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Ensaios-->CONGO: De quantos mortos a África ainda precisa? (2) -- 01/06/2003 - 01:35 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A guerra no Congo já custou a vida dois milhões de seres humanos pelo menos. Uma guerra tribal? Não – matéria-prima. Sobretudo para o oeste.

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Por Bartholomäus Grill
Trad.: ZPA
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Massacre e Canibalismo


O terror contra a população civil seria inimaginável, dizem os auxiliares dos programas humanitários de emergência, que, pondo em risco suas vidas, trabalham nas zonas de luta. O distrito de Ituri à beira do lago Albert, cenário das piores orgias assassinas desde o início da guerra, transformou-se num inferno.

Markus Sack, diretor de projetos da 'Welthungerhilfe', uma organização alemã de combate à fome no mundo, relata sobre milícias que invadiram o hospital de Bunia, capital de província, e abateram os doentes em seus leitos.

Nas ruas, cadáveres jaziam com os crânios arrebentados e as gargantas cortadas, tendo sido estraçalhadas as mãos das vítimas que sobreviveram. São freqüentes os estupros em massa, e fala-se até em excessos canibalísticos.

Em meio a essa barbárie, perdeu-se um punhado de capacetes azuis e observadores. Eles fazem parte da Missão Monuc das Nações Unidas e devem supervisionar o 'Processo de Paz' no Congo. Pois as tropas estrangeiras de ocupação partiram, oficialmente, depois de terem negociado, em Pretoria no ano passado, um Tratado de Paz definitivo com o governo Kabila e os rebeldes – um golpe diplomático do presidente sul-africano Thabo Mbeki.

Os Monuc, 5500 emissários da ONU numa área do tamanho da Europa ocidental – um empreendimento verdadeiramente de dar medo. No caso das atrocidades em Ituri, eles se viram transformados em espectadores tão desamparados que informantes chegam a traçar paralelos com Srebrenica, com o genocídio na Bósnia, que aconteceu sob os olhares dos capacetes azuis holandeses.

Em Bunia, 600 soldados da ONU, vindos do Uruguai, estão estacionados; não falam nem o suaili nem o francês, para nem mencionar os idiomas locais. Mesmo que quisessem intervir, não poderiam – falta-lhes profissionalismo e poder de ataque.

Os capacetes azuis no Congo são atores de uma mission impossible. E os acontecimentos ao redor devem lhes parecer exatamente como se propaga fora da África: uma guerra étnica arcaica, numa região do mundo desprovida de importância, tanto do ponto de vista geo-estratégico como do ponto de vista econômico.

Os da tribu Hema contra os da tribu Lendu, camponeses sedentários contra criadores de gado propagadores de hábitos nômades, Caim e Abel, a eterna luta pela terra, isso soa tão claramente bíblico, mas explica pouco. Sem dúvida, trata-se de pastagens e de terra arável, de poder por meio do 'saneamento étnico', esquecendo-se de bom grado, no caso, quão multifacetadamente misturados são os grupos populacionais.

Mas, como em toda parte no Congo, tem muito mais a ver com o que está por baixo da terra ou sob ela se supõe existente: incomensuráveis tesouros minerais. Petróleo, ouro e diamantes em quantidade, a mais rica concentração de cobalto do mundo e as maiores reservas de cobre do mais alto teor, além de prata, zinco, enxofre, cádmio, germânio, berílio, tungstênio, manganês, urânio e outras matérias-primas estratégicas.

[continua]

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