visíveis e bem-vindas.
Com isto posto, podemos dizer que o que fracassou foi o modelo socialista difundido pela ex-URSS. Sabemos que, como diz o marxismo clássico, o comunismo só funcionaria em sociedades desenvolvidas e com um classe média bem assentada. No caso da Rússia, não havia grande industrialização - coisa que só veio a ocorrer depois da Revolução Socialista - e muito menos uma classe média. A Rússia era praticamente um país feudal nos anos pré-1917.
Lênin sabia que era necessário difundir a idéia socialista pelo mundo industrializado para que os operários se mobilizassem e fizessem sua própria revolução socialista. Só após isto seria possível instalar o comunismo na Rússia, pois não haveria pressões externas de países capitalistas a desestabilizar a ordem interna de seu governo. A morte do líder bolchevique, entretanto, fez cair por terra este projeto. Stálin, seu sucessor, preferiu organizar o sistema internamente para depois difundí-lo.
Apesar da onda revolucionária que varreu os países, tornando uma grande parcela socialista, muito destes governos se diluíram por questões políticas e econômicas e pelo combate acirrado dos países capitalista, inclusive, e principalmente, dos EUA.
O socialismo foi visto como um grande mal, um inimigo que deveria ser combatido a qualquer preço. Campanhas difamatórias corriam soltas, criando histórias absurdas e instando o povo contra os comunistas. Logicamente este tipo de atitude parecia correta, já que os partidários de Marx tinham a imagem de comedores de crianças, rebeldes, violentos, inconseqüentes e outros tantos adjetivos.
Muitos países se deixaram levar pelos discursos nacionalistas e anticomunistas que levaram a governos ditatoriais, como os casos da Alemanha, Itália e Brasil no período entreguerras.
E mesmo após a Segunda Grande Guerra, o medo do Ocidente em frente a socialização dos países não diminuiu. A Guerra Fria foi o maior exemplo do combate simulado entre duas grandes potências, EUA e URSS, que interviam em seus países satélites, puxando-os cada um para o seu lado. Cada vitória em seus “quintais”, era uma vitória do sistema que defendiam.
O fato é que no fim, o capitalismo dos EUA venceu sobre o socialismo da URSS. E não por mérito próprio, mas como vencedor apenas devido à desorganização, burocracia e corrupção dos soviéticos. Em outras palavras, se a URSS tivesse mantido seu governo sem máculas, estaria de pé até hoje, tal como Cuba que ainda sobrevive, mesmo sem a sua ajuda.
Os outros países que ainda se mantêm, mesmo com muitas dificuldades, devemos dizê-lo, estão a ponto de ruir a qualquer momento (veja o caso de Cuba: morto Fidel, morto o socialismo).Aquela superpotência que era o seu sustentáculo, ou sua opressora, em alguns casos, havia caído. Isto explica o porque de tantas repúblicas se tornarem independentes na última década, mudando drasticamente o nosso mapa mundial e criando diversos conflitos armados, como no caso da Bósnia e de Kossovo.
Porém, concretizando uma teoria do século passado, a China atravessou o segundo milênio como a única potência socialista (ou comunista) do planeta. E não dificilmente se tornará um país extremamente competitivo nos próximos anos, apesar da superpopulação, da miséria e do trabalho escravo pelo qual sua população passa.
Então pergunta-se por que o sistema da China funcionou e sobreviveu sem grandes crises durante todas estas décadas, tendo sido deixada livre, ou praticamente, para organizar seu sistema sem a intervenção de outros países. Basicamente, enquanto a URSS existia, esta desviava a atenção do bloco capitalista para si. Por isso, não é estranho notar que a existência da China seja uma temática corrente nos últimos anos, deixando preocupados aqueles que competem com ela comercialmente.
Outro fator importante para o sucesso de seu sistema foi a visão do socialismo como algo mais que um novo sistema econômico e sim como uma doutrina, onde o chefe supremo era Mao Tsé-Tung. Os chineses obedeciam aos seus preceitos impelidos por outros sentimentos do que aqueles manifestados em outros países socialistas.
O comunismo da China não seguia o Marxismo, muito menos Lênin. Depois de um tempo de colaboração, a China fechou as portas à URSS e manteve-se sozinha. Com certeza, os fatores peculiares ocorridos neste grande país, foram aqueles que determinaram o seu sucesso. Entretanto não podemos dizer que este tenha sido o caminho adequado, pregado pela teoria de Marx. Mas será que é possível alcançar o que ele previu?
A China é o único país a abrigar dois sistemas econômicos e consequentemente políticos e sociais, sem permitir que um destrua o outro. A China é o microcosmos do que foi a Guerra Fria.
Praticamente, enquanto na China estes dois sistemas antagônicos convivem sob o mesmo teto sem se ferirem, talvez até ajudando um ao outro, pelo bem em comum de sua nação; no resto do Ocidente, principalmente nos países de Primeiro Mundo, estes dois sistemas caminham juntos, mesclados um ao outro de maneira tão sutil que não são percebidos pelos observadores leigos, que só conseguem ver a imagem forte do capitalismo.
Portanto, frente a todas estas contestações, chega-se a conclusão de que o socialismo, tal como deveria ser, ou seja, baseado nas teorias de Marx, deixou de existir. Todos os modelos socialistas e comunistas espalhados pelo globo hoje não tem mais as características originais, sendo apenas adaptações, baseadas muitas vezes em outros conceitos e em governos já pré-existentes.
Talvez uma nova experiência socialista ocorra no futuro, novamente indo de acordo com a teoria. Entretanto, acreditamos que seja mais provável que o sistema capitalista continue a absorver o caráter de bem estar social, se tornando um modelo de economia, onde há produção, emprego, comércio e também securidade pública, auxílio social em todos os meios essenciais como alimentício, médico e escolar.
O que haverá então será uma fusão bem-sucedida de dois sistemas fortes, que deixarão de lutar entre si para se tornarem um só.

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