DE SAUDADES E SONHOS
Dei de sentir saudades.
Um pouquinho só,
Como há muito não acontecia.
Procuro dominá-las,
Sufocá-las dentro de uma caixa de metal,
Comprimi-las a base de remédios.
A persistência em refutá-las
Fará delas apenas mais um calo
Incrustado em minha alma.
Pensei esgotada minha cota de sonhos.
Não mais morrer, não mais dormir,
Não mais sonhar, que eu sei.
Dei de sonhar novamente.
Sinto-me inseguro.
Hábito não salutar.
Por todos os modos
Causa-me dissabor,
Uma certa vertigem,
Vontade de escrever uns versos,
Vontade de rever pessoas
E lugares,
Vontade de subir montes
E atravessar rios,
De ouvir histórias inusitadas,
De conversar a beira do fogão
Tomando café quente
Numa tarde de chuva
Enquanto a água cai espirrando nas poças.
Vontade de fazer barcos de papel,
Jogar bola de gude
E empinar papagaio.
De folhear livros antigos e novos
Carregados de histórias e personagens.
De compartilhar segredos,
E inventar histórias.
E de sonhar.
Sonhar muito.
Sem dormir...
Sem morrer...
BSB18022002
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