Salta aos olhos a experiência
da dificuldade das lutas da iniciativa.
Sonhos criativos tomaram forma
na existência
e apareceram à visão dos mortais.
Do nada singular algo nascia.
Era a vida eclodindo, feia ou bela,
sempre bela na oficina do criador.
Não rejeitada, a forma o criador
envolveu na simpatia de ente amado.
Agoniado estava meu espírito
no dia nublado, chuvoso e triste.
Desamado, desatendido,
não era visto nem sentido,
muito menos acariciado.
Quis tentar o amor
ainda uma vez criar ou recriar.
Julguei que em vão seria
outra razão de novo desalento.
Em mim fiquei.
A penumbra espessa
do espaço externo, chuvoso e triste
entrou mais em mim. Calei.
Calei a voz do amor
que outro amor teria.
O pássaro não pousa na agonia.
Em mim, pousou a morte do nada,
a tristeza do desamor.
Do nada, busquei o espírito
e nele arrumei alguma força.
Deixei o coração partido
e entrei no campo da razão
em busca da poesia.
Poeta,retornei ao coração
por outra via de lenitivo bálsamo.
Limpei as feridas, o sangue aflorou.
Brotou a idéia da criatura
que forma tomou no poema
que o desamor revelou
como sentido para o amor.
Mais uma vez amei
a criatura de meus sonhos.
(Belo Horizonte, em 12/01/91 - 10:00/11:00) |