Tomei de empréstimo as últimas linhas de uma poesia do velho poeta itabirano Carlos Drummond (sempre ele!) para compor o título dessa minha crónica.
Chego à conclusão de que cada vez mais a vida pós-moderna, tecnológica, perde sua poesia natural, resumindo-se a um mero fato fisiológico. Isso é perceptível até nas mínimas e simplórias coisas, como vou demonstrar.
Nas rodas dos escarnecedores de bar acabou a discussão entre os fãs da Antarctica e da Brahma; as empresas se fundiram, as rivalidades se findaram e contudo as pessoas continuam se embriagando.
Os jogadores dos times de futebol trocam suas camisas suadas com o adversário após a partida e se abraçam, enquanto o torcedor discute e briga com o vizinho.
Nas festas são tocadas só músicas agitadas, os casais esqueceram o famoso "2 prá lá 2 prá cá". Acabou o romantismo!
As crianças trocaram a pipa , a bola de gude e o jogo de botão pela internet. Se bobear, conhecem os sistemas de computador mais que os técnicos da NASA.
Todo mundo já sabe que o Cid Moreira não apresenta mais o Jornal Nacional, já sabe quem matou a Odete Hoittman, que a tal da Mãe Dináh vai errar ( mais uma vez ) nas "previsões" para o próximo ano, que as praias estarão lotadas no verão e que a Rua 25 de Março em São Paulo será tomada pelos "marreteiros " no Natal. Até os truques e as mágicas fajutas já foram desvendadas pelo do Mister M .
Os partidos comunistas abandonaram o marxismo e as músicas do Caetano e do Chico perderam o encanto que tinham quando eram tocadas na ditadura militar. E o Geisel morreu; contra quem protestar agora?
Ninguém mais se lembra de recitar uma poesia a quem se ama numa noite de luar.
E nem poderia! Os espectadores poderosos e impotentes para reagir estão dentro de seus pijamas de bolinhas, sentados em suas poltronas, ignorando a existência de Deus e usando chinelo. Planejam visitas chatas aos parentes e preocupam-se somente com seus empreguinhos funcionais. Passam uma existência inteira como quem toma Aspirina com um gole de café ao assistir à "novelinha" das 8h.
E para terminar essa crónica com uma frase de efeito, remeto-me novamente à poesia e ao poeta mencionados no início dessa página:
-"Eta vida besta, meu Deus! "
* Essa crónica retrata a realidade burocrática e enfadonha em que, infelizmente, algumas pessoas encontram-se inseridas.
Mas de qualquer modo, está feito o convite para que as mesmas mudem seu comportamento e passem a enxergar a vida sob outro prisma com muita fé em Deus.
* Crónica que integra o próximo livro do jornalista, escritor e poeta, João Ribeiro Neto, intitulado "A Vida é Bela - Para Quem? "